LES LUTHIERS
Les Luthiers é um grupo musical e cômico argentino criado em 1967.
A exemplo do Swingle Singers, sua formação foi sendo alterada ao longo do tempo, mas sempre contando com exímios instrumentista-comediantes.
Além de tocarem vários instrumentos, eles também criavam outros, o que faz jus à denominação do grupo.
Seus esquetes transitam entre a fina ironia, o escracho, a mímica e a quase pantomima, sempre trajados a rigor.
Seus espetáculos têm cenários espartanos, o que valoriza sobremaneira suas atuações, unicamente realçadas pela iluminação cênica.
Recentemente, voltei a vê-los pelo YouTube, sendo impossível, ao menos para mim, não me divertir com as “imortais” obras musicais de Johann Sebastian Mastropiero, ou com as pregações ambíguas de Warren Sánchez.
Em 1976 eles se apresentaram no Brasil, creio que pela primeira vez.
O impacto de sua presença e carisma levou um deles, Daniel Rabinovich, a estrelar uma campanha publicitária nacional.
Assim como minha formação favorita dos Três Patetas é Moe, Larry e Curly ou Shemp, também tenho minha preferência, no caso do Les Luthiers: além de Daniel, Jorge Maronna, Carlos López Puccio, Carlos Núñez Cortés e Marcos Mundstock, com sua voz poderosa de cantor de tango.
Por conta desse reencontro midiático, fui pesquisar sobre eles, para tristemente constatar que Daniel e Marcos nos deixaram em 2015 e 2020, respectivamente.
Eles protagonizaram algumas das melhores performances do grupo, com expressões e diálogos hilários, baseados em jogos de palavras e males entendidos.
Por sorte, vídeos dessa formação do Les Luthiers estão disponíveis na internet.
Para melhor entender e apreciá-los é preciso sincronizar com a velocidade do castelhano portenho e, vez ou outra, parar para procurar o dicionário ou pesquisar sobre as gírias argentinas, mas nada que impeça de acompanhar com prazer e vontade de ver o próximo episódio.
Sempre fico surpreso com a qualidade dos artistas e das produções argentinas, reconhecida internacionalmente com vários prêmios em todas as sete artes, com destaque para a literatura e o cinema.
Sou fã de Ricardo Darín, Luisana Lopilato, Norma Aleandro e Guillermo Francella, para citar alguns.
Buenos Aires, a mais europeia das cidades da América do Sul, talvez seja uma das cidades com maior quantidade de bibliotecas e livrarias do mundo!
Esse clima seguramente contribuiu para a formação artística dos membros do Les Luthiers, cuja a arte e humor não envelhecem, o que ajuda a compensar a ciência de que somos apenas passageiros por aqui.
Ainda bem que hoje existem meios acessíveis para que saudosistas relembrem, e as novas gerações conheçam gente que fez algo que realmente mereça ser lembrado.
Adilson Luiz Gonçalves
Escritor, Engenheiro, Pesquisador Universitário e membros da Academia Santista de Letras
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