Nair Lúcia de Britto
Em 14 de abril, completa dois anos que Dom Aldo Pagotto, um dos mais dedicados Ministros de Deus, retornou à Patria Espiritual. Em sua homenagem relembro esta crônica:
SEMANA SANTA OU FERIADÃO?
Dom Aldo di Cillo Pagotto
A população jovem pouco sabe sobre o significado da Quaresma, Semana Santa, Páscoa e outras práticas ou conceitos religiosos. Talvez haja exceções, contando com o pessoal igrejeiro que frequenta a missa dominical ou tenha recebido alguma instrução cristã, em casa ou na escola. A semana santa vai sendo esvaziada. O pessoal aproveita o feriado prolongado para viajar para o interior, curtir a praia. Quem sabe se vive ainda alguma tradição familiar ligada a Semana Santa!
A realidade é que, em pouco tempo, a Semana Santa e outros eventos religiosos foram esvaziados. Hoje vemos bandas de forró tomarem conta do pedaço, convergindo a atenção do pessoal mais jovem. Nós, primeiros responsáveis pela missão da Igreja, ou seja, para o serviço da Evangelização, ingenuamente fomos cedendo os nossos espaços de catequeses e de acompanhamento sistemático que o povo deveria receber.
Hoje contamos com cristãos apenas batizados, mas cuja vida se distancia dos valores da fé e dos princípios éticos e morais hauridos do Evangelho e da sadia tradição da Igreja. Dormimos no ponto. Outros foram tomando os nossos espaços. Entre outros espaços ocupados, a Semana Santa. Seu caráter sacral, hoje se torna ocasião de reprodução da violência, como em outros desses tais feriados prolongados.
O que fazer? Nada de lamento. Há perdas que são ocasiões de reação construtiva. Não se trata do resgate da Semana Santa, apenas. Trata-se de fazer com que as pessoa sejam atraídas para Jesus Cristo, encaminhadas ao processo de conversão e de compromisso cristão, tal que a vivência dos valores do Evangelho incidam na família e nos relacionamentos sociais. A Igreja toma consciência de que conservou sua metodologia, sua linguagem, seus valores diante da realidade, profundamente mudada. A Igreja não pode distorcer a verdade do Evangelho, nem renunciar à defesa da fé e do comportamento moral cristão. Essa postura é incompreensível para quem adota um estilo de vida livre, sem preocupação com valores e princípios éticos, alicerçados na fé, na palavra de Deus.
A propagação de novos modos de ser, pensar e agir das pessoas e da sociedade de consumo ridiculariza os valores cristãos. A sociedade de consumo se impõem. A corrupção levou as pessoas à exacerbação do prazer. A vida se tornou descartável. A sede de lucros transformou a dignidade humana, hoje vilipendiada. Numa palavra, tudo que é sagrado foi esvaziado. Nada mais é mistério, nem a fé. A fé é dom divino. O que precisamos é recuperar a fé, o amor, a verdade, a justiça.
Jornal da Paraíba, 05 de abril de 2009.
(Esta e outras crônicas constam do seu livro O EVANGELHO NOS NOSSOS DIAS)