Quem não viveu na década de 50 talvez não possa avaliar como o Brasil era pobre, bem longe do consumismo de hoje.
Classe média não existia e as pessoas eram simplesmente divididas em poderosos proprietários rurais e os pobres.
Deslocávamos de uma cidade para outra em prosaicas Maria Fumaças, as mulheres com redinhas na cabeça e os homens de guarda pó para evitar a fuligem das fagulhas.
Dois tios meus, o João Pádua e o Renato Coimbra, eram bem de vida como se dizia e proprietários de carros importados. Pretos. É claro.
Mas quando passávamos pela Praça Sete em Belo Horizonte, mamãe fazia questão de comprar um ou dois bilhetes da rifa de deslumbrantes e coloridos Cadillacs que nunca eram sorteados, evidentemente.
O conceito de sorte, faz parte da vida dos menos favorecidos através de amuletos, como ferraduras de cavalo, trevos de quatro folhas, e confundi-se muitas vezes com forças sobrenaturais. As pessoas já nasceriam com boa ou má sorte.
Nesta época o rádio era o sucesso do momento para todos e o teatro rebolado. o “hit” dos políticos e eninheirados do Rio de Janeiro, Capital da República.
Foi quando surgiu uma revista que se definia pelo próprio título: Escândalo.
Dirigida por Freddy Daltro, pseudônimo do jornalista Nilson Risardi, sua especialidade era as matérias sensacionalistas sobre os artistas.
Então, no dia 17 de junho de 1952, soube-se que Freddy Daltro fora seqüestrado e torturado, só não morrendo por circunstâncias próprias da vida, depois de ser espancado e enterrado na areia da praia..