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DIFICULDADES NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM EM ALUNOS SURDOS NA DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA NO ENSINO FUNDAMENTAL

Érica dos Santos Carvalho

Eduardo Henrique Modesto de Morais

 

RESUMO

Eduardo Henrique Modesto de Morais
Doutor em Geografia – UnB. Orientador da Pós Graduação em Docência com Ênfase em Educação Inclusiva – IFMG Campus Arcos.

Os alunos surdos do ensino fundamental enfrentam constantes dificuldades durante o processo de ensino-aprendizagem das diversas disciplinas que compõem o currículo. Incluímos aqui a Língua Portuguesa. Tal disciplina constitui-se como base para as demais disciplinas, influenciando etapas posteriores da formação dos estudantes, bem como na sua vida pessoal. Nesse contexto, realizou-se um trabalho por meio de revisão bibliográfica, do tipo quantitativa, gerando análises qualitativas, com o objetivo de realizar uma pesquisa bibliográfica sobre as dificuldades enfrentadas pelos alunos surdos na disciplina de Língua Portuguesa no ensino fundamental. Compreende-se que faz-se necessário o entendimento das políticas públicas de inclusão, para que professores, gestores e comunidade escolar possam adequar os materiais didáticos em Língua Portuguesa, frente ao movimento de inclusão. Observou-se que há grandes dificuldades na produção de textos em língua portuguesa por esses estudantes surdos.

Palavras-chave: ensino-aprendizagem, alunos surdos, Língua Portuguesa, ensino fundamental.

ABSTRACT

Deaf elementary school students face constant difficulties during the teaching-learning process of the various subjects that make up the curriculum. We include the Portuguese language here. Such a discipline constitutes a basis for the other disciplines, influencing later stages of the students’ training, as well as in their personal life. In this context, a work was carried out by means of bibliographic review, of the quantitative type, generating qualitative analyzes, with the objective of conducting a bibliographic research on the difficulties faced by deaf students in the discipline of Portuguese in elementary school. It is understood that it is necessary to understand public inclusion policies, so that teachers, managers and the school community can adapt the teaching materials in Portuguese, in the face of the inclusion movement. It

Érica dos Santos Carvalho
Graduada em Letras – UNIFOR-MG. Aluna da Pós Graduação em Docência com Ênfase em Educação Inclusiva – IFMG Campus Arcos.

was observed that there are great difficulties in the production of texts in Portuguese by these deaf students.

Keywords: teaching-learning, deaf students, Portuguese language, elementary education.

 

  1. INTRODUÇÃO

O Decreto Nº 5.626 de 22 de dezembro de 2005, no Capítulo I – Das Disposições Preliminares – Artigo 2º, nos traz a seguinte definição de surdos:

[…] considera-se pessoa surda aquela que, por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais – Libras. Parágrafo único: Considera-se deficiência auditiva a perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz. (BRASIL, 2005).

A lei traz aspectos interessantes a serem abordados na Educação Inclusiva, permitindo que alunos surdos sejam inseridos ao cenário pedagógico; a Constituição garante a Educação Inclusiva no Brasil, segundo o artigo o artigo 208, que trata da Educação Básica obrigatória e gratuita dos 4 aos 17 anos, afirma que é dever do Estado garantir “atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino”. O acesso ao ensino de libras pelo discente, o faz compreende e interagir com o mundo por meio de experiências visuais. Assim, os conteúdos trabalhados na disciplina de Língua. Portuguesa tornam-se acessíveis às diferentes realidades e perfis de estudantes em uma sala de aula.

Paradigmas são rompidos no âmbito escolar com o Decreto Nº 5.656 de 2005, “focados na normalização / reabilitação do sujeito surdo, se definido como um território que se constitui a partir de múltiplas perspectivas, possibilitando a viabilização dos saberes surdos” (SILVA, 2008, p. 23). Tais paradigmas são imprescindíveis de serem rompidos, tendo em vista que é, cada vez mais crescente a presença de alunos surdos nas salas de turmas regulares no ensino fundamental.

A realidade de alunos surdos em salas regulares é analisada por Fernandes (2007) em:

Também é um fato inegável que a presença de surdos em salas regulares não é uma novidade imposta por instâncias superiores, uma vez que lá sempre estiveram, não correspondendo a um “modismo”, ou a determinação de uma política atual. O que ocorria é que, em épocas anteriores, a abordagem utilizada na educação de surdos vinculava o sucesso do aluno à sua habilidade individual de aprender a falar e realizar a leitura orofacial (ou labial). Assim, muito pouco era exigido dos professores do ensino regular, a não ser um melhor posicionamento do aluno na sala de aula (geralmente nas primeiras carteiras) e o esforço para, sempre que possível, lhe falar de frente, de maneira clara e pausadamente. (FERNANDES, 2007, p. 01).

Tendo em vista que as dificuldades enfrentadas por alunos surdos são problemas presentes e atuais na realidade da Educação brasileira, em especial na disciplina de Língua Portuguesa no ensino fundamental, tem-se a justificativa do presente trabalho de revisão bibliográfica. Além disso, o trabalho poderá contribuir para o preenchimento da lacuna existente na literatura frente a abordagem desse tema.

O objetivo geral deste trabalho é realizar uma pesquisa bibliográfica sobre as dificuldades enfrentadas pelos alunos surdos na disciplina de Língua Portuguesa no ensino fundamental, a partir de análise minuciosa da literatura disponível em artigos científicos e em base de dados de periódicos indexados.

Para que o objetivo fosse atingido, necessitou-se apontar, a partir da literatura, as principais dificuldades do processo de ensino- aprendizagem de alunos surdos. A partir daí, foram listados e analisados os resultados coletados nos trabalhos nos quais foram pesquisadas as dificuldades de alunos surdos em Língua Portuguesa no ensino fundamental.

A partir do conhecimento científico de práticas e metodologias docentes, tem-se a justificativa do trabalho, buscando contribuir para a melhoria da aprendizagem de alunos surdos.

  1. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. A importância da disciplina de Língua Portuguesa no ensino fundamental

Sabendo-se da importância da disciplina de Língua Portuguesa no ensino fundamental, o docente deve ter consciência do planejamento e elaboração de aulas condizentes aos perfis e estilos de aprendizagens de alunos presentes na sala de aula em atuação. Entretanto, as dificuldades existem em todos os perfis de alunos, mesmo que tais estudantes não sejam enquadrados como surdos.

Nesse sentido, faz-se necessário o entendimento das políticas públicas de inclusão, para que professores, gestores e comunidade escolar possam adequar os materiais didáticos em Língua Portuguesa, frente ao movimento de inclusão.

O movimento mundial pela inclusão, como uma ação política, cultural, social e pedagógica, desencadeou a defesa do direito de todos os alunos pertencerem a uma mesma escola, de estarem juntos aprendendo e participando sem nenhum tipo de discriminação. A educação inclusiva constitui um paradigma educacional fundamentado na concepção de direitos humanos, que conjuga igualdade e diferença como valores indissociáveis. (MEC/SEESP, 2007, p.3)

Nesse sentido, juntamente com as políticas públicas elaboradas e avaliadas por setores responsáveis, ocorre em paralelo as dificuldades enfrentadas por alunos surdos em Língua Portuguesa.

2.2. O aluno surdo inserido na disciplina de Língua Portuguesa

Couto (2005) relata que o estudante surdo não recebe estímulos auditivos e não consegue aprender a língua oral. A falta da compreensão da língua falada o impede de desenvolver uma linguagem (em geral seus pais são ouvintes). Fernandes (1990) nos traz também dificuldades observadas por discentes surdos:

A ausência da audição impedirá o contato direto com a linguagem oral, gerando prejuízo no desenvolvimento emocional, comunicativo, do pensamento, e educacional do surdo. Partindo do ponto que a aquisição da linguagem é um fator primordial para a organização e formação do pensamento, um retardo prejudica a ampliação da percepção de mundo, abstração e generalização, impossibilitando ao surdo o conhecimento necessário do mundo em que vive. O atraso da linguagem advém da dificuldade em lidar com o abstrato, uma vez que a linguagem é um processo abstrato do conhecimento e esse retardo leva o surdo a ter um pensamento mais concreto, dificultando sua internalização. Com isso, o surdo também terá dificuldade em abstrair os conhecimentos subjetivos do mundo e dos objetos, permitindo que sua aquisição de linguagem abstrata seja bem restrita (FERNANDES, 1990).

A Libras, por ser uma língua que possui suas próprias regras e estruturas, além de ser uma língua gestual-visual, difere-se da língua oral auditiva, levando o surdo a ter as mesmas dificuldades que um ouvinte, como ele é exposto de maneira ineficaz à Libras e à língua portuguesa oral, ele pode não dominar nenhuma língua, ou seja, não pode contar com uma língua dominante, que sirva de base para aprender a língua escrita. Então, o surdo adquire a língua portuguesa escrita de maneira insatisfatória, utilizando nela, aspectos da Libras e inadequações linguísticas da língua oral, neste aspecto, a principal dificuldade do surdo em relação a escrita e a leitura, está relacionado a falta de domínio lexical levando a apresentar alterações sintáticas, morfológicas e semânticas, prejudicando a estrutura textual, ficando o texto sem coesão e coerência.

O processo de ensino-aprendizagem diante das dificuldades enfrentadas por discentes surdos tende a ser comprometido, com possibilidade inclusive, de fracasso e evasão escolar. Além disso, o docente também enfrenta problemas em sua metodologia de trabalho, na busca por levar aulas que atendam alunos surdos e ouvintes, considerando as potenciais dificuldades já presentes na essência da disciplina por todos os grupos de alunos.

O sucesso da aprendizagem de qualquer aluno depende de vários fatores e etapas, tais como: materiais didáticos elaborados para o grupo adequado de alunos; metodologias inovadoras propostas por professores; mediação correta do ensino feita pelo professor; presença de um processo de avaliação constante, em todas as etapas do processo de ensino-aprendizagem; bem como o envio de feedbacks de qualidade para a melhoria do desempenho acadêmico do aluno.

A Língua Portuguesa constitui uma base para as demais disciplinas da grade do ensino fundamental, influenciando outras etapas posteriores, como outras séries e, o próprio ensino médio. As dificuldades enfrentadas pelos alunos nessa etapa do conhecimento devem ser vencidas em conjunto, para que não ocorra a defasagem de todo o processo. No contexto do aluno surdo, essas dificuldades enfrentadas merecem atenção especial do corpo docente, equipe gestora e comunidade escolar como um todo.

  1. METODOLOGIA DA PESQUISA

Diante desses pressupostos, o projeto busca pesquisar em periódicos e bases de dados eletrônicas de dissertações e teses pesquisas que relatam problemas e dificuldades enfrentadas por alunos surdos na disciplina de Língua Portuguesa no ensino fundamental. O entendimento do assunto agrega conhecimentos aos docentes, possibilitando a elaboração de novas metodologias e aulas de qualidade para os alunos surdos.

O trabalho será realizado por meio de revisão bibliográfica, na qual Pizzani et al (2012) conceitua como uma revisão da literatura sobre as principais teorias que norteiam o trabalho científico.

A pesquisa bibliográfica é aquela que se realiza a partir do registro disponível, decorrente de pesquisas anteriores, em documentos impres sos, como livros, artigos, teses etc. Utiliza-se de dados ou de categorias teóricas já trabalhados por outros pesquisadores e devidamente regis trados. Os textos tornam-se fontes dos temas a serem pesquisados. O pesquisador trabalha a partir das contribuições dos autores dos estudos analíticos constantes dos textos (SEVERINO 2002).

 

Assim, essa pesquisa é chamada de levantamento bibliográfico ou revisão bibliográfica, através de buscas por determinado assunto em livros, periódicos, artigo de jornais, sites da Internet ou outras fontes.

A presente revisão de literatura foi realizada com o objetivo de entender a relação do aluno surdo com a  língua portuguesa e a sua intepretação, bem como as suas principais dificuldades, a partir de análise minuciosa da literatura disponível em artigos científicos e em base de dados de periódicos indexados. Para tanto, foram apontadas as várias pesquisas feitas, buscando os resultados positivos, segundo as publicações, e a partir daí, utilizar estratégias e metodologias para melhorar e facilitar o aprendizado do aluno.

Segundo Pizzani et al (2012), a pesquisa bibliográfica é uma revisão da literatura sobre as principais teorias que norteiam o trabalho científico, essa pesquisa é denominada levantamento bibliográfico ou revisão bibliográfica, sendo considerada uma busca por determinado assunto em livros, periódicos, artigo de jornais, sites da Internet ou outras fontes. Para que seja realizado um levantamento de formato de revisão, utiliza-se de dados ou de categorias teóricas já trabalhados por outros pesquisadores e devidamente registrados. Os textos tornam-se fontes dos temas a serem pesquisados. O pesquisador trabalha a partir das contribuições dos autores dos estudos analíticos constantes dos textos (SEVERINO 2002).

As publicações foram coletadas de acordo com o período entre o ano de 2000 até o primeiro semestre de 2020. As buscas serão feitas nas plataformas de pesquisa online: Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES); Scientific Electronic Library Online (SciELO) e Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD).

Utilizará para consulta às bases de dados online, os descritores: ensino-aprendizagem de surdos; dificuldades de surdos em Língua Portuguesa; surdos e Língua Portuguesa no ensino fundamental, como critérios de busca. Com o levantamento das Quantidades De Trabalhos Realizados Dentro De Cada Tema, Leva A Pesquisa Ser Caracterizada como quantitativa, com detalhamento de trabalhos dos descritores, gerando análises qualitativas.

  1. RESULTADOS E DISCUSSÕES

          A busca ocorreu no contexto do ensino de Língua Portuguesa para surdos, por meio de artigos, dissertações e teses publicadas entre o ano de 2000 até o primeiro semestre de 2020. As buscas foram feitas nas plataformas de pesquisa online: Scientific Electronic Library Online (SciELO), Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD).

As pesquisas no Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) nos mostram que o tema: Surdos e Língua Portuguesa, teve um resultado de 217 artigos publicados, enquanto que o tema: Surdos e Língua Portuguesa no Ensino Fundamental foi o que teve menos publicações. Diante disto sabemos que muitos artigos importantes nos remetem a fatores que nos levam a práticas positivas e aplicáveis dentro da sala de aula, no intuito de fazer com que o aluno surdo aprenda a língua portuguesa.

Quadro 1 – Portal CAPES

Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)
Descritores Número de Trabalhos
Surdos e Língua Portuguesa 217
Ensino-Aprendizagem de Surdos 116
Dificuldades de Surdos em Língua Portuguesa 63
Surdos e Língua Portuguesa no Ensino Fundamental 48

Fonte: a autora (2021)

          A base Scientific Electronic Library Online (SciELO) demonstra que os estudos sobre o tema: Surdos e Língua Portuguesa, foi oque mais teve publicações e assim, trouxe novas metodologias a serem aplicadas no aprendizado de alunos surdos, enquanto que menos teve publicações foi o tema: Surdos e Língua Portuguesa no Ensino Fundamental, não menos importante aplicar suas teorias.

Quadro 1 – Portal CAPES

Scientific Electronic Library Online (SciELO)
Descritores Número de Trabalhos
Surdos e Língua Portuguesa 45
Ensino-Aprendizagem de Surdos 45
Dificuldades de Surdos em Língua Portuguesa 6
Surdos e Língua Portuguesa no Ensino Fundamental 8

Fonte: a autora (2021)

As pesquisas na Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD), publicou mais pesquisas com o tema: Surdos e Língua Portuguesa, demonstrando assim que muitas ferramentas podem ser utilizadas neste processo de ensino aprendizagem para surdos dentro da Língua Portuguesa; e o tema que menos teve publicações foi o Surdos e Língua Portuguesa no Ensino Fundamental, que também contribuiu para este processo de ensino aprendizagem.

Quadro 1 – Portal CAPES

Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD)
Descritores Número de Trabalhos
Surdos e Língua Portuguesa

 

668
Ensino-Aprendizagem de Surdos 201
Dificuldades de Surdos em Língua Portuguesa 145
Surdos e Língua Portuguesa no Ensino Fundamental 152

Fonte: a autora (2021)

O estudo de Godoi e Silva (2014) compartilha com o professor de sala de aula de ensino regular, que recebem surdos alfabetizados alguns elementos para o ensino de leitura. Esse trabalho permite vários desdobramentos, tanto na sua formulação teórica e prática quanto na sua realização, uma vez que leva em consideração a formação de professores interessados em atuar na perspectiva inclusiva da Educação. na sala regular de ensino, existem fatores que podem levar o surdo à produção de sentido e à constituição de um sujeito leitor que também escreve, nas aulas, sobretudo, de Língua Portuguesa.

Félix (2009) discute neste artigo, o papel da interação no processo de ensino-aprendizagem de alunos surdos em uma escola inclusiva. Como a comunicação entre a professora ouvinte e os alunos surdos ocorre em códigos distintos – português e língua de sinais  e tendo-se por base uma visão socio interacional da linguagem, observou-se que a interação entre os diversos participantes pode levar esses alunos surdos a aprenderem e a compreenderem o que estava sendo ensinado. Como resultado, ficou evidente que o fato de haver quatro alunos surdos usuários de Libras estudando em uma mesma sala permitiu a eles trabalharem de maneira cooperativa, o que fez com que não ficassem isolados.

Zaqueu, Alves e Silveira (2019), analisou com este trabalho as características das produções textuais em língua portuguesa de 8 estudantes surdos matriculados na 3º etapa da Educação de Jovens e Adultos (EJA) de uma escola estadual. Os resultados demonstram que apesar de os alunos pesquisados realizarem a leitura de diferentes textos e reproduzirem suas concepções, a maioria não frequenta a biblioteca para a realização dessa atividade. Quanto a análise da produção, o estudo mostrou que há grandes dificuldades na produção de textos em língua portuguesa por esses estudantes surdos, obedecendo as regras gramaticais, entretanto, esse resultado não afeta o gosto pela leitura da maioria desses estudantes.

Pereira (2014) discute neste trabalho como o ensino da Língua Portuguesa tem sido ministrado para alunos surdos, que proíbe o uso da língua de sinais e que se fundamenta na concepção de língua como código; a metodologia de ensino adotada e os seus efeitos na leitura e na escrita de surdos. O efeito da aplicação desta proposta é analisado nas produções escritas de dois alunos surdos, do ensino fundamental, de escola bilíngue, que tem a Língua Brasileira de Sinais como primeira língua e a Língua Portuguesa, como segunda. Nas produções observa-se que os alunos apresentam vários indícios de que estão aprendendo a produzir textos em Língua Portuguesa, ainda que evidenciem muitas dificuldades, decorrentes, principalmente, do pouco conhecimento que têm da língua.

Oliveira e Figueiredo (2018) estuda como o foco da investigação foi o aprendido na Língua Portuguesa como segunda língua (L2) em ambientes educacionais distintos. Os alunos surdos envolvidos foram crianças com idade de cinco a oito anos, filhos de pais ouvintes, matriculados em turmas dos anos iniciais do Ensino Fundamental. Foram visitados três ambientes educacionais distintos Os resultados demonstraram que a Educação Bilíngue é um caminho promissor para que as crianças surdas se desenvolvam plenamente e cresçam independentes.

Neste estudo qualitativo de Pereira (2008), analisa-se o papel que a Língua Gestual Portuguesa (LGP) e a cultura Surda têm no florescimento das relações de amor que ocorrem na vida de 10 jovens Surdos e o modo como os sujeitos pensam a amizade e o amor romântico. A informação recolhida através de inquéritos por questionário aos participantes revela que, na escolha de potenciais amigos ou parceiros românticos, uma atitude de abertura para com a diversidade e de respeito para com a cultura Surda, os seus valores e língua é, para eles, determinante.

Martins (2010), em eu trabalho, que relata sobre o objetivo de analisar a importância das mídias no ensino e na aprendizagem da língua portuguesa, visando um repensar sobre a prática pedagógica utilizada em sala de aula com alunos surdos. A formação de educadores na era contemporânea precisa ser mediada pelas novas tecnologias, pois os alunos surdos necessitam de uma formação geral para lidar com habilidades específicas. Num primeiro momento faz-se uma abordagem sobre as questões que envolvem a escola, a educação de surdos e as mídias como recurso didático. Em seguida são feitas as considerações finais com base no estudo realizado.

Segundo os autores Bisol, Bremm e Valentini (2010),  a aprendizagem e a apropriação significativa da língua escrita por surdos podem ser promovidas por meio da utilização de tecnologias de comunicação amplamente difundidas. Este trabalho apresenta a análise dos recursos narrativos utilizados por três adolescentes surdos fluentes em LIBRAS para organizar sua experiência vivida através de produções escritas em weblogs (utilizando a língua portuguesa, sua segunda língua). Trata-se de um estudo qualitativo, do tipo exploratório. Propôs-se uma análise hermenêutica das narrativas baseada em Paul Ricoeur. Apesar dos erros na escrita, as produções puderam ser consideradas como narrativas, pois exprimem tentativas de tecer histórias. Porém, nem sempre a transmissão do sentido foi bem sucedida, indicando dificuldades na aprendizagem da língua escrita e na compreensão de que esta pode ser um meio de comunicação com o outro. Ressalta-se a necessidade de se criar estratégias que reforcem a noção da língua escrita como meio de produção de sentido.

  1. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho teve como objetivo estudar as dificuldades enfrentadas por alunos surdos, que são problemas presentes e atuais na realidade da Educação brasileira, em especial na disciplina de Língua Portuguesa no ensino fundamental. Diante desse cenário atual, foi realizada uma pesquisa do tipo revisão bibliográfica para entender como foram abordados tais temas na literatura.

 O tema mais estudado foi: Surdos e Língua Portuguesa, muitos resultados positivos em relação a ele; e o assunto menos estudado foi; Surdos e Língua Portuguesa no Ensino Fundamental, nestes dois temas abordados, observou-se que a interação entre os alunos e a participação em diversas atividades, fez com que essa linguagem e o estudo realizado dela, tivessem um resultado positivo no seu processo ensino aprendizagem.

Durante todo o estudo feito, observou-se que há grandes dificuldades na produção de textos em língua portuguesa por esses estudantes surdos, bem como a formação de frases, sejam curtas ou grandes, obedecendo as regras gramaticais, entretanto, esses resultados não afetam o gosto pela leitura da maioria desses estudantes, muito menos o seu aprendizado ao que diz respeito as regras gramaticais.

Sabendo-se que esse trabalho não pretende esgotar o assunto e diante dos estudos específicos da aplicação de metodologias para o ensino aprendizagem de língua portuguesa para surdos, faz-se necessário outras pesquisas que buscam revisar na literatura, conhecer tal aplicação e suas ferramentas de acordo com as devidas especificidades do tema, além da devida aplicação prática para comparar quais os potenciais benefícios da utilização desses instrumentos.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras, e o art. 18 da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Presidência da República, Casa Civil. Brasília, 22 de dezembro de 2005. Disponível em: <<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/d5626.htm>>. Acesso em 26 de julho de 2020.

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ZAQUEU, Livia Conceição Costa. ALVES, Dirce Socorro Ribeiro. SILVEIRA, Francisca Morais da. O processo de produção textual em língua portuguesa de estudantes surdos de uma escola pública: desafios e possibilidades. REVISTA EDUCAÇÃO ESPECIAL. 2019. V. 32, n. 1, pp. 1 – 22

Érica dos Santos Carvalho

Graduada em Letras – UNIFOR-MG. Aluna da Pós Graduação em Docência com Ênfase em Educação Inclusiva – IFMG Campus Arcos.

 

Eduardo Henrique Modesto de Morais

Doutor em Geografia – UnB. Orientador da Pós Graduação em Docência com Ênfase em Educação Inclusiva – IFMG Campus Arcos.

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