* Alvarina Nunes
Velha para escrever? Claro que não! Tudo acontece na hora certa. Todas as coisas contribuem para aqueles que amam a Deus. A velhice não se reduz a uma simples etapa de descanso. Exige reinvenção. A expectativa de vida mudou as perspectivas. Além disso, quem confia em Deus não envelhece, mas se renova a cada dia. Veja o que Ele nos fala em Isaías 40.29-31: “Faz forte ao cansado e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor. Os jovens se cansam e se fadigam, e os moços de exaustos caem, mas os que esperam no Senhor renovam as suas forças, sobem com asas como águias, correm e não se cansam, caminham e não se fadigam”.
Hoje não quero falar do meu tempo como se fosse passado. O meu tempo continua presente: aqui e agora. Vivo tão ou mais plenamente do que antes. De fato, a vida continua. Cada momento atual tem um peso de eternidade. Nosso tempo é tão agora como o da criança, do adolescente e do adulto. São apenas dimensões diferentes. Meu agora é de plenitude. Essa visão plena me deu coragem para escrever meu primeiro livro, “Tesouros escondidos”, aos 69 anos. Depois de terminar, o coloquei em uma gaveta. Na verdade, escrevo desde criança, mas foi na terceira idade, assistindo uma palestra da Deputada Liziane Bayer, na qual ela instigava aqueles que tinham um projeto guardado a não deixa-lo morrer, que senti um soco na minha passividade. No dia seguinte, procurei uma editora e dias depois assinei o contrato.
Deus nos dá dons e talentos para serem usados. O processo foi algo inusitado. Minha conexão com as pessoas, com as redes sociais, ainda era muito lenta. Então, conheci a LC, fiz o Curso Escritores Admiráveis e tive uma virada de 180 graus. Deus realiza sonhos! Sigo escrevendo livros. Por outro lado, a frase “velha para escrever” ecoa muitas vezes em nossa sociedade, como se a idade fosse um obstáculo intransponível para a expressão artística. Isso está longe da verdade. Durante a jornada da vida, acumulamos experiências, sabedoria e perspectivas únicas. Quando nos encontramos em nossos anos mais maduros, carregamos conosco uma bagagem de conhecimento que vai além das salas de aula. É algo que vem da vivência, da superação e da reflexão sobre as escolhas ao longo do caminho.
No meu caso, o preconceito nunca me atingiu, nem vou permitir que ele interfira na minha escrita. Para Einstein, a criatividade é a inteligência se divertindo. Eu diria: basta observar ao seu redor, e poderá encher o mundo de livros. A riqueza do presente é saber aproveitar as oportunidades; pois não existe idade, nem limites que possam nos impedir de ser um sucesso. Precisamos aprender a desengavetar nossos sonhos e projetos, torná-los uma realidade, enquanto estamos vivos. Devemos recordar o passado com saudade e gratidão, viver o presente com paixão e intensidade, e nos abrirmos para o futuro com confiança e esperança.
* Alvarina Nunes tem 74 anos, é química, fez cursos de teologia e publicou recentemente “Por que sofre a humanidade?”