Nair Lúcia de Britto
Enquanto o Brasil acreditar em calúnias e as mídias e redes sociais divulgá-las como se fossem verdades o Brasil nunca irá para frente.
E o pior é que o povo, que é o mais prejudicado nessa história, vai saboreando e passando pra frente mentiras que só dão mau resultado. Por exemplo: se a imagem do Lula não tivesse sido tão denegrida, no período das eleições de 1989, eu e muitos outros brasileiros não teríamos nossas economias confiscadas, na Caderneta de Poupança.
No caso do bispo emérito da Paraíba, Dom Aldo di Cillo Pagotto, desde que conheci o desempenho exemplar e dedicado, na sua trajetória religiosa, repudio as falsas acusações que lhe foram feitas. Quem o conheceu de perto e presenciou seu trabalho sabe que todas as denúncias contra ele não “colam”, não se afinam com o caráter íntegro deste ministro de Deus.
Comecei, através da Revista P@rtes, a divulgar seus méritos. Acho que foi uma missão que Deus me deu, lhe fazer justiça, tal foi o forte impulso que tive em defendê-lo.
Ainda me intrigava o fato do Papa não tê-lo recebido e lhe negado uma chance de defesa. Também não entendia por que a autora da carta, que denunciou injustamente Dom Aldo, foi absolvida no processo de calúnia e difamação, ao qual Dom Aldo recorreu, junto à Justiça. Pelo que me consta, uma acusação sem apresentar provas é caracterizada por calúnia. E calúnia é crime.
Foi pesquisando através da Internet que descobri a resposta. Foi porque, ao prestar depoimento junto à Polícia Civil de João Pessoa, Mariana José Araújo Silva negou ter escrito a carta difamatória. Disse que não conhecia Dom Ado e não tinha ciência de nenhum fato que o desabonasse. Alegou ainda que, apesar de possuir o ensino médio, considerava-se uma pessoa de pouca instrução e incapaz de escrever uma carta com tamanho detalhe.
Foi por isso que a pivô do estrago feito na carreira do religioso foi julgada inocente. Por alegar não ser a autora da carta, e não por uma falha de Dom Aldo no seu processo de defesa. (Esse depoimento está no site do Papa Bento VI).
As matérias que escrevi ressaltando a vida digna de Dom Aldo (que anteriormente foram mostradas em “Imagens”) se apagaram.
Quando escrevi “Tributo a Dom Aldo” pedi ao Papa para que resgatasse a imagem dele, injustamente denegrida; mas não houve resposta. Recorro então ao Google que retire as ofensas feitas a Dom Aldo e de outras vítimas desse costume tão deplorável.
Peço também a retirada de meus dados pessoais do Google e um relatório mais atualizado do meu trabalho, que comecei antes mesmo de me formar como Jornalista, em 1977, na Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero, em São Paulo.
(Carta aberta de Dom Aldo de Cillo Pagotto, por ocasião da sua Renúncia)
Carta aberta aos Irmãos Bispos do Regional NE 2
da CNBB, ao Clero e ao Povo de Deus da Igreja Particular da Paraíba.
Invocando o santo nome de Deus Uno e Trino, coloco-me sob a proteção da Imaculada Virgem Maria e, em espírito de oração, discernimento e obediência, apresentei ao Santo Padre, o Papa Francisco, o meu pedido de renúncia ao governo pastoral da Arquidiocese da Paraíba. Cito sumariamente alguns fatores que me obrigam a tal atitude.
1. Ao longo de 12 anos, preposto ao governo pastoral desta Arquidiocese, tentei desenvolver a missão evangelizadora e pastoral que o Senhor me confiou junto ao Clero, aos cristãos fieis, às autoridades constitucionais e às lideranças institucionais, seguindo o lema: “Há um só Corpo e um só Espírito” (Ef 4, 4).
– Minha intenção sempre se voltou à promoção da comunhão na caridade, tentando participar de forma proativa na edificação da Igreja fraterna e solidária, e da construção da sociedade com inclusão e justiça social.
– Tentei doar o melhor de mim mesmo, não obstante as sérias limitações de saúde, ademais das repercussões no equilíbrio emocional, causadas pela constante necessidade de superar conflitos inevitáveis, advindos de reações ao meu modo de ser e de agir.
2. Tomei decisões enérgicas e inadiáveis em relação à reorganização da administração, finanças e recuperação do patrimônio da Arquidiocese, sempre em sintonia com o nosso ecônomo. Embora tenha sido exitoso, desinstalei e desagradei muita gente, por razões facilmente presumíveis.
– Acolhi padres e seminaristas, no intuito de lhes oferecer novas chances na vida. Entre outros, alguns egressos, posteriormente suspeitos de cometer graves defecções, contrárias à idoneidade exigida no sagrado ministério. Cometi erros por confiar demais, numa ingênua misericórdia.
– Tomei posições assertivas diante de políticas públicas estruturais em vista do desenvolvimento integral de nossa gente e de nossa terra. Evitei “ficar em cima de muro”. Foi inevitável acolher reações e interpretações diferentes, independente de minha reta intenção de não me imiscuir na esfera político-partidária, e jamais almejar algum poder de ordem temporal.
3. Não tardaram retaliações internas e externas, ademais da instauração de um clima de desestabilização urdida por grupos de pressão, incluindo os que se denominaram “padres anônimos”, escudados no sigilo da fonte de informações, obtendo ampla cobertura num jornal. Matérias sobre a vida da Igreja da Paraíba, descritas em forma unilateral, distorcida, provocatória, foram periodicamente veiculadas, seguidas de comentários arbitrários por várias redes sociais.
– A exemplo, um blog divulgou carta difamatória, envolvendo o arcebispo e vários sacerdotes, arbitrariamente expostos ao escárnio público. As redes sociais encarregaram-se de espalhar comentários peregrinos e duvidosos. A presumida autora da carta responde em foro criminal.
4. A ideia obsessiva espalhada intenciona afirmar à fina força que o clero esteja dividido, que o governo da Arquidiocese esteja desestabilizado, e que, nesse contexto, o arcebispo perdeu a capacidade de coordenação e, por fim, não vale à pena ordenar padres numa igreja dividida.
5. Esse sucinto relato sobre fatos amplia-se em relatórios que eu enviei à Nunciatura Apostólica no Brasil e às demais instâncias da Santa Sé, como pedido de compreensão e ajuda, porquanto eu não tenha nada a esconder. Sabe-se que outro dossiê foi enviado às mesmas instâncias, por parte de membros do Clero e de leigos.
6. Por tanto tumulto, embora eu esteja sofrendo muito, permito-me afirmar que conservo a minha consciência em paz. Sempre estarei disposto a corrigir rumos, a reorientar passos, a confirmar êxitos alcançados, contando com a graça de Deus e também com a efetiva presença de bons padres, religiosos presbíteros e de bons leigos e leigas, qualificados como forças vivas de nossa amada Igreja Particular da Paraíba.
7. Auto-elogio e passividade não fazem parte do meu feitio. Deus sabe o que faz e o tempo é juiz da história. Minha nonna (avó) dizia: “quando alguém te caluniar e tentar destruir tua vida, tua resposta seja o silêncio e mais trabalho, não se rebaixando ao nível mesquinho do espírito da treva”.
8. Passo por duras provações, sentindo a frustração de alguns sonhos que, entanto, entrego nas mãos de Deus. Que a minha vida seja para a maior glória de Deus, não para a busca de mim mesmo e de outros interesses que não provenham do Senhor. Comigo sofrem muitas pessoas e comunidades. Todos esperam em Deus que tem saídas inesperadas para os impasses criados. Não há mal do qual Deus não tire um bem maior!
– Penso que eu não tenha o direito de provocar ou de prolongar sofrimentos ainda maiores, especialmente aos jovens que esperam servir a Deus na vida sacerdotal nesta Igreja da Paraíba que tanto nós todos amamos.
9. Creio que o melhor, pelo momento, para a Igreja Universal e para a Igreja Particular da Paraíba, seja a minha renúncia. Ante o desgaste enfrentado, sinto-me no dever de evitar comprometer a Unidade na Caridade, a expressão característica e essencial da Igreja de Jesus Cristo.
– Sinto-me fortalecido na fé, cultivando a espiritualidade eucarística e marial. O Senhor é meu Pastor. Ele não me faltará (Sl 23). Ele me dará forças, sustentar-me-á ao longo das provações, impulsionando-me a fazer o dom de mim mesmo para a continuidade da missão que Ele ainda me confia. Há muitos espaços e oportunidades. Estou disposto a buscá-los, pedindo a Deus que me mostre o lugar onde eu possa ser útil, a começar pela minha Congregação do Santíssimo Sacramento, que eu tanto amo.
10. Deixo registrado o meu pedido sincero de perdão às pessoas a quem eu tenha feito sofrer, voluntária ou involuntariamente. Cometi erros, acertei passos, estou disposto a caminhar com quem queira caminhar, construindo dias melhores para todos.