Patronesse da 7ª turma de gestores ambientais da ESALQ, a ex-ministra Marina Silva falou sobre a importância deste profissional
Na última sexta-feira, 20/01, a ex-ministra Marina Silva foi a patronesse da 7ª Turma de bacharelandos em Gestão Ambiental, da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ). Após16 anos ocupando uma vaga no Senado e outros cinco como ministra do Meio Ambiente no governo Lula, atualmente Marina Silva comanda o instituto que leva seu nome e desenvolve ações de educação e mobilização para a sustentabilidade. Em entrevista, falou sobre o papel do gestor ambiental, os desafios da profissão e a necessidade de solucionar, de forma transversal, problemas ligados à temática ambiental.
No Brasil existem apenas 12 bacharelados em Gestão Ambiental. Fale da importância do gestor inserido nas questões de ambiente.
Marina Silva: Nós vivemos em um mundo que cada vez mais cria problemas complexos e que exigem uma abordagem completamente nova para resolver essas questões. Uma das mudanças é a visão integrada para a resolução dos problemas, envolvendo varias áreas de conhecimento, transformando as informações em conhecimento e, de preferência, o conhecimento em sabedoria. O gestor ambiental tem a capacidade de desenvolver uma ação transversal, operando desde uma visão de administração até o uso sustentável dos recursos naturais e faz com que essa visão integrada, observando a capacidade de suporte dos ecossistemas, contribua efetivamente para a criação de um novo modelo de desenvolvimento. Por isso entendo a sustentabilidade não como uma forma de fazer as coisas, mas como uma forma de ser, uma visão de mundo, um ideal de vida que se traduz na economia, na cultura, na ciência, na tecnologia, na relação dos homens entre si e com a natureza. Isso é a sustentabilidade que o gestor ambiental pode ajudar a construir.
Então o gestor entra como uma mão de obra qualificada que pensa nos rumos ambientais, além dos aspectos técnicos?
MS: Sim, além dos aspectos técnicos com uma visão integrada desses problemas, compreendendo que o desenvolvimento sustentável não é apenas uma questão técnica, mas também de natureza ética, ou seja, como nós desenvolvemos hoje a capacidade e suporte dos ecossistemas, atendendo às necessidades reais das gerações presentes, sem comprometer o futuro atendimento da população.
Quais os desafios que esses formandos em Gestão Ambiental irão encontrar?
MS: O maior desafio é o da mudança de modelo de desenvolvimento. Como sair do atual modelo predatório e insustentável para uma nova ordem, sustentável em todas as dimensões. Por isso precisam integrar os conhecimentos e em nível econômico, social, ambiental, cultural, ético e político. O gestor ambiental tem que ter uma visão transversal dos problemas, abordar as soluções de forma integrada, aliando o saber técnico e científico aos conhecimentos associados oriundos das comunidades tradicionais e, nesse diálogo de saberes, como diz o professor Edgar Morin, estabelecer novos paradigmas para os modelos de desenvolvimento em todos os setores.
Inclusive o saber político?
MS: As dimensões política e ética talvez sejam as mais importantes para o encaminhamento das demais dimensões. O gestor ambiental precisa manejar todas essas ferramentas.
Para onde vai a Marina Silva nos rumos da política nacional?
MS: Eu estou dando a minha colaboração como cidadã, partricipando do processo de discussão e espero que a questão da sustentabilidade continue sendo uma questão relevante para o Brasil e para o mundo.
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