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Restrição de Celulares em Salas de Aula: Estratégias para Reduzir Conflitos e Engajar os Estudantes

O Brasil começa a trilhar o caminho de países como Austrália, França, Japão e Finlândia ao discutir a exclusão do uso de celulares nas escolas de ensino básico. Propostas de leis em diferentes esferas do governo refletem uma preocupação crescente com os impactos da dependência tecnológica, o uso excessivo de redes sociais e a distração causada por jogos digitais e aplicativos de mensagens no processo de aprendizagem.

Esse cenário representa um grande desafio para os gestores escolares e para os docentes, que muitas vezes precisam tomar medidas restritivas, como exigir que os celulares sejam entregues pelos estudantes ao entrarem na escola ou no início das aulas.

Há também resistência por parte de pais e responsáveis que destacam a utilidade dos dispositivos móveis em situações de emergência.

Para Luciane Pedro, coordenadora do curso de Pedagogia do Centro Universitário São Camilo, as restrições discutidas em praticamente todo o país têm muitos aspectos positivos, no entanto, os desafios, especialmente dos gestores e professores, não podem ser desconsiderados e demandam ações bem planejadas para que não aumentem as tensões nas relações entre a equipe pedagógica e os estudantes. 

“As equipes pedagógicas precisam ter estratégias que considerem os vários aspectos envolvidos nessa restrição, por exemplo, discute-se muito o fato das crianças e adolescentes ficarem nos intervalos das aulas somente no celular, afetando a interação social. Portanto, pode-se estender a restrição do seu uso também nesses períodos, como algumas escolas já fazem, mas com estímulo para que essa interação ocorra face a face, como, por exemplo, com jogos de tabuleiro para os adolescentes, para a crianças, pode-se resgatar as brincadeiras de roda, amarelinha etc.”

Luciane também destaca que o uso dos celulares pode ser incorporado ao ambiente escolar de maneira pedagógica, explorando temas, tais como: combate às fake news, saúde mental e redes sociais, segurança na rede, entre outros. “É necessário que as escolas trabalhem a educação digital para preparar crianças e adolescentes a lidarem com as diversas questões relacionadas à vida na internet.”

Dicas para uma Transição Tranquila

A professora Luciane Pedro compartilha estratégias para auxiliar os educadores a realizar uma transição de maneira empática, minimizando conflitos e promovendo um ambiente de aprendizagem saudável:

– Definir um “dia sem celular” semanalmente: Introduzir progressivamente a ideia de um espaço livre de dispositivos.

– Promover rodas de conversa com os estudantes: Explorar o significado dos celulares em suas vidas e os impactos dessa mudança.

– Estabelecer regras claras e consistentes: Comunicar os motivos e os benefícios das normas de maneira transparente.

– Envolver os estudantes no processo: Incentivar a participação dos alunos na criação das políticas de uso.

– Oferecer alternativas atrativas: Planejar aulas dinâmicas e envolventes, que reduzem a necessidade de distração.

– Permitir usos pedagógicos específicos: Incorporar dispositivos em momentos controlados para pesquisas ou atividades educativas.

– Reconhecer emergências: Esteja atento às necessidades específicas que podem incluir o uso eventual do celular.

Luciane enfatiza que, ao adotar uma abordagem empática e colaborativa, as escolas podem transformar essa transição em uma oportunidade de crescimento para toda a comunidade escolar. “É essencial que estudantes e famílias entendam os motivos da mudança e tenham espaço para compartilhar suas percepções. Essa troca fortalece o vínculo e facilita a adaptação”.

A partir de estratégias bem planejadas, e com a colaboração entre escola, família e alunos, é possível criar um ambiente de aprendizagem mais concentrado, interativo e produtivo, no qual o celular não seja uma distração ou ameaça, mas, quando bem utilizado, uma boa e adequada ferramenta educativa.

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