Educação Ensino Ensino

Tecnologia como recurso pedagógico

Tecnologia como recurso pedagógico

José Dias Moreira[[i]]                                            

Valdecira Aparecida da Silva Moreira[[ii]]

Resumo: O presente artigo se propõe, a partir da revisão da literatura desvendar da importância dos recursos tecnológicos educacionais, seus efeitos, positivos e ou negativos. O resultado desse estudo aponta para a necessidade de investimento na formação do professor com vistas no conhecimento de métodos e técnicas de ensino envolvendo os aparatos tecnológicos.

Palavras-chave: Tecnologia. Mudanças. Professor.

 
Abstract: This article proposes, based on a literature review, to reveal the importance of educational technological resources, their positive and/or negative effects. The result of this study points to the need for investment in teacher training with a view to knowledge of teaching methods and techniques involving technological devices.
Keywords:. Technology. Changes. Teacher.

Introdução

Esse artigo emergiu de pesquisa bibliográfica, com interpretação a luz da experiência docente adquirida ao longo dos anos de 1986 a 2021,

 A relevância da pesquisa está na busca pela compreensão, objetiva o desvendar da importância dos recursos tecnológicos educacionais, seus efeitos, positivos e ou negativos.

Frente ao trabalho como professor, que atuou nos anos iniciais da educação básica por mais de três décadas, período esse vivenciando várias fases educacionais, desde o trabalho na zona rural, no qual carregava livros, cadernos, apostila em um trajeto de 20 quilômetros a pé, sem o menor recurso tecnológico, contando apenas com quadro, giz e criatividade, até o trabalho como coordenador do laboratório de informática em uma escola na zona urbana com vários equipamentos tecnológicos e formações continuada, surge a indagação quais os pontos positivos e negativos dos recursos tecnológicos na educação?

Libâneo (2004), defende que os educadores comprometidos com a transformação social precisam dispor de conhecimentos para repensar formas de funcionamento das escolas.

Wolton (2004, p. 18) afirma que “o mais importante, na informação e na comunicação, não são as ferramentas nem os mercados, mas os homens, a sociedade e as culturas”.

Pirozzi,(2013) afirma que o grande desafio para os profissionais da educação no século XXI está na utilização da tecnologia no cotidiano da sala de aula.

Do tradicional ao uso da tecnologia na educação

O labor diário do professor, consiste no olhar diferenciado para sua profissão, nesse ínterim Pirozzi, (2013) afirma que O professor pode fazer uso de diferentes tecnologias para inovar em sala de aula” ou não dependendo de sua formação, sua criatividade, suas crenças etc.

Sabe-se que para o professor que teve sua formação nos pilares da educação tradicional, a mudança pode ser um processo doloroso e sem acompanhamento pedagógico, pode causar danos inimaginável aos alunos.

Na década de 1990 a tecnologia da informação, popularmente conhecida como TIC, desenvolveu-se como a principal ferramenta para auxiliar a gestão das organizações. (SVEIBY, 2003). Em momento de metamorfose educacional a tecnologia propiciou ganho de produtividade, e redução de custos financeiros.

Libâneo (2012) destaca que a escola é influenciada pela estrutura econômica e social além das decisões políticas e relações de poder em vigor que permeiam o cotidiano educacional.

 A escola não pode eximir-se, de acompanhar as mudanças sociais de cada época. As formações continuadas nas escolas auxiliam e muito nesse processo, os momentos de roda de conversa, o apoio profissional de cada componente do grupo pode fazer a diferença entre a utilização do novo, dos recursos tecnológicos com qualidade educacional ou apenas um faz de conta.

Nesse contexto Moran (2004, p. 07) ressalta que, o campo da pesquisa, da comunicação e o da produção, que a pesquisa individual, experiências, projetos, textos, a realização de debates off e on-line contribuem para o emprego de forma coerente dos recursos tecnológicos.

Guimarães (2011) aborda que:

O significado de “conhecer” mudou, pois, em vez de ser capaz de lembrar e repetir informações, é mais importante ser competente na busca e utilização destas. Hoje se encontram padrões distintos de aprendizagem, que prometem afetar profundamente as instituições educacionais. (GUIMARÃES 2011, p.128)

Ao resistir em aprender o professor pode comprometer o andamento e objetivos educacionais é notório que os alunos a três décadas atrás aprendiam de forma diferente, viviam em cultura diferente, o fazer pedagógico de excelência nos anos 80, pode se traduzir em fracasso total nos anos de 2024, período esse de sociedade liquida, onde tudo ocorre de forma rápida, o método de decorar e repetir não tem espaço real na vida dos alunos.

Moran (2007) afirma que as tecnologias são meio, apoio, mas com o avanço das redes, da comunicação em tempo real e dos portais de pesquisa, transformaram-se em instrumentos fundamentais para a mudança na educação.

Desafios tecnológicos na educação

Moran (2009, p. 32) define que cada docente pode encontrar sua forma mais adequada de integrar as várias tecnologias e os muitos procedimentos metodológicos. Mas também é importante que amplie que aprenda a dominar as formas de comunicação interpessoal/grupal e as de comunicação audiovisual/telemática.

Sobre a importância das mudanças Macedo (2010) assegura que o indivíduo aprende de acordo com o contexto no qual está inserido.

Nesse sentido, Arruda (2020) alerta para a importância do planejamento, o envolvimento, a participação de diferentes profissionais.

Entre os desafios tecnológicos na educação, principalmente na pública está a deficiência de planejamento a médio e a longo prazo, a escassez dos recursos financeiros destinados à educação, principalmente a formação em serviço para professores.

Sobre os desafios educacionais Silva, Barreto e Silva (2017), esclarecem:

Integrar currículo e tecnologia não se resume à digitalização do conteúdo. Em outras palavras, não se trata de substituir quadro e giz por lousas digitais ou cadernos por computadores portáteis. Isso porque a mera transposição não traz nada novo às práticas escolares – é apenas uma prática tradicional “fantasiada” de inovadora. (SILVA, BARRETO e SILVA 2017, p.455).

Não basta apenas afirmar que a escola tem diversos aparato tecnológicos, sem o investimento no professor, na formação em serviço, a tecnologia por si só não produz resultados positivos. Pirozzi (2013) esclarece que:

O grande cerne para que o processo educativo dê certo, isto é, gere aprendizagem efetiva, não está no quanto de tecnologia possui a escola, muito menos, se estas tecnologias são de última geração. O diferencial está na ação / uso da mesma. (PIROZZI,2013 p.14)

Em relação as mudanças na forma de aprender dos alunos veja Pirozzi (2013):

Nos dias atuais, os alunos não são mais passivos. Eles querem construir junto com os professores, tem iniciativas e, com o advento da internet, facilitou o modo de conhecer não-linear. Os alunos, acostumados com a linguagem da internet, por meio dos hipertextos e hiperlinks, começam a fazer várias coisas ao mesmo tempo, começam leituras que não terminam e seguem outros links que mais lhe agradam e que convergem em conhecer tudo mais rápido, individualizando o processo educativo e informativo. (PIROZZI,2013 p.6).

Entre os desafios tecnológicos da educação para os professores com formação tradicional apresenta se a compreensão, o entendimento de que alunos, antes aprendiam de forma linear, nos dias atuais aprendem de forma não-linear. Isso requer novas estratégias pedagógica docente.

Considerações Finais

Entre as exigências cotidiana escolar, (Leis, Portarias, Regimentos) desponta a capacidade docente, as competências para saber transformar exigências e conhecimento da realidade em aprendizagem significativa.

Nesse processo Moran (2007) compreender que:

É importante humanizar as tecnologias: [estas] são meios, caminhos para facilitar o processo de aprendizagem. É importante também inserir as tecnologias nos valores, na comunicação afetiva, na flexibilização do espaço e tempo do ensino-aprendizagem. (MORAN, 2007. p. 38).

A escola não pode ser ditadora, cada professor deve sim, ter a liberdade de encontrar a melhor forma pedagógica de ensinar, mas isso não exime o educador de participar das formações encontros e discussões sobre a utilização dos recursos tecnológicos. Precisa-se conhecer, compreender para posteriormente colocar em prática.

Sobre a importância dos cursos e capacitação para os professores veja Pirozzi (2013)

Às vezes, nos deparamos com muita parafernália eletrônica e o professor não capacitado para utilizar as mesmas. O que é preciso urgentemente é saber como reconhecer essas tecnologias e adaptá-las as nossas finalidades educacionais (PIROZZI,2013 p.17).

Ressalta-se que o conhecimento produz transformações, que professores motivados, conhecedores do currículo escolar, da didática da utilização dos recursos tecnológicos produzem resultados extraordinários.

Investimentos financeiros em recursos tecnológicos são necessários, no entanto o investimento em formação docente, produz transformações no labor do professor.

Referências

ARRUDA. E. P. Educação remota emergencial: elementos para políticas públicas na educação brasileira em tempos de Covid-19. Em Rede – Revista De Educação a Distância. v. 7, n.1, p. 257-275, 2020.

DICIO. Significado de tecnologia. Disponível no URL: https://www.dicio.com.br/tecnologia/. Acesso em: 26 maio. 2024.

GUIMARÃES, Luciano Sathler Rosa, O aluno e a sala de aula virtual- https://drive.google.com/file/d/1ApSUdpkIsMZGzxyhJuOuzku9GuaYulQ3/preview acessado em 20 de maio 2024.

LIBÂNEO.José C. Entrevista com José Carlos Libâneo. Revista Plurais (Univ. Est. de Goiás), n. 1, jul.dez/2004.

______.J. C.; OLIVEIRA, J. F. de; TOSCHI, M. S. Educação Escolar – Políticas, Estrutura e Organização. 10.ed. São Paulo: Cortez, 2012.

MACEDO, Roberto Sidnei. Etnopesquisa crítica e etnopesquisa formação. Brasília: Liber Livro, 2010.

MORAN, J. M. OS Novos espaços de atuação do professor com as tecnologias. Revista Diálogo Educacional, Pontifícia Universidade Católica do Paraná. vol. 4, n. 12, maio/ago./2004;

______, José Manoel. A educação que desejamos: Novos desafios de como chegar lá. São Paulo: Papirus, 2007

______,J. M., Novas tecnologias e mediação pedagógica, Coleção Papirus Educação, Editora Papirus, Campinas, 16. ed., 2009.

PIROZZI, Giani Peres, Tecnologia ou metodologia? O grande desafio para o século XXI – Giani Peres Pirozzi/SESI/CEUNSP, Revista Pitágoras – ISSN 2178-8243, v.4, n.4. FINAN – Nova Andradina/MS, dez/mar 2013 Página 19

SILVA, Leonardo; BARRETO, Marcelo; SILVA, Marimar. Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) na aula de Língua Estrangeira: possibilidades para o desenvolvimento da criticidade. In: CERNY, Roseli Zen et al. Formação de Educadores na Cultura Digital: A construção Coletiva de uma proposta. Florianópolis: UFSC/CED/NUP, 2017. p. 450-468

SVEIBY, Karl Erik. A nova riqueza das organizações: gerenciando e avaliando patrimônios de conhecimento. 7. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2003.

WOLTON, Dominique. Pensar a comunicação. Brasília: Tradução de: ADGHIRNI, Zélia Leal. UnB. 2004.


[[i]]Professor na Rede Estadual de Ensino desde 1986, Pedagogo, Especialista em Mídias na Educação, Métodos e Técnicas de Ensino jd_moreira@hotmail.com

[[ii]]Professora  na Rede Estadual de Ensino, Pedagoga, Especialista em Mídias na Educação, Métodos e Técnicas de Ensino, Gestão Escolar,  Mestra em Ciências da Educação. email: valdeciracolorado@hotmail.com

Deixe um comentário