mostra será aberta ao público na próxima terça-feira, dia 2 de julho, às 19h, com uma conversa entre o artista gaúcho e a curadora Gabriela Motta. A exibição apresenta desenhos sobre papel algodão, uma colagem manual com recortes retirados de antigas enciclopédias de ciências naturais e um livro de artista
O Instituto Ling inaugura na próxima terça-feira, dia 2 de julho, a mostra individual Livro Verde, do artista gaúcho Michel Zózimo. Com curadoria de Gabriela Motta, a exposição apresenta 17 obras inéditas produzidas neste ano: uma colagem manual com recortes retirados de antigas enciclopédias de ciências naturais e 15 desenhos feitos em lápis aquarela e nanquim sobre papel algodão que, além de serem exibidos nas paredes da galeria do centro cultural, também são reproduzidos em um livro de artista, que leva o mesmo nome da mostra, e que ganha um espaço especial, podendo ser folheado na exibição.
A mostra levou quatro anos para ser finalizada. O espaço expositivo foi pensado para proporcionar uma experiência imersiva no universo de Zózimo, aproximando-se de um ambiente de leitura ou pesquisa, que busca reter a presença do visitante, convidando-o a dedicar um olhar demorado e detalhista ao conjunto. “Estou muito feliz com a chegada dessa hora. Passamos muito tempo entre conversas, ideias e planos. Agora, está tudo pronto e amarrado”, comemora Michel.
A abertura será às 19h, com uma conversa entre o artista e a curadora comentando detalhes sobre a concepção dos trabalhos e a montagem da mostra em Porto Alegre. Para participar do bate-papo, é necessário fazer inscrição prévia e sem custo no site institutoling.org.br. A exibição poderá ser conferida com entrada franca até o dia 11 de outubro, de segunda a sábado (exceto feriados), das 10h30 às 20h.
Nascido em Santa Maria, em 1977, e atualmente residindo na capital gaúcha, Michel sempre se interessou pelos livros e pelas possibilidades do meio impresso, utilizando páginas como suporte para seus desenhos e criações. Os livros antigos, em especial as enciclopédias, fazem parte de uma espécie de obsessão de Zózimo ao lado de outros interesses, como as ciências das coisas impossíveis.
Nos 15 desenhos exibidos no Instituto Ling, ele apresenta animais e plantas reais desconstruídos em diferentes arranjos e escalas. “O desenho abismal de Michel Zózimo engendra um espaço antes do tempo, onde um animal habita o outro, um olho de cavalo sai de uma folha, um sorriso surge no escuro da mata. Construídos mediante um processo de densidades de pontilhados, nuances cromáticas, padronagens diversas de acordo com a pele das coisas, esses trabalhos parecem vindos do avesso de um livro raro, onde o desenho não se separa da mão que o fez, e o olho que vê é o corpo inteiro”, analisa Gabriela.
Também impressiona a colagem com 80cm de altura e mais de 1 metro de extensão criada pelo artista para a exposição. A obra, que ganhou o título de Embrionários, foi construída a partir de recortes precisos de uma infinidade de seres vivos, como animais vertebrados e invertebrados, plantas, fungos, aves, peixes, répteis e insetos fosforescentes, retirados de aproximadamente 25 volumes da enciclopédia Conhecer. “O processo de colagem e justaposição dos indivíduos de papel organiza-se como uma trama indistinta e inviolável. Um caramujo desliza de trás de uma folha, um colibri farfalha as asas para voar, um guaxinim espia entre aves. Ao mesmo tempo que tudo vira uma coisa só, as finas antenas, a pena de uma asa, uma folha dentada, elas nos lembram da sua condição de papel”, acrescenta a curadora.
A mostra tem realização do Instituto Ling e do Ministério da Cultura, com patrocínio da Crown Embalagens.