Cultura

DARCY RIBEIRO GANHA EDITAL E EXPOSIÇÃO PELO SEU CENTENÁRIO

Índios no Xingu, Yawalapiti

O edital “100 anos Darcy Ribeiro” será lançado no dia 26 de outubro, quando se comemora o centenário de nascimento do antropólogo, historiador, sociólogo, escritor e político brasileiro, que viveu entre 1922 e 1997.

Realizado pela Muriqui Cultural, em coprodução com a Zucca Produções, apoio do Oi Futuro e patrocínio da Oi com uso da Lei Estadual de Incentivo à Cultura – Lei do ICMS, o edital prevê a distribuição de cinco prêmios no valor, cada um, de R$ 50 mil, totalizando R$ 250 mil distribuídos para empreendedores culturais do Estado do Rio de Janeiro.

Patrocínio do Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, via Lei Estadual de Incentivo à Cultura.

O lançamento será realizado na na Biblioteca Parque Estadual, junto com a abertura da exposição “Darcy Ribeiro: dos Kadiwéu ao Quarup”, com curadoria do antropólogo, fotógrafo e pesquisador Milton Guran. A mostra terá curtíssima temporada, só até 8 de novembro, e contará com monitores habilitados em LIBRAS, todo o conteúdo escrito da exposição sob a forma de texto falado e LIBRAS, além de audiodescrição dos espaços. Além disso, o teatro disponibiliza elevador e banheiros adaptados.

“Ao criar esse edital, imediatamente pensamos nas múltiplas vertentes de um brasileiro com tantas contribuições para o país. O que ressaltar: O antropólogo que lutava pela preservação da cultura indígena? O educador que sonhava com uma educação universal, de alta qualidade e acessível a todos? O político com tantas realizações na área da educação e da cultura? O escritor imortal que discutia questões profundas do Brasil e seus pares? Diante de tanta abrangência, consideramos que o projeto deveria, prioritariamente, deixar essa decisão para outros realizadores, distribuindo prêmios em um edital para produtores culturais do Estado do RJ inscreverem projetos sobre Darcy em qualquer área e formato”, explica o coprodutor Julio Zucca, da Zucca Produções.

Ao mesmo tempo, Zucca e Luiza Carino, da Muriqui Cultural, decidiram lembrar dos primeiros passos do jovem antropólogo que estudou o povo indígena Kadiwéu, com uma exposição audiovisual imersiva inédita e, ainda, realizar um ciclo de debates sobre as ideias dele na Educação. “Acreditamos que Darcy gostaria de receber essa homenagem, variada como a sua obra”, completa Carino.


Inscrições até 27 de novembro

As inscrições seguem até o dia 27 de novembro. O importante é que a proposta tenha ligação com a vida e / ou com a obra de Darcy Ribeiro. As inscrições são gratuitas e devem ser feitas no site www.100anosdarcyribeiro.com.br. Em caso de dúvidas, os candidatos podem escrever uma mensagem para o e-mail: 100anosdarcyribeiro@gmail.com

Podem participar pessoas jurídicas (associações, MEI, sociedades, fundações e empresas individuais de responsabilidade limitada), com ou sem fins lucrativos, que desenvolvam atividades artístico-culturais. As propostas podem ser inscritas para gerar qualquer tipo de produto – livros, filmes, sites, álbuns musicais, vídeos, intervenções artísticas, podcasts, entre outros – ou evento cultural, como exposições, feiras, seminários, simpósios e espetáculos presenciais ao vivo. Serão aceitos também projetos de pesquisa, desde que o resultado seja disponibilizado gratuitamente ao público. As produtoras contempladas terão seis meses para realizarem suas propostas e disponibilizarem-na para o público.

O projeto “100 anos Darcy Ribeiro” tem como objetivos: celebrar e marcar o centenário do genial personagem da história do Brasil recente; fomentar a produção cultural do Estado do Rio, com estímulo a produtores culturais de todo o estado fluminense; estimular pesquisas e realizações culturais sobre a importante obra e a vida de Darcy Ribeiro; proporcionar uma imersão em uma das culturas indígenas mais instigantes do Brasil; e promover um ciclo de palestras e debates sobre as ideias e atuações de Darcy no campo da educação.

Centenário com mostra “Darcy Ribeiro: dos Kadiwéu ao Quarup”

A imersão na cultura indígena da tribo dos Kadiwéu, cuja reserva fica na fronteira do Mato Grosso do Sul com o Paraguai, tem um motivo. No final dos anos 1940, Darcy Ribeiro fez minuciosa pesquisa de campo sobre a etnia dos Kadiwéu, entre os anos de 1947 e 1948, logo que ingressou no extinto Serviço de Proteção aos Índios (SPI).

O resultado desse estudo foi documentado por ele no livro “Kadiwéu: ensaios etnológicos sobre o saber, o azar e a beleza”, com descrições das relações familiares desse grupo indígena, das estratégias que empregam para a proteção de suas terras, dos mitos que integram seu universo de crenças, dos seus cantos xamanísticos, das pinturas feitas em seus corpos e também nas cerâmicas.

Darcy também falou sobre os Kadiwéu em “Confissões”, seu livro de memórias, no qual revelou que aprendeu com eles que “só uma identificação emocional profunda pode romper as barreiras da comunicação, permitindo a um estranho penetrar a intimidade que atingia praticamente o máximo a que pode aspirar um antropólogo no seu esforço por ver o mundo com os olhos do povo que estuda”.

Para Milton Guran, “Darcy Ribeiro pensou o país com muito amor, com muita competência, com muita erudição, com muita pesquisa, com muita reflexão. São poucos os países que produziram intelectuais capazes de esquadrinhar a sua história e sua formação social como Darcy fez com o Brasil: na política, na educação, na educação básica, na universidade. Darcy é um monumento intelectual da nossa identidade nacional. Celebrá-lo é celebrar a nós mesmos”.

Logo no foyer do teatro da Biblioteca Parque, haverá um texto de apresentação e uma linha do tempo com fotografias. A exposição será dividida entre sete núcleos: A Saga do Kadiwéu (com trechos do documentário “A nação que não esperou por Deus”, da cineasta Lúcia Murat, de 2015), cenas da vida cotidiana, dança, grafismo, guerreiros e ceramistas, os Kadiwéu de hoje, Rondon e Lévi-Strauss. Completam a mostra uma pequena, porém exemplar, seleção de peças de cerâmica – uma das faces mais ricas da cultura Kadiwéu – e a documentação da grande festa dos povos originários em homenagem aos mortos ilustres, o Quarup do Xingu.

Além do edital e da exposição, o projeto “100 anos Darcy Ribeiro” prevê a realização de um ciclo de palestras e debates sobre as ideias e realizações de Darcy na área da educação, sob a coordenação da Fundação Darcy Ribeiro. Esses eventos serão realizados no Auditório Darcy Ribeiro da Biblioteca Parque Estadual e no Núcleo Avançado em Educação – Colégio Estadual José Leite Lopes, no bairro do Andaraí, zona norte do Rio de Janeiro, entre novembro e dezembro de 2022.

Quem foi Darcy Ribeiro

Nascido no dia 26 de outubro de 1922, em Montes Claros, Minas Gerais, Darcy Ribeiro foi um dos mais importantes pensadores brasileiros. Sociólogo, antropólogo, educador, escritor e indigenista, defensor da causa indígena e da educação pública de qualidade. 

Recebeu os títulos de Doutor Honoris Causa da Universidade Sorbonne, da Universidade de Copenhague, da Universidade do Uruguai e da Universidade de Brasília. Os estudos publicados em vasta produção bibliográfica são chaves para o entendimento da cultura indígena e da formação do povo brasileiro. Foi membro da Academia Brasileira de Letras, ocupando a cadeira no 11.

Como político, foi ministro de Educação e Cultura, Chefe do Gabinete Civil da Presidência da República, Vice-governador do RJ, senador, secretário de Cultura e secretário de Educação, ambos do RJ. Entre as suas realizações estão a criação do Museu do Índio, a participação fundamental na criação da Universidade de Brasília (UnB), da qual foi o primeiro reitor, a criação de um amplo projeto de educação em tempo integral no Rio de Janeiro (os CIEPS), os projetos do Sambódromo do Rio e do Memorial da América Latina em SP, a Universidade Estadual do Norte Fluminense, a fundação do Parque Nacional do Xingu e a criação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (Lei 9394/96) – em vigor até hoje, da qual foi relator no Senado Federal.

Darcy Ribeiro faleceu em 17 de fevereiro de 1997, em Brasília, cidade onde exercia mandato como senador da República. E o centenário de seu nascimento é uma oportunidade para celebrar sua vida e sua obra, distribuindo recursos para que empreendedores culturais do estado pesquisem e realizem produtos e eventos culturais em sua homenagem, além de realizar uma exposição e debates sobre suas ideias em diferentes pontos da cidade. A intenção é contribuir para a preservação da memória de Darcy Ribeiro junto à população do Estado do RJ.

Serviço:

Edital “100 anos Darcy Ribeiro”

Inscrições gratuitas no sitewww.100anosdarcyribeiro.com.br

Período: de 26 de outubro a 27 de novembro de 2022

Resultado final:  de 15 a 30 de dezembro de 2022

Local: Auditório Darcy Ribeiro, na Biblioteca Parque Estadual

Exposição “Darcy Ribeiro: dos Kadiwéu ao Quarup”

Abertura: 26 de outubro, às 14h, com presença da secretária de Cultura e Economia Criativa do Estado do Rio de Janeiro, e visita guiada pelo curador Milton Guran a partir das 16h

Período: de 26 de outubro a 8 de novembro

Horário de visitação: de segunda a sexta-feira, das 10h às 17h

Local: Biblioteca Parque Estadual

Endereço: Av. Presidente Vargas 1.261 – Centro – Rio de Janeiro – RJ

Informações: (21) 2216-8501

Entrada: Gratuita

Monitores treinados, acessibilidade total com audiodescrição e legendas em Libras

Ficha Técnica do projeto 100 Anos de Darcy Ribeiro:

Direção de produção: Luiza Carino

Coordenação de produção: Julio Zucca

Curadoria: Milton Guran

Pesquisa de imagens: Ana Bartolo

Cenografia: Carla Ferraz

Assistente de cenografia: Clarice Bueno

Contrarregras: Iuri Wander e Uirá Clemente

Cenotécnico: Beto de Almeida

Costureira: Nice Tramontin

 Iluminação: Luiz Oliva

Designer: Renata Alzuguir

Assessoria de imprensa:  Sheila Gomes

Produção de conteúdo e registro fotográfico: Mônica Ramalho

Assessor de comunicação digital:  Rafa Tex

Desenhos: Benilda Vergílio Kadiwéu e Lara de Castro Oliveira

Intérprete de LIBRAS: Jadson Abraão (JDL Traduções)

Consultor de tradução de LIBRAS: Davi de Jesus (JDL Traduções)

Projeto audiovisual, edição de vídeo e tratamento de imagens: Deeplab Project

Editor: Ioanis Godoy

Equipamentos audiovisuais: Alexandre Bastos

Monitores: André Fillipe Fernandes e Wladimir Calixto

Monitora técnica: Consuelo Barros

Coordenação do edital de premiação: Jorge Lz

Coordenação das mesas de debates: Fundação Darcy Ribeiro

Coordenação Administrativo-Financeira: Muriqui Cultural e Zucca Produções

Direção artística Zucca Produções: Gisela de Castro

Assistentes de produção: Marta Alves e Catarina Dall’Orto

Catering: Bolo do Augusto

Produção: Muriqui Cultural

Coprodução: Zucca Produções

Apoio: Oi Futuro e Fundação Darcy Ribeiro

Governador do Estado do Rio de Janeiro: Claudio Castro

Secretária de Estado de Cultura e Economia Criativa: Danielle Barros

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