Fábio Vizeu*
Ano novo e renova-se nossa esperança de novas conquistas. Neste cenário de recessão e alta taxa de desemprego, o que muita gente sonha para 2022 é conseguir trabalho. A esperança se renova quando somamos a ela a necessidade de muitas empresas em retomar suas atividades nos níveis anteriores à pandemia. Mas, para dar certo esse casamento – empresa querendo contratar e desempregado buscando trabalho – é preciso cuidar da primeira tarefa de quem busca emprego: a elaboração de um bom currículo.
Levando em conta minha experiência como pesquisador na área de carreiras e comunicação profissional, vou dar algumas dicas. A primeira é saber que não existe somente aquele formato tradicional de currículo. Com a tecnologia em alta, as empresas criaram novas formas de apresentação de um candidato. Assim, prepare-se para preencher cadastros pré-formatados nos sites das empresas, para gravar um vídeo curto de apresentação da sua trajetória profissional (memorial), ou mesmo, para criar um perfil em plataformas especializadas em networking profissional, como o LinkedIn, por exemplo.
Mas isso não significa que o bom e velho Curriculum Vitae (CV) não funciona mais. Com ele em formato eletrônico (o meio ambiente agradece),a preocupação deve ser com os princípios básicos de um bom currículo. O primeiro deles é entender que a etapa do currículo é um filtro. O empregador precisa escolher dentre muitos candidatos, apenas um pequeno número de pessoas para conhecê-las melhor. Por isso, do ponto de vista da empresa, o currículo serve mais para separar alguns poucos candidatos naquela pilha de interessados.
Ora, pense em quem tem esse trabalho de separar poucos currículos em uma caixa de e-mail com centenas de opções. O que esse recrutador mais quer é informação objetiva e curta. Ele precisa ler rapidamente o seu currículo, e ler o que é interessante para a empresa. Por isso, menos é mais. Não faça um currículo com muito texto para impressionar; escreva pouco, mas aponte o que é importante na sua carreira (do que você já fez e o que você pretende).
Outra dica é “customizar o CV”. Mesmo que você esteja aplicando para várias e diferentes oportunidades, é fundamental que você “direcione” seu currículo para uma vaga específica. Nem que para isso você tenha que fazer várias versões de currículo. E isso não quer dizer que você deve mentir – a mentira é o pecado mortal para quem procura emprego, porque ela sempre será descoberta; customizar o currículo é indicar de forma direta o que é relevante para determinada organização.
Para saber o que é relevante, é preciso, primeiro, estudar a empresa e o cargo pretendido. Por exemplo, se a vaga é em uma empresa de TI, “o que devo destacar na minha trajetória? Preciso saber o que é valorizado no profissional de TI? Quais são os problemas enfrentados pelas companhias de TI? O que esta valoriza?”. O site da empresa é uma ótima fonte de informação para preparar um currículo.
Uma última dica é colocar algo no CV que o diferencie dos outros. Quando alguém tem um trabalho repetitivo e lê textos muito parecidos, qualquer coisa em destaque ajuda a chamar a atenção do leitor. Por isso, escrever algo instigante, colocar uma frase de apresentação, fazer uma espécie de “epígrafe” (um verso de poema que você gosta porque expressa seus sentimentos), iniciar com um parágrafo provocativo no qual você apresenta suas expectativas, podem ser o que irá destacar seu currículo. Mas lembre-se: um bom currículo não garante a vaga, apenas permite que você continue brigando por ela no processo seletivo.
*Fabio Vizeu, professor do mestrado e doutorado em Administração da Universidade Positivo (UP).