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O uso de redes inteligentes e sua importância no processo de eletrificação rural

O uso de redes inteligentes e sua importância no processo de eletrificação rural

Maycon Rodrigo Figueiredo Rodrigues*

Patrícia Ribeiro Rhoden Barcellos[*]*

 

Resumo: O avanço tecnológico tem acompanhado os sistemas de distribuição de energia elétrica, tanto em áreas urbanas quanto rurais. A população residente em áreas rurais precisa de energia elétrica estável e de qualidade para que possa desenvolver atividades de trabalho e de lazer. A adoção das redes inteligentes pelas concessionárias de distribuição de energia tem possibilitado o fornecimento de energia elétrica estável aos residentes em áreas rurais. Neste sentido, o objetivo deste artigo é apresentar o avanço do processo de eletrificação rural no Brasil evidenciando a importância da adoção de redes inteligentes, ou seja, as Smart Grids.

Palavras-chave: Redes inteligentes, Eletrificação rural, Distribuição de energia, Energia Elétrica.

 

Abstract: Technological advancement has accompanied the electrical power distribution systems in both urban and rural areas. The population residing in rural areas needs stable and quality electricity so that it can develop work and leisure activities. The adoption of smart grids by energy distribution concessionaires has made it possible to provide stable electricity to residents in rural areas. In this sense, the objective of this article is to present the advance of the process of rural electrification in Brazil evidencing the importance of the adoption of smart grids, that is, Smart Grids.

Keywords: Smart Grids, Rural electrification, Energy distribution, Electricity.

 

Introdução

 

Devido às novas dinâmicas inseridas na zona rural, a população do campo acabou aderindo às tecnologias o que construiu uma ligação de confiabilidade e comodidade ao longo do tempo (CRUZ, ARAÚJO e COSTA, 2015).

Segundo Silva, Munhoz e Correia (2002) o acesso à energia elétrica em pontos isolados da zona rural brasileira é desejo de muitos proprietários. Neste sentido, o proprietário deve receber energia com qualidade para que suas necessidades sejam adequadamente supridas. Além disso, esta energia deve ser utilizada de modo eficiente por meio de instalações elétricas seguras que façam com que as atividades rurais avancem tecnologicamente.

Com o avanço das tecnologias o uso da Smart Grid no Sistema de Energia Elétrica faz-se necessário. Sendo assim, pesquisas nesta temática tornam-se importantes para o desenvolvimento da Smart Grid no Sistema Elétrico Brasileiro e Mundial, pois esta possibilita o melhor desempenho quanto à geração, distribuição e o uso da energia elétrica.

Sendo assim, o objetivo deste artigo é apresentar o avanço do processo de eletrificação rural no Brasil evidenciando a importância da adoção de redes inteligentes, ou seja, as Smart Grids.

 

Eletrificação da área rural

Segundo Ponte (2004), para se entender o conceito de área rural é necessária uma análise histórica que enfoque as diferentes realidades. Em cada momento histórico o rural apresenta diferentes conceituações, pois há várias realidades rurais, que além de dependerem das transformações globais, dependem de fatores locais, obrigando estas áreas a se adaptares a determinados fatores para persistirem.

Com o surgimento de novas tecnologias no meio rural mudanças e adaptações acabam sendo necessárias. Segundo Machado e Nantes (2008) estas tecnologias são conhecidas na área rural como agroinformática, compreendendo variedade de sistemas, programas computacionais e portais da Internet. Na pecuária, por exemplo, as tecnologias adotadas são a utilização de dispositivos eletrônicos para armazenamento de informações sobre condições sanitárias, nutricionais e genéticas (MACHADO, 2002), canais televisivos e telecomunicações fixa e móvel.

Para que estas tecnologias possam ser utilizadas na área rural é imprescindível a existência de redes de transmissão de energia elétrica que forneçam energia estável e de qualidade. Neste sentido, Silva, Munhoz e Correia (2002, p. 3-4) afirmam que:

Como o consumidor rural fica a uma grande distância da subestação de distribuição a chance de ocorrer sobretensão, subtensão ou ainda fortes oscilações de tensão são maiores do que o consumidor urbano. Além disso, o nível de tensão é um dos critérios técnicos para aprovação ou não de novos projetos.

Além do uso da eletricidade em tecnologias empregadas na área rural, o acesso à energia elétrica traz outros benefícios de fundamental importância. Cardoso, Oliveira e Silva (2013) ao estudarem a eletrificação rural na região do Felicíssimo, localizado no Estado do Tocantins, concluíram que houve a satisfação de necessidades básicas da população. Após o acesso à energia elétrica houve a melhoria na conservação de alimentos afetando positivamente a saúde familiar. Devido à alimentos frescos, o preparo se tornou mais higiênico e conservou por mais tempo as vitaminas e proteínas dos mesmos. Além disso:

O serviço doméstico, que era realizado o mais rápido possível para aproveitar a iluminação solar, agora pode ser feito com mais calma, evitando assim acidentes e a sobrecarga de atividades do lar. O cansaço mental por viver isolado, sem qualquer notícia externa ou entretenimento, é atenuado pelos aparelhos eletrônicos. Estes fatores aumentaram a qualidade de vida de população do Felicíssimo (CARDOSO, OLIVEIRA e SILVA, 2013, p. 135).

Por meio da criação de Programas, o Governo Federal, a partir da década de 1990, incentivou à eletrificação da área rural. O Decreto de 27 de dezembro de 1994 (BRASIL, 1994) determinou a criação do PRODEEM, cujos objetivos eram viabilizar a instalação de microssistemas energéticos de produção e uso locais em comunidades não servidas por rede elétrica; aproveitar as fontes de energia descentralizadas no suprimento de energéticos aos pequenos produtores e populações isoladas; complementar a oferta de energia dos sistemas convencionais com a utilização de fontes de energia renováveis; e promover a capacitação de recursos humanos e o desenvolvimento da tecnologia e da indústria nacionais.

Em 1999, por meio do Decreto de 02 de dezembro (BRASIL, 1999) o Governo Federal lançou o Programa Nacional de Eletrificação Rural “Luz no Campo”, cujo objetivo era suprir com energia elétrica as áreas rurais ainda não atendidas, melhorando as condições socioeconômicas de áreas distantes. Este programa foi implementado em articulação com os demais programas e ações governamentais, especialmente ao PRODEEM e o PROCEL (BRASIL, 1991).

No ano de 2011, foi instituído o Programa Nacional de Universalização do Acesso e Uso da Energia Elétrica “Luz para todos” para o período de 2011 a 2014, por meio do Decreto nº 7.520 de 8 de julho (BRASIL, 2011). Este programa visava propiciar o atendimento em energia elétrica à parcela da população da área rural que ainda não tinha acesso à energia elétrica. Neste sentido, os beneficiários do programa foram pessoas domiciliadas em assentamentos rurais, comunidades indígenas, quilombolas e as localizadas em reservas extrativistas, além de escolas, postos de saúde e poços de água comunitários. O Programa “Luz para todos” foi prorrogado até o ano de 2018 por meio do Decreto nº 8.387 de 30 de dezembro de 2014.

Para que a população residente na área rural tenha energia elétrica de qualidade e estável há a necessidade de equipes de manutenção, medição e inspeção. Estes serviços são dificultados pelas distâncias, má qualidade das estradas e distribuição dispersa dos consumidores (RIBEIRO e SANTOS, 1994).

Segundo Maciel e Pina (2015) para que um sistema elétrico seja eficiente é necessária à automatização do processo por meio da Smart Grid. Em áreas rurais esta tecnologia possibilita a integração de cada aspecto do sistema da rede de energia elétrica, monitorando cada etapa do processo de geração, transmissão e consumo. Além disso, existe a possibilidade de monitoramento remoto das condições do sistema, diminuindo os gastos com equipes em campo e estabilizando o fornecimento de energia elétrica em áreas rurais.

Segundo Toledo, Gouvêa e Riella (2012) o conceito de Smart Grid depende de quem a define. Os autores afirmam que Smart Grid é uma visão que deve ser construída conforme as necessidades do mercado onde será implementada, considerando as questões tecnológicas, ambientais, socioeconômicas e político-regulatórias.

O conceito de Smart Grid foi criado por Amin e Wollenberg em 2005 e apresenta uma mudança no paradigma do setor elétrico. A ideia surgiu com a necessidade de tornar o sistema de entrega de energia mais interativo de forma diferenciada dependendo de cada região ou país (RIVERA, ESPOSITO e TEIXEIRA, 2013).

A Smart Grid tem se tornado realidade internacionalmente devido às maiores oportunidades de benefícios gerados para a população e às empresas relacionadas ao setor elétrico. Para Falcão (2010), os Sistemas de Energia Elétrica passam por grandes transformações quanto à modernização das tecnologias de transmissão, distribuição e uso final da energia elétrica.

 

Considerações Finais

Conforme as normas da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) as concessionárias detentoras dos direitos de distribuição de energia elétrica devem seguir padrões de qualidade em seus serviços ofertados ao consumidor, sobretudo na área rural em decorrência dos programas federais. De encontro às essas necessidades, vêm as tecnologias, que possibilitam a estabilidade no fornecimento de energia elétrica, sendo as chamadas Smart Grid.

Referências

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*Engenheiro Eletricista pelas Faculdades Ponta Grossa. E-mail: mayconmrfr@yahoo.com.br

**Mestre em Engenharia Elétrica pela Universidade de Brasília e Docente do curso de Engenharia Elétrica das Faculdades Ponta Grossa. E-mail: patrhoden@gmail.com

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