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Desafios Da Prática Docente Na Educação Inclusiva

 

Desafios Da Prática Docente Na Educação Inclusiva.

 Jefferson Aristiano Vargas[1]*

Luana Caroline Caron  da Silva*

Resumo

Nos últimos anos o termo educação inclusiva tem sido citado constantemente nos fóruns de educação, palestras, e inclusive se tornou disciplina obrigatória nos cursos de licenciatura. Por unanimidade, entende-se que a inclusão da pessoa com deficiência é de extrema importância para toda a sociedade, além de ser um direito assegurado pela constituição federal, porém na prática, se vislumbra nas salas de aula alunos com deficiência desassistidos, esquecidos nos “cantos” das escolas, profissionais sobrecarregados sem o mínimo de formação ou condições de trabalho, com sua carga horária abarrotada, onde planejar com inclusão se torna um desafio praticamente impossível de ser cumprido. palavras chave: inclusão, escola, pessoa com deficiência.

Abstract

In recent years, the term inclusive education has been constantly mentioned in education forums, lectures, and has even become a mandatory subject in undergraduate courses. Unanimously, it is understood that the inclusion of people with disabilities is extremely important for society as a whole, in addition to being a right guaranteed by the federal constitution, but in practice, unassisted students with disabilities are seen in the classrooms, forgotten in the ” corners” of schools, overworked professionals without the minimum of training or working conditions, with their overcrowded workload, where pla[2]nning with inclusion becomes a practically impossible challenge to be fulfilled.

keywords: inclusion, school, person with disability.

1. Introdução

Por ser disciplina obrigatória nos cursos de licenciatura, a atenção dos acadêmicos tem se voltado para os alunos com deficiência nas salas de aula, sabendo desses desafios que virão durante a carreira docente, é preciso entender quais são os problemas que impedem que a educação inclusiva seja efetiva, cumprindo seu papel social como deveria, que é capacitar de fato esses discentes para que sejam de fato incluídos na sociedade, alcançando seus postos de trabalho, seus anseios e independência plena através do exercício de todos os seus direitos.

O Brasil é um país extremamente capacitista, onde se investe bem mais em ações paliativas do que em meios de igualar o acesso aos direitos da população, e uma das principais causas desse problema está na falta de conhecimento, então sendo as escolas as principais propagadoras de conhecimento, é preciso ouvir essa comunidade para entender o que de fato impede hoje a inclusão. Entretanto é necessário ressaltar que o que vemos nas escolas é apenas um dos reflexos da falta de conhecimento em todas as instâncias.

A falta de investimentos em educação faz com que ocorra um ciclo vicioso em nossa sociedade, por não se ter conhecimento acerca das limitações, cada vez mais segregando essas pessoas na sociedade.

O próprio MEC denuncia que: “o que tem acontecido em nome dessa suposta socialização, é uma espécie de tolerância da presença do aluno em sala de aula e o que decorre dessa situação é a perpetuação da segregação, mesmo que o aluno esteja frequentando um ambiente escolar comum” (BRASIL, 2006, p. 73).

Então, se o órgão que deveria direcionar os parâmetros de direcionamento para as instituições de ensino tem tal afirmação, que tipo de resultado se espera nas salas de aula?

O termo “educação inclusiva” por si só já denuncia um fracasso para a sociedade, que demonstra o quanto o ser humano que tem capacidades inatas de viver em sociedade ainda não o sabe fazer, pois só há sentido de se estar em um grupo na medida em que se preserva individualidade de cada um de seus componentes, então se precisamos ainda passar por essa transição e incluir cidadãos, nossas falhas estão absurdamente evidentes.

O termo incluir não significa tornar igual, mas dar espaço para todas as diferenças, formas de vida e expressão. Afirmar através dessas diferenças que todos têm igualdade de direitos e o mesmo valor humano perante todo o mundo, tendo igualdade de oportunidades. Todas as instituições de ensino deveriam ter como base tais princípios. é o que todos deveriam desejar e buscar com todas as forças. Entretanto, só funcionará de fato e deixará de ser algo utópico, quando o conjunto desde a mais alta hierarquia até os confins onde há pessoas desassistidas funcionassem falando a mesma língua, numa sincronia mútua.

A grande e desafiadora dificuldade está em como implementar este princípio, pois não há grandes discordâncias quanto ao desejo de que o ambiente educacional seja inclusivo. Pode até parecer um tanto óbvio, como se educação e inclusão fossem partes naturais de um único significado.

Basta, porém, um olhar mais atento para o dia-a-dia das instituições de ensino para encontrar seus fracassos diários, as contradições entre o que é dito e praticado são gritantes. Surgem os fatores limitantes. Sensação é de que é impossível praticar a inclusão da maneira que a legislação prevê . E o que parecia certeiro, transforma-se em dúvida.

DESENVOLVIMENTO

Para entender esses desafios da melhor forma, o caminho é ouvir quem está diariamente lidando com esses estudantes e vivenciando suas realidades, ou seja os profissionais das escolas em questão. foram ouvidos vários professores de disciplinas diferentes lotados na rede estadual de do estado de Rondônia, além de profissionais de apoio acerca da educação inclusiva, a quem foram feitos questionamentos tais como: como enxerga a inclusão nas escolas atualmente? Enquanto professor você faz atividades adaptadas para alunos com deficiência? Quais propostas teria para que a inclusão seja de fato eficaz?

Houve uma unanimidade absoluta nas respostas. primeiramente, todos acreditam que os alunos com deficiência hoje estão excluídos dentro das escolas, sem que suas habilidades sejam desenvolvidas, concordam que a inclusão precisa ser feita, porém hoje ela é um fracasso infelizmente, muito poucos contam experiências exitosas quando dizem respeito a inclusão, nenhum profissional demonstra satisfação com o que vê atualmente. Todos os professores entrevistados disseram que procuram sempre fazer atividades adaptadas de acordo com as necessidades de cada aluno, porém esbarram numa formação onde não sabem como desenvolver tais atividades, não conhecem sobre as necessidades de cada aluno, o que seria eficaz em cada caso, também contam com uma carga horária exaustiva, onde já é extremamente difícil planejar as atividades cotidianas, para alunos típicos, então não tem tempo hábil para estudar sobre o assunto, e planejar atividades que englobam cada dificuldade e proporcione o acesso a educação para todos os alunos, sem exceção. a falta de formação continuada na área da educação inclusiva foi outra observação muito ressaltada pelos profissionais, tanto professores como equipe pedagógica, muitos nem se lembram de quando foi sua última formação na área, por vezes nem sabendo dizer se já teve uma, o que é mais grave: Muitos não sabem nem o diagnóstico dos alunos com deficiência que são admitidos na rede de ensino e estão nas escolas nesse momento. quando o assunto são propostas para a melhora no quadro, ah! elas fluem! e como!  uma avalanche de idéias que, quando se ouve, é impossível crer que foram ouvidas pela “alta cúpula” da educação, porque se fossem, com certeza não teríamos mais nenhum problema quanto a inclusão! Oferta de formação continuada para todos os profissionais da educação, para que possam ter conhecimento acerca do potencial desses alunos e como contribuir para que suas habilidades aflorem, diminuição da carga horária, principalmente quando este professor tenha alunos atípicos, para que possam buscar informações, planejar suas atividades com perfeição, sempre com tempo hábil para aprender com o protagonista da questão que é o próprio aluno, podendo ouvir seus anseios, suas dificuldades, particularidades. Como disse Paulo Freire: “Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino … Enquanto ensino, continuo buscando, reprocurando”. isso é endossado por todos os profissionais ouvidos. Também muito citado foi que, nas salas de aula onde há alunos atípicos, seria importante que não houvesse tantos alunos fazendo da superlotação um empecilho, pois ali o professor não consegue atuar como o aluno precisa, com atenção e respeitando seu tempo de aprendizagem, o que já é garantido por lei, porém a mesma lei garante a matrícula de todos que procuram a escola pública, mas não é cumprida quando não se contrata profissionais o suficientes para atender a todos com qualidade, ou quando não há espaço físico o suficiente e adaptado para que todos possam ter conforto e liberdade de locomoção.

Esta fase de transição, em que se introduz para uma nova prática de ensino inclusivo, ainda tem um longo caminho a percorrer. O caminho para a mudança está longe de ser unânime. Há um consenso sobre a importância da escola ser inclusiva, aberta e democrática, mas não há uma ideia única de como chegar ao ponto. O processo educativo jamais será algo padrão, porque os profissionais e alunos, famílias, comunidades, enfim, também são diferentes, e carregados de contradições. Os embates devem ser vistos como parte do processo, pois a unanimidade, além de difícil alcance, nem sempre é inclusiva.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 A concretização da educação inclusiva só ocorrerá com a participação e posicionamento político de seus envolvidos, professores, pais, alunos, gestores e comunidade O direito legal já existe, é necessário iniciá-lo para fazê-lo de fato efetivo. Uma mudança concreta e duradoura ocorrerá  na medida em que uma parceria entre as comunidades, as escolas, as universidades, instituições jurídicas, segurança pública, saúde e o governo, criar condições para um diálogo e conscientização permanentes, levar a todos os componentes da sociedade a consciência de seu papel na inclusão. É um embate educacional, mas sobretudo social e político, uma vez que somente a pressão social garantirá políticas públicas efetivas e um aporte orçamentário onde a educação seja realmente uma prioridade, como em todas as campanhas se torna promessa, porém nunca vimos algo efetivo quanto ao orçamento da educação. A educação tem que ser objetivo permanente. tornar a escola inclusiva só é possível onde há consciência de respeito a qualquer tipo de diferença. precisamos ter como foco apenas o termo educação e a inclusão ser uma consequência de um trabalho bem feito, não um empecilhos ser vencido, todas as mudanças que ocorreram ao longo da história se iniciaram com posicionamentos, principalmente sociais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AINSCOW, M. Desarollo de escuelas inclusivas. Madri: Narcea, 2001

 BRASIL. Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Brasília: MEC/SEESP, 2001.

BRASIL. Declaração de Salamanca e linha de ação sobre necessidades educativas especiais.

Brasília: UNESCO, 1994.

BRASIL. Ministério da Educação. O Desafio das Diferenças nas Escolas. Boletim 21. MEC, 2006.


* Professor de Pedagogia do IFRO (Instituto Federal de Ensino Ciências e Tecnologia de Rondônia), Mestre em Ensino de Ciência e Humanidades pela UFAM. E-mail: jefferson.vargas@ifro.edu.br.

*Acadêmica do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas- IFRO. E-mail: luanacaron701@gmail.com

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