ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
José Dias Moreira[i]
Valdecira Aparecida da Silva Moreira[ii]
RESUMO: Este artigo tem como objetivo conceituar o processo de letramento e alfabetização. O estudo foi desenvolvido a partir de pesquisa bibliográfica, apresenta abordagem sobre a alfabetização e letramento. Muito se fala sobre letramento e alfabetização, mas qual a diferença entre ambos? Qual o contexto histórico do letramento e alfabetização no Brasil? A presente pesquisa evidencia que este processo sofreu transformações ao longo do tempo desde a metodologia até a idade cronológica de entrada da criança no ciclo de alfabetização e letramento.
PALAVRAS CHAVES: Letramento; Alfabetização; Conceitos; Transformações.
ABSTRACT: This article aims to conceptualize the literacy and literacy process. The study was developed based on bibliographical research and presents an approach to literacy. There is a lot of talk about literacy and literacy, but what is the difference between the two? What is the historical context of literacy and literacy in Brazil? This research shows that this process has undergone transformations over time, from the methodology to the chronological age at which the child enters the literacy and literacy cycle.
KEYWORDS: Literacy; Literacy; Concepts;Transformations.
INTRODUÇÃO
Apresentamos, neste artigo, o resultado das investigações com foco no desvendar de perguntas tais como: Qual a diferença entre letramento e alfabetização? Qual o contexto histórico do letramento no Brasil?
Para Soares (2004) a alfabetização é “[…] a ação de ensinar e aprender a ler e a escrever”, ao tempo que letramento “[…] é estado ou condição de quem não apenas sabe ler e escrever, mas cultiva e exerce as práticas sociais que usam a escrita”.
Enquanto a alfabetização ocupa-se da aquisição da escrita por um indivíduo, ou grupos de indivíduos, o letramento focaliza os aspectos sócio históricos da aquisição de um sistema escrito por uma sociedade. (TFOUNI, 1995, p.20).
Segundo MORTATTI, (2000) No final da década de 1910 o termo “alfabetização” passou a ser utilizado para se referir ao ensino inicial da leitura e da escrita. Dessa forma, a alfabetização correspondia ao aprendizado do alfabeto e de sua utilização como código de comunicação.
Nos dias atuais as crianças estão vivenciando diversos estímulos ao letramento, desde muito pequenas convivem com o mundo letrado.
O objetivo deste trabalho é diferenciar alfabetização de letramento.
Para elucidação dos fatos recorreu-se a autores tais como: Magda Soares, Mortatti, Cagliari, entre outros, pesquisadores do tema: alfabetização e letramento e registraram suas pesquisas por meio de publicação, contribuindo assim com os demais pesquisadores que desejam conhecer sobre o tema.
ALFABETIZAÇÃO
O processo de leitura e escrita teve início a muito tempo atrás, na época dos homens das cavernas. Servindo assim para registrar fatos, acontecimentos.
(…) quem inventou a escrita foi a leitura: um dia, numa caverna, o homem começou a desenhar e encheu as paredes com figuras, representando, animais, pessoas, objetos e cenas do cotidiano (CAGLIARI, 1998, p.13, 14).
Os primeiros registros sobre a educação brasileira datam de 1554, período colonial. Nas últimas décadas evidenciou-se intensas mudanças na educação brasileira, inclusive no processo de alfabetização, desde a idade limite para o início da alfabetização que era aos sete anos de idade. Passou a ser aos seis anos de idade.
Podemos ver o ensino fundamental de nove anos como mais uma estratégia de democratização e acesso à escola. A Lei nº. 11.274, de 6 de fevereiro de 2006, assegura o direito das crianças de seis anos à educação formal, obrigando as famílias a matriculá-las e o Estado a oferecer o atendimento. (Brasil, 2007, p. 27).
Ressaltamos que outra grande conquista na alfabetização foi a mudança na legislação porque no início só eram alfabetizados os filhos das classes abastadas. A mudança ocorreu por força da legislação que obrigava o Estado a oferecer de graça a educação formal a todas as crianças, e aos pais o dever da matricula.
Araújo (1996) divide a história da alfabetização no Brasil em três grandes períodos: a) na Antiguidade e Idade Média: com a predominância do método da soletração; b) Criação de novos métodos sintéticos e analíticos (Séculos XVI e XVIII): seria uma reação contra o método da soletração; c) Psicogênese da língua escrita: refutação da associação dos sinais gráficos da escrita aos sons da fala
Segundo Morrou (1969) a primeira fase do surgimento da alfabetização utilizava-se como método a soletração ou método alfabético.
Já na Idade Média, segundo Araújo (1996), relata que: utilizava-se a mesma sistemática (letra, sílaba, palavra, texto).
Mendonça (2010, p. 25), foi por volta de 1719 que Vallange criou “método fônico” com as “figuras simbólicas”. Nele se tinha o objetivo de mostrar “[…] palavras acentuando o som que se queria representar.
Segundo Mortatti, (2006, p. 10) A partir do início da década de 1980, introduziu-se no Brasil o pensamento construtivista sobre alfabetização, resultante das pesquisas sobre a psicogênese da língua.
Veja Albuquerque(2007):
A alfabetização no século XIX passou a ter uma característica fortemente marcada na sua prática em sala de aula envolvendo a padronização do ato de ler e escrever (ALBUQUERQUE,2007, p. 11).
A alfabetização era apenas um conjunto de regras, ou seja resumia-se a decodificação das letras e palavras, muitas vezes sem entender seu significado, dificultando assim a interpretação de textos e contextos sociais.
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
Para Silva, Santos (2020, p.1) A alfabetização e o letramento são duas portas de entrada para o mundo da leitura e da escrita, mesmo sendo processos distintos, eles são indissociáveis. Portanto, é necessário trabalhá-los concomitantemente.
Sobre os desafios enfrentado pelo professor no ato de alfabetizar e letrar veja Silva, Santos (2020):
Portanto, um dos grandes desafios do educador é conseguir articular no seu trabalho pedagógico as práticas escolares de uso da língua escrita às práticas sociais que, fomentam a percepção da linguagem escrita voltada a um processo de maturação do entendimento dos vários gêneros textuais, verbais e não verbais. (SILVA, SANTOS 2020, p.9)
Nesse ínterim Soares (2003, p. 38) ressalta que: “Aprender a ler e a escrever e, além disso, fazer uso da leitura e da escrita transformam o indivíduo, levam o indivíduo a um outro estado ou condição sob vários aspectos: social, cultural, cognitivo, linguístico, entre outros”.
Nos dias atuais os alunos precisam além de compreender o processo de alfabetização, de decodificação das palavras entender seus significados e suas aplicabilidades práticas.
Um indivíduo alfabetizado não é necessariamente um indivíduo letrado; alfabetizado é aquele indivíduo que sabe ler e escrever; já o indivíduo letrado, o indivíduo que vive em estado de letramento.(SOARES, 2003, p. 40).
Soares esclarece que: Letrar é mais que alfabetizar, é ensinar a ler e a escrever dentro de um contexto onde a leitura e a escrita tenham sentido e façam parte da vida do aluno.
METODOLOGIA
Para elucidação das indagações que resultaram no presente artigo recorreu-se a pesquisa bibliográfica em sites, publicações na internet, seguidos por catalogação e análise qualitativa dos textos selecionados.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Segundo Soares a alfabetização e letramento são processos complexos para a criança, pois a alfabetização exige conjunto de técnicas – procedimentos habilidades de codificação de fonemas em grafemas, já o letramento exige habilidade de interpretar e aplicar a leitura e a escrita no cotidiano.
A presente pesquisa traz à tona a necessidade do professor alfabetizador estar em constantes grupos de estudo, no sentido de compreender as técnicas e os processos da alfabetização e do letramento.
Durante décadas no Brasil, para alfabetizar recorreu-se as cartilhas, famílias silábicas, um ensino baseado apenas em decodificação das letras e palavras, com o advento do letramento esse processo foi além, ressalta-se que além de decodificar palavras o ensino exige a compreensão, a interpretação dos textos e palavras.
Conclui-se que alfabetização e letramento devem andar juntos, um processo não deve ocorrer separado do outro. Alfabetização exige tecnologia desde a forma de grafar palavras, a leitura da mesma. Já o letramento envolve além do ato da decodificação o da interpretação e contextualização das mesmas.
Referências
ALBUQUERQUE, Eliana Borges Correia de. Conceituando alfabetização e letramento. In: SANTOS, C.F.; MENDONÇA, M. (Org). Alfabetização e Letramento: Conceitos e relações. Belo Horizonte: Autêntica, 2007. P. 11-22.
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CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização sem o Bá-Bé-Bi-Bó-Bu. São Paulo: Editora Scipione, 1999.
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SILVA,Paulina Gessika Ferreira da , SANTOS, Maria Raiana Barbosa dos ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: CONCEITOS E DIFERENÇAS, ANAIS DO V Congresso nacional de educação. 2020.
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SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.
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SOARES, M. B. Alfaletrar :Toda criança pode aprender a ler e a escrever. São Paulo: Contexto, 2020.
TFOUNI, L.V. Adultos não Alfabetizados: o avesso do avesso. Campinas: Pontes, 1998.
TFOUNI, L.V. Letramento e Alfabetização. São Paulo: Cortez, 1995.
i]Professor na Rede Estadual de Ensino desde 1986, Pedagogo, Especialista em Mídias na Educação, Métodos e Técnicas de Ensino jd_moreira@partes15
[ii]Professora na Rede Estadual de Ensino, Pedagoga, Especialista em Mídias na Educação, Métodos e Técnicas de Ensino, Gestão Escolar, Mestra em Ciências da Educação. email: valdeciracolorado@hotmail.com