Vanessa Lopes dos Santos[*]
Simône de Oliveira Alencar**
Resumo: O presente texto é recorte de uma pesquisa de iniciação científica desenvolvida em 2021-2022 que investigou a avaliação da aprendizagem proposta no projeto pedagógico do curso de Pedagogia do IEAA. O objetivo central deste estudo é discutir a base teórica que fundamenta a temática em questão. Para isso, realizou-se uma pesquisa documental, onde os dados foram analisados por meio da técnica análise de conteúdo. Os resultados demonstraram que a avaliação desenvolvida no curso é orientada para avaliação processual, resguardando a autonomia docente.
Palavras-chave: Avaliação. Ensino. Aprendizagem. Pedagogia.
Abstract
The present text is part of a scientific initiation research developed in 2021-2022 that investigated the learning evaluation proposed in the pedagogical project of the Pedagogy course at IEAA. The main objective of this study is to discuss the theoretical basis that support the theme in question. For this, a documentary research was carried out, in which the data were analyzed using the content analysis method. The results showed that the evaluation developed in the course is oriented to processual evaluation, safeguarding teacher autonomy.
Keywords: Evaluation. Teaching. Learning. Pedagogy.
INTRODUÇÃO
A avaliação da aprendizagem escolar é uma atividade que consiste em acompanhar o processo de ensino e aprendizagem, o qual não deve ter como ponto principal a nota, mas buscar resultados positivos no alcance dos objetivos propostos.
O presente artigo é um recorte de uma pesquisa intitulada CONCEPÇÃO DE AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR: uma análise do Projeto Pedagógico do Curso de Pedagogia do IEAA, o qual fez parte do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica- PIBIC. Sabe-se que a avaliação da aprendizagem escolar é uma atividade que consiste no acompanhamento do desenvolvimento de ensino e aprendizagem, a qual deve ter como ponto principal a aprendizagem do aluno, assim também a contribuição para a construção de resultados positivos e alcance dos objetivos propostos.
Nessa perspectiva, o presente artigo objetiva relacionar a avaliação da aprendizagem no processo de construção do conhecimento, a partir da análise dos instrumentos de avaliação presentes no PPC do curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade Federal do Amazonas, campus de Humaitá – Am. Para isso, foi necessário delinear objetivos específicos, os quais estavam voltados para identificar os princípios norteadores da avaliação da aprendizagem presente no PPC de Pedagogia do IEAA, analisar os instrumentos avaliativos que o PPC orienta e descrever o sistema de avaliação do processo de ensino e aprendizagem expresso no PPC. A abordagem da pesquisa é qualitativa com base em Minayo (2007).
De acordo com os objetivos propostos, a análise documental foi escolhida, como Ludke e André (2013) afirmam que apesar de pouco usada e explorada, constitui-se em uma técnica valiosa de abordagem de dados qualitativos, seja complementando as informações obtidas por outras técnicas, seja desvelando aspectos novos de um tema ou problema.
DA AVALIAÇÃO À CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO
A avaliação da aprendizagem se tornou um instrumento importante na vida do professor, pois é a partir deste, que o mesmo pode acompanhar a evolução dos alunos ao longo do processo de ensino-aprendizagem. Infelizmente, nos dias atuais, a avaliação é vista como instrumento, cujo o objetivo é classificar, mas se formos nos aprofundarmos no que vem ser o ato avaliativo, nos depararemos com uma concepção diferente, a qual vem buscar ajudar o aluno no seu processo de ensino e aprendizagem.
O ser humano age em função de algum resultado, seja econômico, material, político, amoroso, ou até mesmo o simples prazer de viver o momento. Ou seja, age para suprir uma carência. […] (Luckesi, p. 171)
Avaliação da aprendizagem e prática docente estão inteiramente ligados, pois a partir do ato de avaliar, o professor tem a noção se seus alunos estão aprendendo ou não. A partir disso, o professor age em função de que seus alunos precisam obter êxito no processo de construção de conhecimento.
A concepção de avaliação vem fazer com que os professores pensem e formulem métodos/estratégias para proporcionar melhor aprendizagem aos alunos. Por isso, os tipo de avaliação comuns no ambiente acadêmico sã: a formativa e a diagnóstica. Avaliação diagnóstica tem como função identificar os conhecimentos prévios de cada aluno, assim possibilitando a detecção das dificuldades apresentadas. Enquanto a formativa, também conhecida como processual, segundo OLIVEIRA (2018) ressalta que:
[…] tem a finalidade de proporcionar informações acerca do desenvolvimento de um processo de ensino aprendizagem. Este tipo de avaliação incorpora o ato de ensinar integrar ação, isto é, contribui para melhorar aprendizagem, pois informa o professor sobre o desenvolvimento da aprendizagem e ao aluno sobre o seus fracassos e sucessos, permitindo analisar situações, reconhecer e corrigir seus erros nas suas tarefas. (p. 5)
A partir desse tipo de avaliação, o professor tem a oportunidade de buscar estratégicas que busquem suprir a necessidade de cada aluno, de acordo com o que foi observado. Avaliar tem relação com o acompanhamento do processo de construção do conhecimento do aluno, e assim, na intervenção com intuito de gerar conhecimento.
Tanto o aluno, quanto o professor se tornam responsáveis pela construção do conhecimento, não é algo exclusivo de uma determinada parte. No momento em que o professor busca estratégias/métodos, ele abre um leque de possibilidades ao seu aluno de aprender da maneira mais eficaz possível. Além do aluno descobrir seu nível de aprendizagem, observando em si o que tem aprendido e o que precisa melhorar nesse processo de obtenção de conhecimento.
Há inúmeras críticas quanto o uso da avaliação educacional, e uma delas é o paralelo entre a ação avaliativa e as diferentes manifestações pedagógicas. Muitas vezes, ocorre que alguns educadores usam a avaliação de forma arbitrária, onde somente ele tem o “poder” de decisão e opinião. É importante ressignificar essa prática educativa, pois assim evitaremos a continuidade de uma avaliação arbitrária e autoritária, pensando na construção de conhecimento dos alunos.
Existem vários significados que são atribuídos ao termo avaliação, entre eles estão: análise do desempenho, o julgamento de resultados, medida de capacidade entre outros. A concepção de avaliação que se tem até os dias de hoje é de que esta serve para atribui notas e também é tida como uma espécie de julgamento de valores que devem ser alcançados. Com isso, pode-se perceber que há uma grande parcela significativa de reprovação, pois inúmeros educadores só se preocupam com a questão quantitativa que envolve notas e aprovação.
Hoffmann (2005) diz que:
A dicotomia educação e avaliação é uma grande falácia. São necessárias a tomada de consciência e a reflexão a respeito desta compreensão equivocada de avaliação como julgamento de resultados, porque ela veio se transformando numa perigosa prática educativa.
Ou seja, a avaliação que deveria ser instrumento de ajuda na construção do conhecimento, se tornou uma espécie de julgamento no âmbito educacional. A avaliação é essencial à educação, pois é a partir dela que o professor tem a liberdade, juntamente como o aluno, de problematizar, questionar e assim fazer uma reflexão sobre a prática avaliativa.
Avaliar deve significar acompanhar o processo de construção do conhecimento do aluno, ou seja, observar; investigar; observar; refletir; agir; assim também buscar métodos pedagógicos de intervenção que promovam essa construção. O trabalho de promoção de conhecimento através da avaliação é importante, pois ajuda o aluno a conhecer e ter uma visão de mundo de forma crítica.
A concepção de avaliação presente no PPC de Pedagogia do IEAA ainda é oculta, pois não há presença de uma concepção dentro do documento, apenas exibe como princípio norteador a autonomia docente em escolher quais os instrumentos avaliativos eles irão usar, quando forem elaborar seus planos de ensino. Por isso, externo a necessidade da elaboração mais trabalhada, no que diz respeito ao quesito avaliação, dando ênfase nos tipos que existem e podem serem usados pelos docentes, tendo em vista que o PPC de pedagogia é um documento considerado norteador.
O Projeto Pedagógico de Curso de Pedagogia do IEAA
As Instituições de Ensino Superior possuem vários níveis e formas de planejamento, que estão voltados para o Planejamento Estratégico, Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), Projeto Pedagógico Institucional (PPI), Projeto Pedagógico de Curso (PPC), Programa de Disciplina/Plano de Ensino/Programa de Aprendizagem e Plano de Aula. O PPC, objeto de estudo e análise, contém e se materializa todas as políticas contida no PPI, no qual estão presentes as políticas educacionais, Diretrizes Curriculares Nacionais correspondente a determinada área, assim como está presente no currículo e na avaliação.
Ao analisar o Projeto Pedagógico do Curso (PPC) como objeto de estudo, foi possível observar que ainda são poucos os procedimentos de avaliação presentes. Durante a análise foi possível observar à presença de apenas 6 procedimentos, que são: seminários, prova individual, estudo de caso, encontros, produção de artigos científicos e iniciação à pesquisa. Apesar da pouca diversificação de procedimentos avaliativos, os que estão presentes são ser levados em consideração com significância no momento de avaliar os discentes, pois estão presentes na maioria dos planos de ensino.
Pode-se observar que dentro da sala de aula, os professores usam uma diversidade de procedimentos, não se prendendo totalmente ao que está presente no PPC. Isso se dá por conta de que, alguns professores buscam promover a construção do conhecimento, ou seja, buscam estratégias diferenciadas para ajudar os seus alunos a obterem notas e assim passarem, mas acima de tudo construírem uma bagagem maior de conhecimento.
Tendo em vista que o princípio norteador presente no PPC de Pedagogia do IEAA é integralmente a autonomia do professor na construção de suas disciplinas, é recomendado que estes realizem avaliações processuais que considerem tanto estratégias individuais quando escritas como mecanismo formal de avaliação da aprendizagem, assim também coletivas, sempre buscando a melhor formação para o aluno.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A prática avaliativa deve ser contínua, processual e que esteja focada no desenvolvimento e construção do conhecimento de cada aluno. A avaliação deve ser vista como uma colaboração na busca da construção de uma bagagem de conhecimento. No entanto, não é assim, já que muitas vezes utilizam apenas para atribuir notas e aprovar o aluno, não levando em consideração se reste realmente aprendeu.
Com a análise do PPC do curso de Pedagogia do IEAA, foi possível observar que apesar de serem poucos os procedimentos presentes, os docentes procuram não se prender apenas à eles, mas buscam uma diversificação. Alguns ficam realmente na construção do conhecimento, enquanto outros deixam a desejar, focam apenas na atribuição de notas aos seus alunos.
Concluímos que, a avaliação de forma processual, diagnóstica formativa e contínua, são essenciais para o processo de ensino e aprendizagem. Avaliar não é examinar por provas, levando a classificação e atribuição de notas, mas sim diagnosticar e perceber o que ainda não foi assimilado pelo aluno, fazendo assim que ambas as partes desempenhem papeis importantes no processo de aprendizagem dos alunos.
REFERÊNCIAS:
HOFFMANN, Jussara Maria Lerch. Avaliação: mito e desafio: uma perspectiva construtivista. Porto Alegre. 35ª ed. Mediação. 2005.
OLIVEIRA, Vanuza Cecilia de. Avaliação da Aprendizagem Escolar como construção do conhecimento.
LUCKESI, Carlos Cipriano. Avaliação da aprendizagem escolar. 22 ed. São Paulo: Cortez, 2011.
LUDKE, Menga. ANDRE, Marli E.D.A. A Pesquisa em educação: abordagens qualitativas.2 ed. Rio de Janeiro: E.P.U.2013.
MINAYO, M. C. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. RJ: Abrasco, 2007.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS – UFAM. Projeto Pedagógico do Curso. Pedagogia. Humaitá, 2014.
[*] Graduanda em Pedagogia, no Instituto de Educação, Agricultura e Ambiente (IEAA), da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). E-mail: vanessa015lopes@gmail.com
** Pedagoga. Doutora em Educação, pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Professora do Instituto de Educação, Agricultura e Ambiente (IEAA), da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). E-mail: simonealencar@ufam.edu.br