Por José Otávio Menten
Pitaya é uma fruta não muito conhecida no Brasil. Seu aspecto é muito atraente. Apresenta a forma arredondada, tamanho médio variável de 80 g a 600 g podendo atingir peso superior a 1 kg, cor da casca variando de amarela até vermelha, polpa branca ou vermelha/roxa, sabor doce, delicado, agradável e muito nutritiva. Pode ser consumida como fruta fresca ou como suco, geleia, sorvete, caipirinha e outras bebidas. É uma cactaceae, semelhante ao “figo da índia”. Tem hábito trepador, podendo ser cultivada em espaldeira ou estacas. Existem diversas espécies e variedades. Também é chamada de fruta dragão. Sua flor é muito bonita, podendo ser branca ou vermelha. Começou a ser cultivada comercialmente no Brasil a partir de 2000. Atualmente existem pomares desde o Rio Grande do Sul até Pará e Amazonas. Também é cultivada em diversos países da América do Sul e Central, além de Israel, EUA e países asiáticos como China e Indonésia, Vietnã, Malásia, Taiwan, Tailândia, Japão, índia, Filipinas e Coreia do Sul.
Estima-se que a área cultivada com pitayas no Brasil seja de 4000 ha, principalmente entre pequenos produtores. A produção anual é de cerca de 40.000 toneladas, comercializadas nas CEASAs e localmente. Tem potencial para exportação. O custo no mercado varia muito, mas a média tem sido de R$ 12,00 por quilo para o consumidor. Para o produtor, o valor recebido também varia, alcançando a média de R$ 6,00/kg,
A cultura vem sendo estudada em diversas instituições como a EMBRAPA Cerrados, UFLA, EPAGRI, UFVJM, APTA, EMPAER, etc.
Já existe uma associação de produtores: APPIBRAS (Associação de Produtores de Pitayas do Brasil), que recentemente realizou seu 2º Simpósio Brasileiro na ESALQ/USP, em Piracicaba, reunindo pesquisadores, professores, extensionistas, estudantes e principalmente produtores de todo o Brasil, além de fabricantes de insumos agrícolas.
Como toda planta cultivada, está sujeita a doenças, causadas por fungos, bactérias, vírus e nematoides. O assunto vem sendo abordado em pesquisas e observações de campo e está consolidado em três importantes publicações: Pitaia no Brasil: nova opção de cultivo (EPAGRI, 2022), Pitaya: uma alternativa frutífera (EMPAER, EMBRAPA, UFLA, 2021) e Cultivo de pitaia (EPAGRI, 2020). Existem 17 gêneros e 30 espécies de fitopatógenos que podem afetar cladódios, frutos e raízes/colo das pitayas, causando danos que podem ser muito elevados.
No Brasil, todas as espécies e variedades cultivadas são suscetíveis a diversos patógenos, havendo necessidade de muita pesquisa e mais extensão/transferência de tecnologia, para que as “Boas Práticas Agrícolas” sejam adotadas pelos produtores. A doença que mais preocupa é o cancro ou podridão negra, causada por Neoscytalidium dimidiatum; nas atuais publicações o patógeno ainda não é descrito no Brasil, devido a dificuldade de diagnóstico preciso. Mas há consenso que deve ser endêmica e precisa ser estudada com profundidade. As outras doenças descritas no Brasil são causadas por fungos (antracnose, mancha de curvularia, mancha de Alternaria, mancha marrom ou olho de peixe, mancha dos cladódios, podridão do colo e dos frutos, podridão por Fusarium, podridão do fruto ou de Bipolaris), bactérias (podridão mole ou pectobacteriose), vírus (virose X dos cactos) e nematoides (meloidoginose); também ocorre uma doença não infecciosa: dano por sol.
Para reduzir ou evitar os danos causados pelas doenças deve-se utilizar o manejo integrado, onde todas as medidas disponíveis devem ser usadas simultaneamente ou em sequência. Estas medidas podem ser genéticas (cultivares resistentes), químicas (pesticidas químicos), biológico (fungicidas e nematicidas biológicos), culturais (impedir a entrada dos patógenos, escolha do local de cultivo, mudas sadias, adubação química e orgânica adequadas, controle da irrigação e erradicação/limpeza do pomar, retirada de restos florais, eliminação de hospedeiros alternativos, assepsia das ferramentas, evitar ferimentos dos cladódios e frutos, proteção e lavagem dos frutos) e físicos (tratamento térmico dos frutos, armazenamento dos frutos em baixas temperaturas e solarização do solo em área infestada). Por ser um CSFI (Cultura com Suporte Fitossanitário Insuficiente) ou “minor crop” não existem pesticidas químicos registrados. Entretanto, existem fungicidas e nematicidas biológicos registrados, já que para estes pesticidas o registro é apenas para os organismos alvo,
Utilizando esses cuidados, é possível manter as plantações sadias e com boa produtividade, contribuindo para maior receita dos produtores e melhor qualidade dos frutos disponibilizados para os consumidores.