Nair Lúcia de Britto.
Não se justifica brigas entre religiões, uma vez que Deus é um só. E, todos nós, habitantes terrestres, somos Seus filhos. Para documentar essa realidade da qual infelizmente alguns duvidam, volto a transcrever uma pesquisa que eu fiz em 2 de setembro de 2012.
No decorrer do século XVIII, intelectuais de toda Europa: artistas, professores, filósofos e cientistas reuniam-se na França. Por isso, apesar das extravagâncias econômicas e de um comportamento libertino na corte parisiense, Paris passou a denominar-se como a “Cidade Luz”.
Foi quando a Alemanha, França, Inglaterra enfrentaram as imposições do clero e da aristocracia com a idéia inovadora de que o homem era um ser independente e capaz de ter um raciocínio próprio. E, por conseguinte, não se deixar levar pelo raciocínio de quem quer que fosse.
Foi essa conclusão que gerou o Iluminismo ou Século das Luzes: movimento intelectual que caracterizou o pensamento europeu de que todos os homens são iguais e que visava buscar na razão a solução dos problemas sociais existentes. A Revolução Francesa tinha por objetivo desmistificar a pseudo-superioridade das classes privilegiadas. Um novo ideal se estabeleceu: “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”, como direitos de todos.
A Reforma foi um movimento revolucionário contra a Igreja Católica, que antecedeu ao Iluminismo, no século XVI. Teve como líder o monge alemão Martinho Lutero que, ao estudar a Bíblia, Lutero percebeu vários erros cometidos pela má interpretação da religião católica. Com a intenção de corrigi-los, fundou uma nova igreja, que ficou conhecida como a igreja da música. Isso porque, a partir dessa nova igreja, os fiéis passaram a cantar. O próprio Lutero era poeta e compositor de músicas que até hoje são cantadas nas igrejas luteranas. Lutero despertou também nos seus adeptos o interesse por músicos consagrados até hoje, como Joham Sebastian Bach, Ludowich, Van Bethoven, Paul Gerhardt e outros.
O Protestantismo deu origem a muitas guerras religiosas, contra o domínio exercido pelo Papa. Estenderam-se desde a Idade Média até o século XX e transformaram o cenário político europeu. Foi em 1804, após esses acontecimentos históricos em que o povo clamava por mudanças, que Allan Kardec nasceu.
Kardec teria se dedicado apenas ao Magistério e à Ciência, se não fossem as circunstâncias inesperadas com as quais se deparou. Os fenômenos espirituais que ocorriam na França acabaram por chamar a atenção do cientista que resolveu ver de perto o que de fato estava acontecendo e causando tanto alarde.
Depois de pesquisar muito sobre esses fenômenos. Kardec passou a estudá-los profunda e cuidadosamente. De alto padrão moral e intelectual, o cientista e professor passou a receber mensagens de Espíritos de Luz, a fim de dirimir dúvidas e corrigir falhas da Igreja. Com a missão de esclarecer a Igreja e a todos.
Até hoje muitos acreditam que o Espiritismo é uma religião fundada por Kardec, como aconteceu com Lutero, Calvino e outros líderes do movimento protestancionista. O que é um grande equívoco que precisa ser esclarecido para que se evite tantos preconceitos e interpretações completamente erradas.
Kardec era entre vários títulos intelectuais um cientista dedicado pesquisando fenômenos espirituais. O movimento espírita, portanto, surgiu primeiramente como Ciência. Depois como Filosofia. Como era uma Ciência e Filosofia que tinha como base os princípios cristãos o povo achou por bem denominá-lo como uma Religião, quando na verdade a proposta não era esta. Adeptos de qualquer Religião podem estudar, paralelamente, o Espiritismo como Ciência.
Ciência que buscou esclarecer fenômenos espirituais de forma racional e concreta. Com a ajuda de outros médiuns, Kardec foi o decodificador das mensagens recebidas por Espíritos de Luz. Foi uma longa e exaustiva tarefa. E o que ele descobriu foi a existência de um mundo Espiritual, para o qual nosso Espírito será conduzido após sua existência terrestre.
O Evangelho segundo o Espiritismo é idêntico ao Evangelho cristão, com os esclarecimentos dos anjos de luz. Os estudos e as experiências, vivenciadas por Kardec, confirmam a existência de Deus e de que somos eternos. O mundo espiritual que nos espera é composto por várias as moradas, que serão habitadas conforme o grau de merecimento que cada um conquistou na Terra.
É neste planeta que todos nós temos a oportunidade de corrigir nossas imperfeições, nos aprimorarmos e cumprirmos a missão que nos foi destinada. Esta missão está implícita dentro de nós mesmos, e nos é apontada através da vocação.
O objetivo da Doutrina Espírita é oferecer uma interpretação correta dos ensinamentos de Jesus, trazer uma mensagem de luz, esperança, de paz e de fé. Com respeito ao nosso livre-arbítrio, o uso da razão, da nossa própria consciência. Com total liberdade de agir e fazer as nossas escolhas.
Os Anjos, Arcanjos e Serafins são espíritos puros que atingiram o mais alto grau de perfeição. A palavra anjo significa perfeição moral, mas na verdade refere-se a todos os seres bons que estão na humanidade. Diz-se anjo bom ou anjo mau; anjo de luz ou anjo das trevas.
A palavra demônio é de origem grega: daimôn que significa gênio, inteligência. A mesma palavra em sentido vulgar significa seres malfazejos predestinados a fazer o mal. Ora, Deus que é justo não criaria seres condenados a permanecerem eternamente nas trevas e no sofrimento; fazendo o mal permannte. De onde se deduz que o demônio não existe da forma como se imagina.
O que existe são seres malfazejos cuja prática da maldade é transitória; pois estes terão, igualmente, a oportunidade de se arrepender do mal que fizerem e se converterem a fazer o Bem.
A semeadura é livre, mas a colheita é certa. Quer dizer: Todos nós temos liberdade de ação, mas todas as criaturas serão punidas ou recompensadas, de acordo com o bem ou o mal que fizerem.
O inferno não existe porque Deus, que é nosso Pai, ama igualmente todos os seus filhos: bons ou maus. E não haveria de querer que um filho seu sofresse para sempre. Tampouco ninguém sairá ileso de punição pelos erros cometidos.
A dor é uma luz que Deus dá às pessoas para que elas possam refletir melhor. A religião escolhida para se conectar com Deus não é o mais importante. O que importa é que esteja sempre voltada para o amor e a fraternidade. A reencarnação é uma chance que o Espirito tem de corrigir erros de vidas passadas. De abandonar o Mal e praticar o Bem até chegar à condição de Anjo.
As religiões são muitas, mas as leis divinas são uma só e são perfeitas. No dia em que as leis humanas coincidirem com as leis de Deus, e forem respeitadas pelos homens, não haverá mais injustiças, nenhum tipo de preconceito e a paz reinará na Terra.