Por Graziele Cestarolli Ortega
Nos últimos meses, a Inteligência Artificial (IA) tem ganhado os holofotes com o lançamento do ChatGPT, desenvolvido pela OpenAI. Desde então, a ferramenta tem se destacado e alcançado um elevado número de visitantes, tornando-se cada vez mais acessada pelos usuários. Segundo o Similarweb, site especializado em análises de tráfego, a solução atraiu mais de 1 bilhão de visitas em fevereiro de 2023, um aumento de 62,5% em relação aos 616 milhões de janeiro.
Com este avanço, a ferramenta vai transformando a rotina em diversos setores ao redor do mundo, inclusive no segmento de educação e, após a chegada do ChatGPT, a pergunta de ouro dos docentes tem sido “como saberei se o estudante escreveu mesmo ou copiou?”. A partir disto, faz-se necessário refletir e entender como esta novidade tem impactado o setor e as práticas pedagógicas.
A evolução tecnológica ao longo dos anos
Você já foi estudante e utilizava uma tecnologia em que era possível buscar qualquer informação e a mesma indicaria o que era e forneceria outros dados a respeito? Bastava saber como procurar e pronto, qualquer informação estava ali, na palma da mão! Agora, que tecnologia é essa que vem à sua mente logo de bate-pronto?
Pode ser que a resposta para a primeira pergunta seja o Google, a Internet, o antigo buscador “Cadê”, ou até mesmo, as enciclopédias impressas ou digitais em CD-room. O que importa neste quesito é: a resposta pronta para ser copiada existe há tempos. O que mudou são alguns pontos como a facilidade com que encontramos estes dados, a quantidade e a qualidade de informações fornecidas, a variedade de fontes e a velocidade com a qual chegamos à esta informação.
Neste sentido, a preocupação do docente não deve ser exatamente se o estudante copiou ou não, mas em como propor um trabalho, prática ou proposta em que ele compreenda, assimile e cruze informações, fazendo uso dos recursos que estão à disposição dele, com um propósito e cultivando competências mais alinhadas às exigências do século XXI. Como o escritor, jornalista e colunista britânico Miles Kington disse uma vez, “conhecimento é saber que um tomate é fruta. Sabedoria é saber que não se deve usar um tomate em uma salada de frutas”.
A partir disto, desenvolver habilidades e competências, ir além da informação, é compreender que se pode transformar o tomate em molho e saber em quais ocasiões e como utilizá-lo, que o tomate pode ser consumido cru, cozido, frito, assado e em diferentes preparos. Além disso, que o tomateiro precisa de uma certa condição climática para dar frutos e que há diversos tipos de tomate que podem ser cultivados em condições climáticas diferentes. Pode-se plantá-los, juntamente com diferentes outras coisas em um mesmo solo, para que uma colheita ajude a outra, seja na nutrição do solo ou na prevenção de pragas. Pode-se trabalhar economia familiar tendo como base o cultivo do tomate, ou realizar um projeto sobre alimentação saudável. O céu e o limite!
Mas será que o docente precisa ser detentor de todas estas informações? A resposta é: não! O professor deve ser capaz de adaptar-se, utilizando diferentes estratégias e metodologias de ensino para atender às distintas habilidades, estilos e objetivos de aprendizagem e necessidades dos estudantes. Ele deve ser um facilitador da aprendizagem, incentivando a participação ativa dos estudantes em atividades práticas, debates, projetos e outras ações que promovam o desenvolvimento de habilidades e competências. Desta forma, as novas tecnologias podem ajudar a desenvolver um estudante mais preparado para lidar com os desafios que o futuro trará.
Neste momento, o docente não deve assumir uma posição nem de “tecnofílico”, que é aquele que adere acriticamente à tecnologia, e nem de “tecnófobo”, que é o que tem aversão à tecnologia. Como disse Aristóteles, “a virtude consiste em saber encontrar o meio termo entre dois extremos”, ou seja, é necessário encontrar uma posição em que a tecnologia seja uma oportunidade.