Valdecira Aparecida da Silva Moreira [[i]]
Cleonice Adriana Schmitz dos Santos [[ii]]
Valdicéia de Cássia da Silva Balbinot [[iii]]
Resumo: A Covid-19, nomenclatura da doença causada pelo SARS-CoV-2, popularmente conhecido como Coronavírus, provocou mudanças radicais na sociedade como um todo, mas especialmente na educação, nos anos de alfabetização. Este trabalho visa à busca por meio de pesquisa bibliográfica e de campo sobre os desafios e superações na área da educação provocadas por uma nova forma de fazer educação.
Palavras-chave: Educação; Alfabetização; Covid-19
Abstract: Covid-19, a disease nomenclature caused by SARS-CoV-2, popularly known as the Coronavirus, caused radical changes in society as a whole, but especially in education, in the years of literacy. This work aims to search through bibliographic and field research on the challenges and overcoming in the area of education caused by a new way of doing education.
Keywords: Education; Literacy; Covid-19
Introdução
As discussões ora apresentadas tem como objetivo, a reflexão do processo de alfabetização ocorrido no chão da escola em época de mudanças radicais na forma de fazer educação.
Para elucidação da problemática sobre a qualidade da educação tecnológica em período de pandemia, recorreu-se a pesquisa bibliográfica por meio de artigos publicados em revistas científicas e pesquisa de campo em uma escola de ensino infantil e fundamental anos iniciais. Por meio de entrevista com educadores e pais de alunos de alfabetização no mês de junho de 2020.
COVID-19
Logo no início de 2020, a Organização Mundial da Saúde notificou toda a população com por meio de decreto: pandemia por coronavírus. O vírus SARS-CoV-2 ou simplesmente COVID-19. Vírus com alto poder de transmissão e infecção em humanos. No Brasil, o primeiro caso foi datado de 23 de janeiro de 2020, Conforme informado pelo Ministério da Saúde.
Em Colorado do Oeste Rondônia a suspensão das aulas presenciais ocorreram em 17 de março de 2020. Diante do fato inusitado para a geração de profissionais da educação atual e sem alternativa de aulas presenciais, o ensino passou a ser de forma remota.
Pais e professores tiveram que ressignificar conceito de educação, o que antes era proibido ou não recomendado em muitas escolas no Brasil, em tempos de pandemia passou a ser instrumento de trabalho como, por exemplo, o uso do aparelho celular em especial o WhatsApp por crianças muito pequena. Veja Soares, Sousa,2020:
Apesar do cenário caótico que vivemos, seja pelos rastros da pandemia como pelo jogo de interesses na política brasileira, o momento tem sido de novas descobertas e possibilidades no campo educacional. Uma vez que o uso das tecnologias, principalmente, das TICs têm ocupado um lugar primordial na transmissão e aquisição de conhecimentos, assumindo o lugar do espaço físico, a sala de aula, ainda que tal condição seja temporária, permitindo a interação, troca de informações, construção de diálogos e o fortalecimento da educação. (SOARES, SOUSA,2020,p.10)
Educadores brasileiros tiveram que se adaptar a nova realidade em 2020, trocando seu lugar de trabalho, escola por sua residência, quadro por tecla, aprendendo e ensinando ao mesmo tempo. Tudo se tornou novidade, mas a vontade de acertar ganhou força, a pesquisa passou a ser fonte de planejamento e a educação mudou seu formato.
Em se tratando de turmas de alfabetização o ensino a distância era algo impensável para a maioria dos educadores, por entender que no processo de alfabetização a presença física do professor é algo fundamental e indispensável. Em tempos de pandemia passou a ser considerado normalidade.
Nesse sentido as aulas síncronas, por meio do Google Meet, em muitas escolas públicas e ou privadas no Brasil, tornaram-se alternativa de aula veja:
Um dos métodos bem aplicados à relação ensino-aprendizado tem sido a utilização de aulas síncronas, semelhantes a aulas a distância, entretanto, aulas ao vivo, em horário marcado com o professor (Kurilovas & Kubilinskiene, 2020).
Diante da nova realidade educacional, o Google Meet e o WhatsApp passaram a fazer parte da rotina dos professores e pais de alunos. Por serem ferramentas gratuitas e de fácil acesso.
Educação no chão da escola em tempos de pandemia do COVID 19
Diante da necessidade de respostas as inquietações que motivaram a presente pesquisa, se as ferramentas tecnológicas, aplicativos, plataformas digitais, estão de fato contribuindo para o processo de educação nas turmas de alfabetização em tempos de pandemia ou são apenas medidas paliativas? As pesquisadoras realizaram pesquisa de campo. Tendo como sujeito de pesquisa três professoras e duas mães de alunos de turmas de alfabetização em uma escola municipal em Colorado do Oeste Rondônia.
Após pedido de autorização e consentimento da Diretora da escola e explicação sobre os objetivos da pesquisa, mediante a agendamento iniciou-se as entrevistas. Utilizou-se, letras do alfabeto maiúsculas para preservar a identidade das professoras entrevistadas. Segue se abaixo o quadro com as respectivas respostas das professoras.
Quadro 1- Quais os recursos que você utiliza para as aulas remotas.
Entrevistada | Resposta |
Professora A | WhatsApp e apostilas |
Professora B | WhatsApp e aplicativos para edição de vídeos |
Professora C | WhatsApp, aplicativos para edição de vídeos e apostilas |
Fonte: Autoria das pesquisadoras.
Ao serem questionadas sobre a utilização do Google Meet, as docentes foram unânimes em ressaltar que estão utilizando nas formações continuadas para professores e reuniões de pais e com a equipe gestora e pedagógica.
Durante a entrevista foi lhes perguntado sobre a eficiência e eficaz das aulas remotas, as professoras responderam que compreendem que o momento exige que as aulas sejam assim. No entanto elas não substituem a interação, a presença física do docente, os pais fazem o que podem, no entanto eles não são pedagogos, não estão preparados para essa função. Defendem que o ano letivo não termine enquanto não voltar às aulas presenciais pelo bem da qualidade da educação.
Nesse ínterim veja:
A Educação a distância (EaD) não pode ser a única solução, esta metodologia tende a exacerbar as desigualdades já existentes, que são parcialmente niveladas nos ambientes escolares, simplesmente, porque nem todos possuem o equipamento necessário. Se a meta for investir apenas em ferramentas digitais, certamente, contribuiremos para uma piora na aprendizagem dos alunos a curto e a médio prazos (SOUZA; FRANCO; COSTA, 2016).
A grande preocupação das docentes entrevistadas é justamente com a desigualdade de oportunidade que o momento de distanciamento social poderá provocar, pois há uma heterogeneidade de condições e acesso ao conhecimento gigantesco entre as famílias da mesma escola.
Na entrevista com as mães, elas afirmaram que apesar da compreensão e parceria entre escola e família, ensinar os filhos é tarefa árdua, que elas não estão preparadas. Por diversas vezes perderam a paciência e que é muito difícil trabalhar o dia inteiro, chegar ao lar com toda a tarefa doméstica e ainda ter ensinar conteúdo escolar não é tarefa simples não, exige muito esforço mental para conseguir conciliar.
Há ainda outros obstáculos graves, especialmente para alunos e professores mais empobrecidos, muitos deles localizados na periferia das grandes cidades ou na zona rural. Faltam computadores, aparelhos de telefonia móvel, software e Internet de boa qualidade, recursos imprescindíveis para um EaD que resulte em aprendizagem. (PINTO, DIAS, 2020, p.2)
As mães relataram que junto escola e família estão buscando alternativas que entre elas a construção de apostilas e utilização dos livros didáticos facilitou a vida de quem tem três ou quatro filhos em idade escolar e um único aparelho celular para realização das atividades. Veja o que defendem Pinto, Dias, 2020
Algumas famílias podem ajudar seus filhos a aprender mais do que outras. Fator como a quantidade de tempo disponível para se dedicar aos estudos dos filhos, auxiliando-os com as aulas online – muitos pais estão em home office cumprindo horário laboral integral e outros tantos precisam trabalhar externamente para garantir a renda mensal –; as habilidades não cognitivas dos genitores; a possibilidade de acessar o material online; a quantidade de conhecimento inato dos pais (PINTO, DIAS, 2020, p.3).
A parceria família e escola levando em consideração os argumentos apresentados pelos autores op. cit faz se extremamente necessária, o diálogo, a compreensão mutua, e até mesmo os grupos de WhatsApp amenizam estas desigualdades contribuindo para a melhoria da qualidade da educação.
Outro exemplo citado pelas mães, que tornou possível o trabalho pedagógico em casa, foi o envio de kit com material didático e pedagógico para a realização das tarefas e vídeos direcionados aos pais explicando como auxiliar os filhos em tempo de pandemia, passo a passo na realização das atividades solicitadas.
As mães ressaltaram que estão em constante contato com as professoras fato que auxilia e muito diante das dúvidas e inquietações no ato de alfabetizar.
Considerações finais
A análise das pesquisas bibliográficas e entrevistas realizadas pelas pesquisadoras nos meses de junho e julho de 2020, levaram a conclusão de que educadores e educandos estão se adaptando a nova realidade, no entanto aos poucos estão transpondo barreiras que outrora pareciam desafios gigantes.
Ressalta-se, que manter a linha de comunicação aberta entre escola e comunidade é fundamental para alcançar uma educação de qualidade. Antes do envio de atividades escolar o professor precisa conhecer a realidade dos educandos, é fundamental considerar as mídias, tecnologias, formas de acesso, familiaridade com o “ciberespaço” recursos materiais e tempo disponível dos pais para auxilio nas atividades escolares dos filhos.
A presente pesquisa aponta como caminho para a qualidade educacional o diálogo, parceria, cumplicidade, o colocar-se no lugar do outro e que a alfabetização online, somente acontecerá se houver de fato parceria entre escola e família.
Referências Bibliográficas
PINTO, Fátima Cunha Ferreira, DIAS Érika, A Educação e a Covid-19, Ensaio: aval. pol. públ. Educ., Rio de Janeiro, v.28, n.108, p. 545-554, jul./set. 2020
SOARES, Lucas de Vasconcelos , SOUSA, Maria Lília Imbiriba – EDUCAÇÃO E TECNOLOGIAS EM TEMPOS DE PANDEMIA NO BRASIL, Revista Debates em educação- Maceió 2020
SOUZA, S.; FRANCO, V. S.; COSTA, M. L. F. Educação a distância na ótica discente. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 42, n. 1, p. 99-114, jan./mar. 2016. https://doi.org/10.1590/s1517– 9702201603133875
Velavan, T. P., & Meyer, C. G. (2020). The COVID-19 epidemic. Tropical Medicine & International Health, 25(3), 278–280. https://doi.org/10.1111/tmi.13383
https://catracalivre.com.br/saude-bem-estar/1o-caso-de-coronavirus-no-brasil-foi-registrado-em-janeiro-diz-governo/. Acessado em 04 de agosto 2020.
[[i]] Pedagoga, especialista em gestão escolar, Inclusão na EJA, Mídias na Educação, Mestra em Ciências da Educação/UDS; Professora Nível III SEDUC/RO. valdeciracolorado@hotmail.com
[[ii]], Mestre em Ciências da Educação/UDS, Licenciatura Plena em Letras; Professora Nível III/SEDUC/RO, Especialista em Gestão Escolar, psicopedagogia, Inclusão na EJA cleomestranda@gmail.com
[[iii]]Mestre em Ciências da Educação (UDS), Professora na Rede Municipal de Ensino, Pedagoga, Especialista em Mídias na Educação; Gestão Escolar, valdiceia_balbinot@hotmail.com