Participei de um evento internacional, em que a colaboração entre governos, instituições, iniciativa privada e comunidade foi considerada fundamental para o desenvolvimento sustentado dos países.
Colaborar significa trabalhar em comum com outrem, ajudar, auxiliar.
Embora seja um verbo que não precisa de complemento para transmitir uma informação completa, colaborar exige muitos complementos, que incluem: boa vontade, competência, empatia, comprometimento e capacidade para atuar em equipe, entre outros.
Num mundo competitivo, onde interesses corporativos, vaidades, oportunismo e ideologias vivem em constante confronto, colaboração, em sentido amplo, parece um sonho distante, quase um devaneio. Às vezes ela só ocorre em situações de crise, quando todos são afetados indiscriminadamente por um mal. Mesmo assim, ainda há quem tire proveito delas: pessoal, político ou financeiro.
A colaboração, quando efetiva, agiliza processos, amplia benefícios ou reduz impactos negativos. Infelizmente, nem todos estão dispostos a colaborar, ao menos não de forma espontânea, proativa ou desinteressada.
Há aqueles que se omitem apenas para, depois, dizerem que uma decisão foi errada, que fariam melhor se estivessem no comando.
Há os que, enquanto avaliadores, apontam erros, emperram ou inviabilizam propostas, por abuso ou mau uso de poder, ideologia ou mera vaidade, com a intenção de impor suas ideias ou obter vantagens ilícitas. Uma frase antiga, mas sempre atual, explica esse tipo de atitude: “Criar dificuldades para vender facilidades”, porém, os empecilhos podem ser apenas negativas rotundas.
Uma atitude colaborativa, auxiliaria a resolver os problemas identificados ou lacunas a serem preenchidas. Ao menos justificaria discordâncias de forma lógica, dialética, baseada em conhecimento e não em crenças pessoais radicais, sobretudo quando se trata de algo que pode beneficiar muitos.
Não é fácil ser isento, competente e colaborativo. Dependendo do contexto, isso pode ser mal interpretado por preconceitos arraigados na sociedade atual.
Alguns preferem simplesmente se omitir ou negar qualquer colaboração, exceto caso consigam impor sua vontade.
É curioso que muitos dos que têm essa postura, enquanto têm o poder decisório, quando deixam suas funções passam, por “mágica”, a ter soluções para tudo o que antes questionavam ou cerceavam. Se for por arrependimento, nunca é tarde.
No caso de profissionais bem sucedidos no fazer e resolver, a sociedade não pode prescindir de sua colaboração. No entanto, isso me parece um pouco incoerente no caso dos habituados a apontar problemas, sem auxiliar nas soluções, não raro de forma draconiana e insofismável.
De fato, é difícil colaborar no mundo atual, eivado de desconfiança, dissimulação, perfídia e oportunismo.
Há quem peça colaboração, quando é de seu interesse, mas a nega quando não é protagonista, ou não enxerga nenhuma vantagem pessoal nisso. Há os que agregam valor e os que torcem pelo fracasso, ignorando as consequências difusas, que podem ser muito graves.
Daí, colaborar envolve um pouco de altruísmo.
Só que também é preciso saber qual o objetivo da colaboração, identificando claramente os objetivos da ideia ou do empreendimento.
É fácil criticar, julgar. Difícil é praticar!
Assim, colaborar deveria ser um verbo conjugado apenas na primeira pessoa do plural do Presente do Indicativo: Nós colaboramos!
Adilson Luiz Gonçalves
Escritor, Engenheiro, Pesquisador Universitário e membro da Academia Santista de Letras