INSPIRADO NO ESCRITOR FRANCÊS EMILE ZOLA
Interessei-me em saber mais sobre Émile Zola, depois de assistir um seriado do Netflix intitulado “The Paradise”. Fiquei maravilhada com esse trabalho tão bem-feito do Reino Unido, criado por Bill Gallagher e dirigido por Kat Law, no qual demonstra o que é realmente a arte cinematográfica.
A obra inspirou-se em “ Au Bonheur dês Dames” (O Paraíso das Damas), uma das inúmeras novelas de Emile Zola, consagrado escritor francês, e um dos representantes mais proeminentes do “Naturalismo”.
The Paradise conta a história de Denise Lovett, interpretada pela atriz Joanna Vanderhams e John Moray, interpretado pelo ator Emun Elliot.
Ela, uma jovem simples que vem da pequena cidade onde morava em busca de um emprego no modesto estabelecimento comercial do seu tio, que era alfaiate. Este porém estava praticamente falido, assim como outros pequenos comerciantes da rua. Isto, depois que o The Paradise, uma grande loja de departamentos, se estabelecera no local.
Ele, um jovem ambicioso e inteligente; e, quem gerenciava o grande comércio, só pensava em trabalhar arduamente para progredir e ter sucesso profissional. As mulheres sentiam-se imediatamente atraídas por ele, mas ele só pensava em trabalho, enquanto procurava superar a perda da esposa que perdera misteriosamente.
Denise não tem outra alternativa senão a de trabalhar para o forte rival do seu tio, se quisesse ter o emprego que tanto precisava para sobreviver.
Surpreendentemente, Denise começa a demonstrar uma grande habilidade para o comércio o que ajuda a loja a progredir. Fato incomum, numa época em que as mulheres eram pouco valorizadas pela sua inteligência e capacidade empreendedora. Morey encanta-se com ela, e vê em Denise uma grande aliada para ser profissionalmente bem-sucedido.
Entretanto ele precisava de ajuda financeira, e só um banqueiro rico, pai de Katherine Glendenning, uma de suas admiradoras, poderia lhe emprestar o dinheiro que precisava.
A atuação da atriz Elaine Cassid, que interpreta Katherine, é magnífica e empresta ainda mais riqueza à produção artística.
Morey, porém, é um homem íntegro e não quer se aproveitar dos sentimentos da moça para obter o empréstimo que necessita.
O escritor francês, Emile Zola, é assim. Ele usa a literatura para influir a sociedade em que vive a ter um comportamento ético e digno. Foi este um dos motivos que despertou a minha curiosidade em conhecer mais sobre a vida e obra de Zola e sobre o Naturalismo, escola a qual ele pertenceu.
Naturalismo é uma Escola Literária que se opôs ao Realismo, tendo como base para escrever a observação fiel da realidade e própria experiência de vida.
Para se ter uma ideia da dedicação de Zolá a esta Escola, (segundo pesquisa) para compor o “Germinal”, considerada sua obra máxima, Zola juntou-se aos mineiros e passou dois meses trabalhando nas minas, junto com eles. Passou as mesmas dificuldades que eles e sentiu na própria pele o mesmo sofrimento. Comeu e bebeu nas mesmas tavernas frequentadas por eles. Experimentou o mesmo trabalho sacrificado, a dificuldade em empurrar uma caçamba cheia de carvão. Viu a pobreza de suas moradias, o salário minguado e como passavam fome. Duras experiências que transcreveu com veracidade e riqueza de detalhes, em sua obra.
Zola achava que o ser humano é influenciado pelo ambiente em que vive e pela hereditariedade. O que seria uma ideia similar ao pensamento teórico evolucionista de Charles Darwin, que constituiu uma das bases da Ciência moderna e reflexão filosófica.
Na juventude, Zola passou por dificuldades financeiras junto com sua mãe, depois da morte do seu pai. Trabalhou como balconista em uma empresa de transporte e tornou-se escritor depois que passou a trabalhar numa editora (Hachette).
Nos vários artigos que escreveu para revistas literárias e jornais, ele não escondia sua antipatia por Napoleão III.
A obra do escritor é vasta, mas seu fascínio pela justiça e e pela verdade ficou profundamente marcado pelo famoso artigo que escreveu “J’ accuse”, quando arriscou sua carreira.
O artigo foi publicado na primeira página do jornal parisiense L’Aurore, no qual ele defendia o capitão Alfred Dreyfus, um oficial de artilharia, judeu francês, do Exército francês e que fora condenado injustamente por traição.
Por causa deste artigo Zola foi condenado à prisão por um ano, além de ter que pagar uma multa vultosa, por difamação. Para fugir da prisão Zola refugiou-se na Inglaterra, onde morou por volta de um ano. Até que foi autorizado a voltar para a França, onde morreu em circunstâncias misteriosas em 1902, aos 62 anos de idade.
Foi quando Zola e sua esposa foram envenenados por inalação de uma quantidade letal de monóxido de carbono, proveniente de uma chaminé, no seu apartamento na Rue Bruxelles. O mistério que envolveu sua morte nunca foi desvendado.
Em 1906 Dreyfus foi posto em liberdade e reabilitado, graças aos argumentos apresentados no polêmico artigo escrito por Émile Zola.
Em 1937, “The Life of Emile Zola”, ganhou o Oscar de melhor filme.