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A bricolagem como procedimento de pesquisa: uma possibilidade de construir caminhos bricolados

A bricolagem como procedimento de pesquisa: uma possibilidade de construir caminhos bricolados

*Antonia Fernanda Dutra Pinto

* Rozane Alonso Alves

Resumo – A proposta deste artigo, a partir de uma abordagem qualitativa, tem a intenção de apresentar a bricolagem como procedimento de pesquisa na produção dos dados. Apoiada pela contribuição pós-crítica e pelo campo dos Estudos Culturais, a presente discussão é constituída por meio de estudo bibliográfico e de nossas experiências como pesquisadoras. Dessa forma, experenciar a bricolagem contribui para o ato de ressignificação da pesquisa sobre quem pesquisamos e com quem pesquisamos sem perder o rigor exigido na escrita acadêmica.

Palavras-Chave: Bricolagem. Experiência. Ressignificação. ressignificação.

Bricolage as a research procedure: a possibility of building bricolage paths

Abstract – The purpose of this article, based on a qualitative approach, is intended to present bricolage as a research procedure in data production. Supported by the post-critical contribution and the field of Cultural Studies, this discussion is constituted through bibliographical study and our experiences as researchers. In this way, experiencing bricolage contributes to the act of resignifying research about who we research and with whom we research without losing the rigor required in academic writing.

Keywords: DIY. Experience. Resignification. Cultural Studies.

Introdução

O presente artigo faz parte de um estudo bibliográfico desenvolvido durante a escrita da minha dissertação de mestrado que foi direcionado pela minha orientadora a partir de nossos diálogos que ocorreram pessoalmente e virtualmente entre março de 2022 e fevereiro de 2024, para tratarmos sobre as orientações e as atividades de pesquisa.

Essas discussões fizeram parte da proposta de pesquisa intitulada: Narrativas de professoras alfabetizadoras sobre as práticas de alfabetização produzidas no 1º ciclo do Ensino Fundamental I em Coari-AM, vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Humanidades (PPGECH), do Instituto de Educação, Agricultura e Ambiente (IEAA) pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), campus Humaitá/AM.

As pesquisas articuladas objetivaram o conhecimento do que vem sendo produzido sobre a bricolagem na comunidade científica brasileira, especificamente, no que se refere a este trabalho com as professoras alfabetizadoras de uma escola da rede estadual de ensino, em Coari-AM.

O objetivo deste artigo é apresentar a bricolagem como procedimento de pesquisa, busca dialogar com outras possibilidades para a produção do conhecimento no campo metodológico, e também, no campo teórico para a construção de caminhos bricolados com quem pesquisamos e no contexto da pesquisa.

Dentro desse contexto, a continuidade desse artigo está organizado da seguinte maneira: na próxima seção está a metodologia, em seguida, apresentamos os conceitos que fundamentam a bricolagem articulada a partir das aproximações com as professoras alfabetizadoras e por fim, estão as futuras reflexões.

Metodologia

Para este propósito, realizei uma pesquisa com análise bibliográfica na qual foram analisados os conceitos e as implicações sobre o movimento da bricolagem em pesquisas científicas sob as lentes dos Estudos Culturais, que permitem enquanto procedimento de análise atuar sobre os tensionamentos das narrativas apresentadas pelas professoras alfabetizadoras ao falar de si e de suas experiências no contexto da alfabetização.

Segundo Sperrhake, Piccoli e Petrikicz (2023, p. 02) as pesquisas bibliográficas buscam “realizar um levantamento sobre as investigações desenvolvidas em um campo ou área de conhecimento com vistas a análises variadas que vão desde a localização geográfica e temporal das pesquisas até as metodologias e referenciais teóricos privilegiados”. São movimentos acadêmicos que consistem no mapeamento de artigos, dissertações, teses, livros já publicados sobre o uso da bricolagem como procedimento de pesquisa e que pudessem contribuir com a nossa proposta de trabalho acadêmico.

Este artigo propõe apresentar as articulações promovidas em nossas pesquisas, leituras, anotações, fichamentos de artigos, livros e das “[…] nossas percepções daquilo que produzimos e dos nossos olhares enquanto pesquisadoras” Santos e Alves (2023, p. 05) e professora da rede pública do estado do Amazonas.

As análises do que já foi produzido sobre o movimento da bricolagem, ora aqui tencionadas, demonstram as exigências de realizar uma revisão bibliográfica e toda a sua complexidade sobre as investigações desenvolvidas, isso “[…] exige pesquisa em diferentes fontes, critérios explícitos na eleição dos descritores de busca, minúcia no tratamento dos dados […]” (Piccoli, 2015, p. 09) foram caminhos investigativos que possibilitaram ampliar o conhecimento sobre a bricolagem e que merecem visibilidade na produção desta escrita.

Bricolando a bricolagem: dialogando com o conceito

A bricolagem[1]  como um procedimento de pesquisa refere-se “à capacidade de empregar abordagens de pesquisas e construtos teóricos múltiplos, é o caminho em direção a uma nova forma de rigor em pesquisa” (Kincheloe; BerrY, 2007, p. 10). Diante dessa perspectiva, faz-se necessário pensarmos a bricolagem como uma possibilidade para produzirmos um conjunto de múltiplas rasuras metodológicas que nos permitem desviar dos caminhos fixos e olhares naturalizados sobre os conhecimentos científicos.

Fazer uso da bricolagem como uma ferramenta metodológica para produzir dados de uma pesquisa nos possibilita fazer manobras para entender as construções discursivas de produção das “verdades provisórias” em relação a produção da identidade da professora alfabetizadora, das práticas de ensino produzidas no 1º ciclo do Ensino Fundamental I, e dos caminhos percorridos no contexto da alfabetização para desconstruir e reconstruir novos saberes acerca da temática abordada.

A ação metodológica du/e bricoleur emerge, sobretudo, da complexidade do ato de pesquisar um objeto específico. Dada esta complexidade, o (a) pesquisador (a) constrói possibilidades de narrativas evidenciando os artefatos ocultos presentes na cultura, registrando sua intervenção em sua própria prática acadêmica e construindo ativamente a partir de ferramentas que tem à mão, sua própria metodologia,  rejeitando as metodologias defendidas como “corretas” descritas nos manuais que desconsideram a complexidade do campo de pesquisa.

No procedimento artesanal, as ferramentas utilizadas na fabricação de uma “peça/objeto” são variadas e determinadas pela necessidade dos materiais manuseados, o resultado final é totalmente distinguível de tantos outros trabalhos realizados pela mesma mão. O artesão e/ou a artesã adpata, replaneja e reconstrói sem se prender as ideias fixas daquele ofício. Esta metáfora tem colaborado muito para os desenhos metodológicos de autores (as) que fazem parte do campo dos Estudos Culturais, que compartilham da ideia de que vivenciamos um processo de pulverivação da identidade.

Partindo do pressuposto da bricolagem, podemos reenterpretar Marx quando ele diz: “Tudo o que era sólido e estável se desmancha no ar […]” (2005, p. 43). Para Bauman (2007, p. 70), uma característica distintiva da pós-modernidade é a liquidez da identidade, da forma como os indivíduos/sujeitos definem suas posições sociais e as suas relações estabecidas. Essa fluidez existente nas relações é influenciada pelas “incerteza[s] do futuro, a fragilidade da posição social e a insegurança existencial, que são circunstâncias ubíquas presentes no mundo líquido-moderno”. Nesse processo, “os[as] bricoleurs atuam a partir do conceito de que a teoria não é a explicação do mundo – ela é mais uma explicação de nossa relação com o mundo” (Kincheloe; Berry, 2007, p. 16).

Mediante a esta complexidade que as inquietações e as discussões sobre o movimento da bricolagem no contexto de uma pesquisa científica dimensionam a importância de  considerar a subjetividade do (a) pesquisador (a) diante do conhecimento que produz, bem como, considerar sua historia de vida, suas experiências, identidades assumidas que trazem marcadores de diferenciação, tais como: raça, classe e gênero.

Este exercício tem a capacidade de borrar as fronteiras entre a sociedade e a representação de nossas narrativas, daquilo que somos e podemos ser. Nessas vivências, “estão inscritas as relações de poder e as implicações políticas de seus resultados” (Denzin & Lincoln, 1994) que são constituídos pelos diversos discursos que circulam nas organizações sociais.

Le/a bricoleur é uma espécie de pesquisador (a) qualitativo (a) que faz uso metodológico da bricolagem, como um processo composto de diferentes elementos, que usa suas próprias ferramentas para preparar suas estratégias, seus métodos e seus materiais baseados nas suas experiências. Todo esse entendimento exige de um (a) bricoleur tempo e estudo criterioso de quais abordagens de pesquisas estão acessíveis e como elas podem ser adotadas e incorporadas em suas ecolhas metodológicas.

Diante do grande rigor e do número de múltiplas manobras disponíveis à investigação qualitativa, Norman Denzin e Yvonna Lincoln (1994), em alusão à Claude Lévi-Strauss, atribuem ao pesquisador e a pesquisadora qualitativo (a) à posição de bricoleur, rearticulando seus instrumentos e suas práticas para encaixar uma teoria ao mundo vivido, ao mesmo tempo que, tece possibilidades para repensar as inquietações de um problema existente.

A bricolagem opera como “[…] um cristal, expande-se, sofre mutações e se altera ao mesmo tempo em que reflete e se refrata a luz do mundo social” (Kincheloe; Berry,2007, p. 36). Os autores afirmam que os (as) profissionais da educação deveriam se tornar bricoleurs, para colocar sob rasura as suas práticas de ensino, suas inquietações, suas identidades, suas escolhas metodológicas, seus modos de ser e estabelecer uma relação de sutura[2] com esses elementos na finalidade de subverter as relações estabelecidas, além da possibilidade de produzir novos caminhos e novas formas de atuar na educação.

O exercício de bricolar as práticas de ensino produzidas pelas professoras alfabetizadoras a partir do campo dos Estudos Culturais são desafios que nos movem e que atravessam a pesquisa. Logo, um dos grandes desafios é buscar os “ entre-lugares” (Bhabha, 1998) para desconstruir posicionamentos arraigados produzidos pela lógica disciplinar.

É interessante entender que esses deslocamentos possibilitam aproximações entre sujeitos e culturas diferentes, viabiliza outras relações dos sujeitos com e sobre o contexto. Nesse processo, a ação do (a) pesquisadora (a) é subverter os processos clássicos de estar e pesquisar com o outro e passa a realizar pequenos retalhos com toda rigorosidade, cuidado e problematização de procedimentos arraigados no contexto acadêmico para reconstruir outras formas de fazer pesquisa.

A subjetividade é a principal característica de um (a) pesquisador (a) bricolado (a). Trata-se de uma característica em constante processo de ressignificação, passível de rupturas e recomeços, onde negociações são sempre tencionadas/repensadas produzindo outros elementos a partir dos discursos fixos e acabados. González Rey (2015, p. 22) pontua que “[…] a subjetividade desdobra-se e desenvolve-se no interior do universo da realidade e de processos objetivos que caracterizam a organização social”.

Le/a bricoleur opera com uma visão global para o objeto de pesquisa, olha o problema de diferentes planos, diferentes possibilidades, utiliza diferentes métodos de forma organizada para verificar as lacunas existentes, fazendo mesclas incomuns entre os elementos sem abrir mão da teoria.

Esta convicção da metodologia de pesquisa pode oportunizar a criação de um conhecimento que não nega as particularidades das características humanas e sociais investigadas, mas que agrega esta multiplicidade e aproveita-se dela. Desse modo, é possível entender a existência de uma desconformidade passiva de métodos e roteiros já definidos, que, em si, pode ser destacado como um ato de subversão. Le/a bricoleur entende que:

a interação dos pesquisadores com os objetos de suas investigações é sempre complicada, volátil, imprevisível e certamente, complexa. Essas condições descartam a prática de planejar antecipadamente as estratégias de pesquisa. Em lugar desse tipo de racionalização do processo, os bricoleurs ingressam no ato de pesquisa como negociadores metodológicos (Kincheloe; Berry, 2007, p. 17).

Nesta situação, é possível retomar à ideia de que, de algum modo, somos também escolhidos pela metodologia[3], que os contornos metodológicos vão se dando durante o trabalho de campo do (a) pesquisador (a). A pesquisa, não é engessada, fixa, pelo contrário, ela é flexível e deslizante, sem fins conclusivos, cria formas de problematizações em meio ao percurso, compondo e recompondo os múltiplos processos para desenvolvê-la.

Neste sentido, partilho das ideias de Kincheloe (2007, p.19), quando diz que “a bricolagem subversiva aceita o fato de que a experiência humana é marcada por incertezas e que nem sempre a ordem é estabelecida com facilidade”. Dialogo com as palavras do autor e passo a entender que a bricolagem estar em seu permanente estado de desmontamento de formas e modelos, de imperfeição, borrando as fronteiras no sentido de que já nasce de uma operação incerta, adaptada, de um processo “que envolve construção, reconstrução, diagnóstico conceitual, negociação e readaptação” (Kincheloe; Berry, 2007, p.17).

Le/a bricoleur produz dados em uma pesquisa científica articulando diferentes teorias, reunindo e costurando pequenos e diversos elementos e vai ressignificando e atribuindo-lhes o sentido interpretativo e confeccionando uma colchas de retalhos com diferentes trechos, olhares, narrativas e fenômenos para perceber o objeto de estudo.

Essas múltiplas inquietações possibilitam pensar e operar com a bricolagem apontando tensões que poderão ser moldadas com as ferramentas conforme sua intenção ou necessidade que a pesquisa exige. Assim, a bricolagem “leva a interpretação na pesquisa a novos patamares, indo além do que é visível ao olho etnográfico, à exposição das razões ocultas que movem os eventos e moldam a vida cotidiana” (Kincheloe; Berry, 2007, p. 102).

A pesquisa, neste caso, torna-se deslizante, revela-se como um processo de desnaturalização do “self/eu”, sujeito moderno, marcado pela diferença. Um sujeito histórico passível de diferentes posicionamentos e deslocamentos, onde os conflitos e as tensões são instabilidades contínuas na conduta da identidade do (a) pesquisador (a) uma vez que “[…] toda nossa conduta e todas as nossas ações são moldadas, influenciadas e, desta forma, reguladas normativamente pelos significados culturais” (Hall, 1997, p.41).

Para futuras reflexões

O estudo do movimento da bricolagem feito a partir de trabalhos já publicados permitiu perceber que são rasuras metodológicas que altera a lógica dominante na produção do conhecimento. Bricolar os caminhos metodológicos em uma pesquisa acadêmica é um trabalho que exige do (a) pesquisador (a) ordenação e classificação das informações a partir das experiências vividas no contexto da pesquisa.

A bricolagem tem a capacidade de construir procedimentos e técnicas para adequar-se a um estudo específico, dispõe de ferramentas metodológicas que nos permitem desviar os caminhos fixos, de olhares naturalizados, adaptando, replanejando e reconstruindo, com todo rigor existente na pesquisa, análises interpretativas sem fins conclusivos. Logo, é imprescindível que o (a) pesquisador (a) faça negociações em seus caminhos, suas iniciativas devem ser repensadas, revistas e adaptadas para não fixar conhecimento.

Lembrando que, a investigação aqui proposta, não se limita a responder, ou satisfazer apenas nossas inquietações pessoais, mas trazer outras contribuições, outras possibilidades na produção de conhecimentos/saberes que possam promover discussões sobre outros modos de fazer pesquisa. Portanto, oferecer uma janela para enxergar de outro jeito as bases metodológicas, ressiginificar e descortirnar outras formas de pesquisar e com eu pesquiso.

Assim, vamos experenciando e nos movimentando de forma diferente na produção do conhecimento, são esses desafios que nos movem e nos impulsionam a caminhar como professora e pesquiasdora em produção. Desta maneira, Larrosa (2022, p. 48) considera que a experiência “ […] é a que forma, a que nos faz como somos, a que transforma o que somos e o que converte em outra coisa” que se constitui em outras identidades.

Como citar: PINTO, Antonia Fernanda Dutra; ALVES, Rozane Alonso. A bricolagem como procedimento de pesquisa: uma possibilidade de construir caminhos bricolados. P@rtes. Xxxxxx

Referências

BAUMAN, Zygmunt. Tempos Líquidos. Tradução: Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro, Editora: Zahar, 2007.

DENZIN, N. K., LINCOLN, Y. S. (1994) “Introduction: Entering the Field of Qualitative Research”en Denzin, N. K., Lincoln (eds.) Handbook of Qualitative Research. California: Sage.

GONZÁLEZ REY, Fernando. Pesquisa qualitativa e subjetividade: os processos de construção da informação. Tradução: Marcel Aristides Ferrada Silva. – São Paulo: Cengage, Learning, 2015.

HALL, Stuart. A centralidade da cultura: notas sobre as revoluções culturais do nosso tempo. Educação e Realidade, Volume 22, Número 2, 1997. Disponível em:  https://seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/article/view/71361.

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 10. ed. Tradução: Tomaz Tadeu da Silva. Rio de Janeiro: DP&A, 2020.

LARROSA, Jorge. Tremores: Escritos sobre a experiência. 1. ed., 6. Reimp. Belo Horizonte: Autêntica, 2022.

LATOUR, Bruno. A VIDA DE LABORATORIO: A produção dos fatos científicos. Tradutor: Ângela Ramalho Vianna. Rio de Janeiro, Editora: Relume Dumará, 1997.

KINCHELOE, Joe L. Introdução – O poder da bricolagem: ampliando os métodos de pesquisa. In: KINCHELOE, J.L. & BERRY, K. Pesquisa em Educação: conceituando a bricolagem. Tradução Roberto Cataldo Costa. Porto Alegre, Editora: Artmed, 2007, p. 15-37.

KINCHELOE, Joe L. & BERRY, K. Pesquisa em Educação: conceituando a bricolagem. Tradução Roberto Cataldo Costa. Porto Alegre, Editora: Artmed, 2007.

MARASCHIN, Cleci; RANIERE, Édio. Bricolar. In: FONSECA, Tania Mara Galli; NASCIMENTO, Maria Lívia do; MARASCHIN, Cleci. (Orgs.). Pesquisar na diferença: um abecedário. – Porto Alegre: Sulina, 2012, p. 39-42.

MARX, Karl. Manifesto Comunista. Tradução: Álvaro Pina. São Paulo, Editora: Boitempo, 2005. 

PICOLLI, Luciana. Apresentação. In: TRINDADE, Iole Maria Faviero; SPERRHAKE, Renata (Orgs.). (Des)Caminhos Investigativos da Alfabetização. Jundiaí, Paco Editorial: 2015, p. 09-11.

SANTOS, Jonatha Daniel dos; ALVES, Rozane Alonso. Descolonização de nós mesmos e possibilidades de construir caminhos metodológicos bricolados. Perspectiva, Florianópolis, v. 41, n.1 p. 1-17, jan./mar. 2023. Disponível em:https://periodicos.ufsc.br/index.php/perspectiva/article/view/85968.

SPERRHAKE, Renata; PICCOLI, Luciana; PETRIKICZ, Kamila. IDENTIDADE DA PROFESSORA ALFABETIZADORA: análises a partir de resumos de teses e dissertações produzidas no Estado do Rio Grande do Sul. VI CONGRESSO BRASILEIRO DE ALFABETIZAÇÃO – CONBALF, ISSN 2763-8588, 2023. Disponível em: https://www.abalf.org.br/vi-conbalf.


[1] No livro Pesquisar na diferença: um abecedário, Cleci Maraschin e Édio Raniere definem a palavra Bricolar como um verbo menor. Seu operar está em congruência com improvisar, colar, reinventar, compor. Seu campo melódico atinge ressonâncias com o “Do it yourself” – máxima norte-americana dos anos 50 que propõe fazer com as próprias mãos, ou literalmente “faça você mesmo” – e com o Bricoleur – substantivo francês aplicado a quem se põe a realizar pequenos reparos, que mesmo não sendo um especialista da área resolve, de forma amadora, consertar, pintar, reformar, fazer uma bricolagem. Este Bricoleur, por vezes, coleciona as peças-pedaços que irão compor sua bricolagem, mas nem sempre o agrupamento-colagem dessas coleções possibilita uma estética próxima ao tradicionalmente convencionado como belo (2012, p. 39).

[2] O fato de que projetamos a ‘nós próprios’ nessas identidades culturais, ao mesmo tempo que internalizamos seus significados e valores, tornando-os ‘parte de nós’ contribui para alinhar nossos sentimentos subjetivos com os lugares objetivos que ocupamos no mundo social e cultural. A identidade, então, costura (ou, para usar uma metáfora médica, ‘sutura’) o sujeito à estrutura. Estabiliza tanto os sujeitos quanto os mundos culturais que eles habitam, tornando ambos reciprocamente mais unificados e predizíveis (HALL, 2020, p.12).

[3] No texto, A vida de laboratório: a produção dos fatos científicos, Latour (1997) enfatiza que há uma agência não-humana na construção dos enunciados científicos, que pode respaldar uma inversão do paradigma clássico “sujeito” – como indivíduo conhecedor – e “objeto” – como ente conhecido. Na acepção pós-moderna ou na perspectiva do bricoleur, o designer metodológico de uma investigação pode se apresentar ao pesquisador através das negociações realizadas no decorrer da pesquisa.

Antonia Fernanda Dutra Pinto

* Graduada em Normal Superior (UEA), cursando a segunda graduação em Pedagogia (UNIASSELVI), especialização em Psicopedagogia e Gestão Escolar (Estácio de Sá), mestra em Ensino de Ciências e Humanidades no Programa de Pós-Graduação de Ensino de Ciências e Humanidades (PPGECH) na Universidade Federal do Amazonas (UFAM), professora do Ensino Fundamental I, do quadro efetivo da Secretaria de Estado de Educação e Desporto Escolar (SEDUC). Email: fdutra2013@gmail.com Lattes: http://lattes.cnpq.br/2022482869634934  ORCID: https://orcid.org/0000-0002-7171-7012.

Rozane Alonso Alves

* Possui graduação em Pedagogia pela Universidade Federal de Rondônia (2012), mestrado em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2014) e doutorado em Educação pela Universidade Católica Dom Bosco (2017). Atualmente é Professora Adjunta no Departamento de Métodos e Técnicas (DMT) na Faculdade de Educação (FACED). Docente Permanente no Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Humanidades (PPGECH/UFAM). Email: rozanealonso@ufam.edu.br  Informações profissionais e acadêmicas no endereço: http://lattes.cnpq.br/7271103372811887.

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