Artes e Artesanato Cultura

Maria Fernanda apresenta obra Caminho: meu, seu, nosso na MADE 2022

Obra Caminho: meu, seu, nosso

A jornada de cada um permeia caminhos singulares, onde cada indivíduo registra, experimenta e expressa esse caminho de forma única. A jornada da artista, designer e pesquisadora Maria Fernanda Paes de Barros, durante seus anos de imersões na cultura ancestral brasileira, tem trazido à superfície diversas expressões artísticas que ampliam a suas experiências pessoais em algo coletivo.

A obra Caminho: meu, seu, nosso – que será apresentada na MADE – Mercado Arte Design 2022, que acontece entre os dias 1 e 5 de junho – nasce após a reflexão da artista sobre os passos que ela deu até aqui e os que ainda dará. Passos que trazem a história de vida da artista, a de seus ancestrais e das vidas que encontrou pelo caminho. Um dos caminhos que ela realizou foi junto à aldeia Kaupüna, no Alto Xingu, que se iniciou em 2019, onde aprendeu técnicas tradicionais de tecelagem das esteiras de buriti, e de onde veio a inspiração para a Coleção Xingu, lançada em 2020. Outro passo importante foi com a aldeia Barra Velha, no sul da Bahia, onde conviveu com o povo Pataxó e entendeu a importância de sua passagem por esses povos para o entendimento de seu propósito.

Na obra, uma esteira tecida por Maria Fernanda – que aprendeu, a partir de aulas-vídeo ministradas pelas artesãs do povo Mehinako em 2020, durante a pandemia – faz um desenho de um jacaré que caminha, se esforçando em uma subida praticamente vertical, deixando suas pegadas marcadas antes de seguir adiante em um vôo de liberdade. No fim dessa caminhada, um roda-vento, tradicional elemento dos povos Mehinako e bastante difundido em nossa cultura, sente a influência de seu movimento em relação aos passos do jacaré.

“Nesta obra estão presentes tradição e contemporaneidade. A tradição no tecer da esteira e do roda-vento e no desenho do jacaré, tão presente na realidade diária do povo Mehinako; a contemporaneidade nos cilindros de jequitibá que substituem os talos de buriti e na mensagem que o jacaré leva e espalha ao vento, tentando alcançar o mais longe possível”, explica Maria Fernanda.

Esse paradoxo de tradição e contemporaneidade se funde tanto nas técnicas aplicadas como nos materiais empregados na obra Caminho: meu, seu, nosso. A madeira jequitibá rosa maciça, usada tanto nas bases como nos cilindros, também foi utilizada para tecer a esteira com o jacaré e o roda-vento; cascas e folhas de árvores e palmeiras utilizadas pelo povo Mehinako na construção das suas ocas, em seus rituais e na produção dos seus artesanatos, foram colhidas por Kulikyrda Stive Mehinako na floresta no entorno da aldeia Kaupüna, no Território Indígena do Xingu, no Mato Grosso. Fios de algodão foram tingidos com a matéria-prima colhida por Kulikyrda, por Maibe Maroccolo, idealizadora da Mattricaria, em Brasília. Toda essa sinergia entre ancestral e atual é expressa em cada detalhe escolhido por Maria Fernanda para buscar o propósito maior em sua arte: enaltecer e resgatar o que há de mais genuíno em nossas raízes.


“Quando caminhamos deixamos pegadas, mesmo que invisíveis, que contam que passamos por ali, conhecemos pessoas, trocamos, emocionamos, impactamos. Deixamos rastros que podem ser seguidos, compartilhando caminhos, mesmo que em outro tempo e espaço. Seguimos adiante, por um caminho ainda não definido, acreditando na nossa intuição, no nosso coração, nos nossos sonhos. Nosso caminho pode ser em linha reta ou orgânica, pode subir e descer, pode girar livremente ao sabor do vento, mas ele sempre será guiado por fios que o conecta ao nosso propósito. Podemos caminhar sós, mas com certeza encontraremos vida a cada passo dado, que pode ou não se juntar a nós para caminhar ao nosso lado por um tempo ou todo ele, ou vir algum tempo depois inspirados pelas pegadas que deixamos para trás.”

Made 2022
Onde – Complexo Pacaembu – São Paulo
Quando – 1 a 5 de junho

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