Educação Educação

Educação escolar e avaliação

EDUCAÇÃO ESCOLAR E AVALIAÇÃO
SCHOOL EDUCATION AND EVALUATION

Silvia de Siqueira

 

Silvia de Siqueira Acadêmica do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas, Instituto de Educação, Ciência e Tecnologia Federal Farroupilha Campus Júlio de Castilhos. E-mail: silviadsiqueira@gmail.com

Nos constituímos professores na prática, desde o primeiro momento como aluno, em um processo contínuo. A avaliação inerente ao processo de formação do acadêmico, aliado a necessidade de mudanças de paradigmas relacionados, faz repensá-la como algo fundamental numa perspectiva que considere o aluno um sujeito ativo na elaboração do seu conhecimento e aprendizagem. Assim, seus reais objetivos no processo de aprendizagem, deixam de ter a característica classificatória, excludente e punitiva, sendo este um processo complexo e multidirecional, por envolver o coletivo humano em toda sua individualidade.
Palavras-chave: Avaliação, Aprendizagem, Aluno, Professor.

ABSTRACT
We become teachers in practice, from the first moment as a student, in an ongoing process. The evaluation inherent to the process of academic formation, together with the need for changes in related paradigms, makes it rethink as fundamental in a perspective that considers the student an active subject in the elaboration of his knowledge and learning. Thus, their real objectives in the learning process no longer have the classificatory, exclusive and punitive characteristic, being this a complex and multidirectional process, since it involves the human collective in all its individuality.
Keywords: Evaluation, Learning, Student, Teacher.

Introdução

Refletir sobre a educação escolar requer entender que ela não é, ou não deve ser, um ato voltado no processo de ensino aprendizagem, mas sim parte de um processo dinâmico e contínuo com finalidade de promover a triangulação ação-reflexão-ação.
De acordo com Hoffmann (2010, p.10) “a avaliação é substancialmente reflexão, capacidade única e exclusiva do ser humano, de pensar sobre seus atos, de analisá-los, julgá-los, interagindo com o mundo e com outros seres influindo e sofrendo influências pelo seu pensar e agir”.
Tendo em vista o pensamento de Hoffmann (2010, p. 11), “As inquietações em torno da avaliação educacional amplia-se a medida que se apontam novos rumos para a educação”. O ato de planejar é prestar atenção no aprendiz, e não seguir uma metodologia que privilegia a poucos, ignorando as diferenças, no contexto do conteúdo, pois não se planeja para um ser abstrato, o que falta são docentes propiciadores de ações, e não professores engessados, seguidores de uma metodologia que não proporciona a verdadeira aprendizagem. Da mesma forma, nós nos constituímos professores não só na prática, mas com a formação continuada, desde o primeiro momento como aluno, em um processo contínuo.

Desenvolvimento

A questão da avaliação, inerente ao processo de formação do acadêmico, aliado a necessidade de mudanças de paradigmas relacionados, faz repensá-la como algo fundamental numa perspectiva que considere o aluno um sujeito ativo na elaboração do seu conhecimento e aprendizagem.
Nos últimos anos, a avaliação vem se modificando, mesmo que lentamente, levando alguns docentes a uma nova concepção sobre a temática e, consequentemente, a uma nova prática. Os critérios para orientar as avaliações precisam ponderar quais os conteúdos a serem construídos no processo de ensino aprendizagem, considerando a função da escola que é contribuir para o desenvolvimento de todas as capacidades do ser humano e não apenas as cognitivas. Na concepção de Hoffman (2010, p. 16),

[…] á medida que os estudos apontam para o caráter interativo e intersubjetivo da avaliação, alertam também para a essencialidade do diálogo entre todos os que fazem parte desse processo, para a importância das relações interpessoais e dos projetos coletivos. (HOFFMAN, 2010, p. 16).

Dessa forma, utilizar somente a prova escrita como instrumento avaliativo, não cumpre o papel de verificar a construção da aprendizagem por parte do aluno como produto final do processo educacional, porém com a utilização desse instrumento avaliativo restringe o seu aprendizado a ser quantificado. Para elucidar esse momento recorremos a Santos (2012), quando se refere:

[…] muitos fatores podem estar presentes em um resultado insatisfatório, mas um deles pode ser a nossa prática avaliativa, como por exemplo, quando: utilizamos instrumentos inadequados para aferir o desempenho dos alunos; existe insuficiência de atenção às necessidades dos alunos; os alunos demonstrarem um maior grau de dificuldade do que imaginamos; há falta de entusiasmo e de liderança de nossa parte. (SANTOS, 2012).

Ao conceber, entretanto, que nem sempre, ou quase sempre, o resultado foge às expectativas do “mestre”, indicando uma determinada limitação do saber por parte do aluno, quando este não alcança os “padrões” previstos, é desconsiderado todo o processo de aprendizagem.
Perceber a aprendizagem enquanto processo e produto inacabado e diferentemente desenvolvido, leva o professor a refletir sobre a sua postura criticamente, e avaliar a sua prática dentro de sala de aula, efetivando a triangulação ação-reflexão-ação. Segundo Freire (1996):

[…] na formação permanente dos professores, o momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática. É pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática. O próprio discurso teórico, necessário à reflexão crítica, tem de ser de tal modo concreto que quase se confunda com a prática. (FREIRE, 1996)

Assim, a avaliação e seus reais objetivos no processo de aprendizagem, deixam de ter a característica classificatória, excludente e punitiva, sendo este um processo complexo e multidirecional, por envolver o coletivo humano em toda sua individualidade. Dessa forma, a participação em aula, onde o conhecimento é construído juntamente com o docente, é a avaliado ao longo do processo, porém no momento de quantificar essa avaliação, tem um peso inferior ao da prova escrita, assim acredito que invertendo a questão de valores atribuídos aos mesmos, o aluno será avaliado por suas competências e não por um conteúdo reproduzido.

Considerações finais

A construção do conhecimento e os processos avaliativos coexistem e se entrelaçam de tal forma a proporcionar a construção hoje da escola do futuro, desde que haja o entendimento da importância do processo avaliativo como feedback ao processo de construção do conhecimento, e, a partir daí, o comprometimento com a mudança necessária. Precisamos concretizar essas mudanças de paradigmas diariamente, pois precisamos transformar nossa educação de forma efetiva, para que o aluno tenha satisfação de estar na escola, fazendo parte do contexto educacional, e sendo forçado a estar em um ambiente escolar por diferentes motivos que não o de adquirir e lapidar o conhecimento intrínseco. Pois as práticas vinculadas à educação, devem estar em constante construção, não de uma forma isolada, mas no contexto da comunidade escolar, percebendo o aluno como sujeito do ensino-aprendizagem.

Referências
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 23 ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
HOFFMANN, Jussara. Avaliar para promover: As setas do Caminho. Porto Alegre: Mediação, 2010.
SANTOS, Márcia Belzareno dos. A aprendizagem da avaliação, de Cipriano Carlos LUCKESI. 2012. Disponível em: http://www.webartigos.com/artigos/resenha-do-texto-a-aprendizagem-da-avaliacao-de-cipriano-carlos-luckesi. Acesso em: 06 de Abril de 2015.

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