Adilson Luiz Gonçalves Colunistas

MÚSICA” PARA OS OUVIDOS E “SAMBA NO PÉ”

A passagem do Governador Tarcísio de Freitas por Santos, em 18 de fevereiro de 2025, teve falas que soaram com música de boa qualidade para os ouvidos da Região Metropolitana da Baixada Santista – RMBS, com reflexos positivos diretos para o Estado de São Paulo e o Brasil.

Superando entendimentos anteriores de que um novo acesso entre o planalto e a RMBS não seria prioridade, o Governador anunciou que outra pista do Sistema Anchieta-Imigrantes não será suficiente!

Vocês não veem, mas estou aplaudindo de pé, pois essa manifestação corrobora as opiniões de vários técnicos, entre os quais humildemente me incluo.

Embora tardia de mais de vinte anos, a terceira pista da Rodovia dos Imigrantes, segundo o conceito anunciado, interligará o Rodoanel com a Rodovia Conego Domenico Rangoni, o que potencializará a ocupação com atividades econômicas sustentadas, com ênfase em porto-indústria, idealmente dentro de uma Zona de Processamento de Exportação – ZPE, na área continental de Santos, também favorecendo a ampliação de atividades logísticas e afins em Guarujá.

Antes tarde do que nunca, mas ainda preocupa o prazo previsto para sua execução.

Além disso, para que não ocorram gargalos, provavelmente a Rodovia Dom Domenico Rangoni precisará ter sua capacidade ampliada, o que deverá ser considerado no projeto, para evitar a repetição do ocorrido quando da construção da pista descendente da Imigrantes, quando as obras complementares só foram concluídas vários anos depois.

Esse projeto já vinha em discussão há algum tempo, mas a manifestação do Governador trouxe à tona duas outras propostas de ligação entre o planalto e a RMBS: a ligação de Parelheiros e a “Linha Verde”.

A ligação de Parelheiros é uma proposta antiga, mas não menos importante, que vinha sendo preterida por questões ambientais, para variar. Já a denominada “Linha Verde”, rodoferroviária, trata-se de uma proposta que vinha sendo cogitada ao menos desde o início dos anos de 2010. Na época, o Projeto ViaMar tinha proposta similar.

Essas obras seriam suficientes para melhorar substancialmente, e por longo prazo, os acessos de carga e passageiros, reduzindo seletivamente os fluxos destinados ao complexo portuário e às cidades da RMBS, beneficiando moradores, turistas e a economia regional, estadual e nacional.

Talvez o maior desafio para a concretização dessas obras seja combinar com os “russos”.

Essa “música” futurista, que pode representar uma “new age” de prosperidade e qualidade de vida para a RMBS, foi bem ouvida e será um “chiclete”, com certeza, para que as propostas não sejam esquecidas e devidamente cobradas.

Mas os fatos também são positivos!

Além da nova pista da Imigrantes, o Governador Tarcísio anunciou a entrega da segunda linha do VLT em até 180 dias (obras em áreas urbanas adensadas são sempre complexas), a licitação do sistema de balsas do Litoral Paulista, prevendo a eletrificação das embarcações nos primeiros seis anos do contrato, e os estudos para retomada do transporte ferroviário de passageiros entre o planalto e a RMBS, integrado a outras importantes cidades do Estado.

É de tirar o fôlego e fazer salivar!

No entanto, “a cereja do bolo” veio antes do pão de ló, do recheio e da cobertura: o anúncio da licitação do túnel Santos-Guarujá!

Com previsão de anúncio solene em 27 de fevereiro, de conclusão do processo licitatório prevista para o início do segundo semestre de 2025 e de início das obras em 2026, a espera de quase cem anos poderá, enfim, ter fim.

Consta que alguns consórcios já estariam sendo articulados para participar desse certame licitatório, com a participação de empresas brasileiras, o que pode e deve propiciar transferência de tecnologia, qualificando a Engenharia nacional.

As vantagens são múltiplas, assim como a complexidade.

O Governador Tarcísio, muito bem assessorado pela Secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, Natália Resende, sabe que o desenvolvimento sustentado requer equilíbrio entre aspectos econômicos, sociais e ambientais. Entende claramente a importância da geração de empregos e dos cuidados necessários para mitigar/compensar impactos ambientais. Também entende que o protagonismo e pujança econômica do Estado de São Paulo estão diretamente associados ao Porto de Santos, e que suas adjacências dispõem de áreas para a implantação de porto-indústria.

O Estado também precisa atuar nesse âmbito!

Essas iniciativas do Governo do Estado se associam às de municípios e da União, configurando alianças antes pouco prováveis. A percepção é de que interesses estratégicos têm sobrepujado interesses político-partidários e ideológicos.

Os “astros” estão se alinhando, com bons presságios!

No entanto, ainda há impedâncias a serem consideradas. E não são poucas. Mas problemas existem para serem enfrentados. O que se espera é que o bom senso predomine, “para o bem de todos e felicidade geral da nação”.

Afora esses auspiciosos anúncios, Tarcísio de Freitas veio anunciar obras de saneamento na RMBS, com investimentos bilionários.

Que essas “águas” contribuam para saciar a sede de desenvolvimento com consciência ambiental e melhoria da qualidade de vida dos habitantes da RMBS e de quem ali trabalha ou visita. E, aproveitando que falei em música e estamos próximos do Carnaval, o Governador Tarcísio demonstra ter “samba no pé”, e o Brasil precisa de bons passistas, e não de quem só sabe marcar passo. Que ninguém “atravesse esse samba”!

Adilson Luiz Gonçalves

Escritor, Engenheiro, Pesquisador Universitário e membro da Academia Santista de Letras

Deixe um comentário