Por Madalena Carvalho
Liderança será sempre um assunto importante nas organizações. Mesmo que as empresas desenvolvam seus líderes, é importante lembrar que a liderança é uma habilidade crítica. Isso porque precisamos contratar continuamente pessoas com pensamentos inovadores e capazes de motivar, inspirar e desenvolver outras pessoas para alcançarem seu potencial máximo e, em simultâneo, serem inconformadas com o “mais ou menos”. O compromisso dos líderes não deve ser somente com seu mundo particular, mas sim com o bem-estar dos outros e com o todo
Precisamos, ao contratar pessoas, que tenhamos um olhar para o futuro. O modelo de gestão de sucesso é aquele que almeja muito mais que habilidades técnico-comportamentais, mas que trabalhe para disseminar valores éticos, transparentes, autênticos e confiáveis.
Precisamos de pessoas transformacionais! Que, por consequência, passem a ser líderes transformacionais, servindo de modelo para sua equipe. Pessoas capazes de transformar o ambiente, propiciando mais engajamento e liberdade. Só assim teremos um lugar de trabalho positivo e colaborativo. Líderes impulsionadores exercendo seu poder de influência, confiança e exemplo.
Pessoas capazes de desafiar as palavras bonitas dos corredores de entrada, mas que, na prática, não é efetiva. Precisamos cada dia mais de líderes corajosos e audaciosos, sem perder a humildade. Líderes que mantenham suas portas abertas, de verdade, exercitando a escuta ativa, criando um espaço de trocas e aprendizado, de inclusão e diversidade.
Tudo isso nós sabemos, mas a jornada ainda é longa. Recentemente soube de uma mulher trans que foi “contratada” e logo após “descontratada”, por despreparo organizacional, por falta de conhecimento, por falta de sensibilidade, por discursos de inclusão nos papéis, no entanto, se revelou totalmente ao contrário. Empresas com visão obtusa.
Por mais que se fale em inclusão, em ambientes diversos, em desenvolvimento de pessoas, ainda é muito pouco. É preciso ampliar esses assuntos nos programas de desenvolvimento da liderança. Acredito, que o problema resida no entendimento da palavra “desenvolvimento”. Desenvolver é ir além de conceitos teóricos, é uma trajetória de longo prazo focada no despertar da consciência, na amplitude da mente.
É um assunto longo, amplo e de boas discussões, mas, em geral, e dentro desse contexto, o que esses líderes, precisam ter?
Eu diria que o menos é sempre mais, o arroz com feijão será sempre a base, não é preciso reinventar a roda para ser um líder que desenvolva e alcance resultados extraordinários. Bom senso não faz mal para ninguém. Talvez um pouco de reflexão em comportamentos e habilidades simples, que deveriam ser rotineiras, tais como:
Comunicação clara: A comunicação está presente o tempo todo em nossas vidas, no entanto, é um dos grandes problemas organizacionais. A comunicação precisa ser clara e efetiva; as empresas precisam ter canais abertos que funcionem, para que as pessoas tenham liberdade de expressão. É preciso que todos conheçam e entendam o que deles é esperado. Isso é simples, mas muitas empresas ainda não o fazem.
Reconhecimento: quantas pessoas você conhece que pediram demissão por que não foram reconhecidas? Liderança não pode ser uma posição burocrática de cumprimento de papéis. O desafio é não ter medo de reconhecer e lutar pela valorização do trabalho e dedicação dos colaboradores. É, também, estimular o crescimento e o desenvolvimento contínuos.
Engajamento: engajar, no meu ponto de vista, é uma daquelas palavras usadas continuamente, mas cujo significado é deturpado. Engajadas, são as pessoas que por livre e absoluta vontade abraçam um propósito. Empresas que não possuem um propósito claro e definido não terão pessoas engajadas. Pergunto: quanto as empresas ganhariam a mais se soubessem envolver suas equipes em processos decisórios? Quanto as empresas ganhariam a mais se as pessoas soubessem para onde estão caminhando?
Desenvolvimento pessoal: líderes transformacionais investem no desenvolvimento pessoal e profissional das pessoas. E que fique claro que não é cumprir uma agenda de treinamentos e cursos ou contabilizar horas de treinamento. Não! É incentivar a aprendizagem contínua e o crescimento, usando todos os recursos possíveis para formar um time de alto desempenho.
Visão compartilhada: e para que o item anterior faça sentido é preciso que o líder transmita uma imagem clara e inspiradora do futuro, compreendida e compartilhada por sua equipe e claro, pela própria Organização. É a ideia de que todos estão trabalhando em direção a um objetivo comum, motivados pelo propósito e pelo significado de suas ações. A visão compartilhada é uma força motivadora que une as pessoas e ajuda a alcançar resultados mais eficazes e sustentáveis.
Ser exemplo: líderes servem como modelo de comportamento! Seus comportamentos e palavras devem estar alinhados com suas ações diárias. Não estamos na era do “manda quem pode e obedece quem tem juízo”. Estamos em uma era transformacional das mais belas, temos em nossas mãos ferramentas tecnológicas incríveis e, ao mesmo tempo, está em nossas mãos a oportunidade de sermos melhores a cada dia, incentivando pessoas a fazerem o mesmo.
Quero encerrar com o meu conceito (revisto e atualizado) sobre Liderança, conceito esse que publiquei no meu livro eletrônico “Líderes 4.0”, e com uma pitada do pensamento de Carl Jung:
A liderança é o caminho do meio entre as habilidades natas e o desenvolvimento temporal, mas só acontece a partir do querer. Querer ser, em primeiro lugar, uma pessoa melhor. Se tornar uma pessoa melhor é um exercício diário, que envolve a autorreflexão e autoconhecimento. É questionar suas emoções, pensamentos e comportamentos que não agregam valor às relações.
Resumindo, desenvolva a empatia, tentando colocar-se no lugar dos outros e compreender seus pontos de vista, trabalhe na sua resiliência, aprendendo a lidar de forma positiva com desafios e adversidades. Como dito anteriormente, aprenda a ter uma escuta ativa e tenha clareza na sua comunicação. Busque avidamente o conhecimento. Tenha atitudes positivas e pratique a gratidão, enxergando o lado positivo das coisas e valorizando o que tem. Lembre-se que o crescimento pessoal é um processo contínuo, sendo preciso ter paciência e persistência para alcançar melhorias significativas.
Por fim, sem o desejo ardente de ser um líder inspirador, capaz de deixar um legado indelével, as condições anteriores não o tornarão um líder. Liderança é um processo apaixonante, de um lado pessoas comuns buscando atingir o seu melhor, de outro lado, alguém que decidiu ser e fazer a diferença nessa vida para que ao tocar a alma e coração de uma pessoa, possa obter resultados extraordinários e capaz de transformar as entropias empresariais.
Madalena de Carvalho
2023, Fev.