Dom Aldo di Cillo Pagotto
O dia das Mães, merece ser celebrado com testemunhos de amor, pois mãe e amor se identificam inseparavelmente. Pergunte a você mesmo o que representa a presença da sua mãe em sua vida? Ao responder, pessoalmente, meus olhos marejam. Grossas e ligeiras correm lágrimas de saudades, com indivizível e profundo sentimento de gratidão. A minha já viajou há tempo, transferida da Terra, convocada pelo Senhor da vida.
Mãe é uma só e ninguém a substitui. Amor puro e sincero só o de mãe. Desejaria aos semelhantes o calor maternal que eu tive. Quantos não têm e jamais tiveram uma mãe ou um pai por perto para lhes orientar, formar, acarinhar, corrigir, acompanhar seu crescimento. Outros só dão o devido valor à mãe quando a perdem. Mesmo assim, aflora a relação de inexprimível afeição e complementação.
Minha casa vivia cheia de gente. Com seu jeito simplório e bem caipira, minha mãe sabia acolher, ouvir, conversar, tratar bem a todos. Seu carisma era oferecer atenção. Falava pouco, ouvia muito. Sempre aprontava algum doce para oferecer às visitas. O doce de laranja era dos deuses de gostoso, feito no tacho de cobre comprado de uma cigana, fazia muito tempo. Ela fazia em quantidade exagerada doce de todo tipo. Depositava nos potes que ficavam nos armários da dispensa, visitados pelos moleques ladinos.
Tudo que as pessoas precisavam era conversar e também de companhia. Melhor, se alguém vinha para o almoço, de propósito, onde comiam cinco, comiam dez. Com a sua simplicidade ela dava um jeito para tratar bem. Simplicidade foi o seu segredo, seu carisma, sua verdade. A melhor herança que nos deixou foi o exemplo de amor. Quer pelo silêncio, quer pelo olhar, quer pelas formas enérgicas de castigar para corrigir os filhos. Também não havia conselheiro tutelar para o filho se vingar da Educação ministrada pelos pais.
Coração de mãe não se engana. Filho não se mima demais, porque isso o corrompe, dizia ela. Ela estava certa, o pior castigo é o silêncio que educa a gente e também aos outros. Fico constrangido e triste quando vejo pais que evitam orientar os filhos. Nem mesmo os pais acreditam na pedagogia dos valores e dos limites. Acomodam-se ou se omitem. Deixam os filhos soltos. Sentem-se inseguros, têm medo de dizer o que é certo e o que é errado. Acabam perdendo os filhos para gente que ofereça somente vantagens materiais ou falsos valores.
Hoje a gente vê crianças sendo paparicadas demais pelos pais. Ou seja, deformadas, estragadas pelos pais, que lhes fazem todas as vontades, transformando-as em adultos precoces. Prefiro ficar com as Escrituras que dizem: “Ouve meu filho a instrução do teu pai e não desprezes o ensinamento da tua mãe. Isto lhe será um diadema de bênçãos em tua cabeça e um colar ao teu pescoço. Meu filho: se pecares e te quiserem seduzir, não consintas (…) pois nos lábios do sábio encontra-se a sabedoria e no dorso do insensato a correção (…) a loucura se apega ao coração da criança, mas a disciplina a afastam dela. (Provérbios 1, 8, 10, 13, 22,15).
Uma mãe simples, sem tanta complicação, na acepção profunda da palavra, mãe, faz tanta falta! Mesmo se partiu, na verdade jamais nos abandonou. Continua viva, presente. Mãe, temos uma só.
Jornal O NORTE. 10 de maio de 2009.