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Burnout: perigo da busca pela perfeição

A síndrome atinge de maneira especial as mulheres, multitarefas, que com o home office se tornaram ainda mais vulneráveis

Stephanie Zalcman é CPO (Chief Placement Officer) da Wiz Soluções em Seguros e embaixadora da AMMS (Associação das Mulheres no Mercado de Seguros)

O home office transformou a casa, que era uma válvula de escape para o estresse do trabalho, em escritório. A rotina profissional passou a se misturar com as tarefas do dia a dia e descobrimos que trabalhar em casa pode não ser tão relaxante como se parecia, mas significar morar no trabalho, ir da cama ao computador e do computador para a cama dormir novamente.

 

A síndrome de burnout é um distúrbio normalmente associado a uma exaustão extrema relacionada ao estresse crônico no ambiente de trabalho. Informalmente, é até chamada de “síndrome do esgotamento profissional”, mas agora a ideia de burnout também pode adquirir novas dimensões.

 

As mulheres são as mais atingidas pelo problema, por suas características femininas ligadas ao perfeccionismo e à vocação para a proteção. Fazem o contrário da regra passada pelas aeromoças para uso de máscara de oxigênio em aviões: primeiro socorrem aos outros antes de pensar em si. Tomam para si obrigações domésticas e familiares, e comumente se sentem devedoras e insuficientes, que em alguma área estão deixando a desejar.

 

Exaustão, irritabilidade e a sensação de que não se consegue dar conta de tudo estão entre as principais características dos pacientes identificados com a síndrome que acomete pessoas com personalidade similar. Em geral, aquelas que têm ambição mais notória, acentuado impulso competitivo, se cobram muito, são perfeccionistas e que consideram muito a opinião alheia.

 

Pessoas muito estudiosas e apaixonadas pelo trabalho, como eu. Se superar significa também extrapolar e, assim como tudo na minha vida, sempre quis fazer e dar mais do que muitas vezes o meu corpo me permitia. Foi quando tive um AVC transitório em decorrência de uma crise de burnout, que, inclusive relato em meu capítulo no livro Mulheres do Seguro, lançado no fim do ano passado.

 

Minha mãe me ensinou desde cedo que as mulheres devem trabalhar, ter o seu próprio dinheiro e não depender do marido. Meu pai me ensinou a me posicionar profissionalmente, me valorizando como mulher. Sempre tive a necessidade de tentar ser a melhor em tudo o que fazia, me superando. Sempre fui extremamente estudiosa e em cobrança comigo.

 

O AVC me fez enxergar que precisamos dar mais valor para nossa saúde, para nossa família, para o nosso entretenimento, pois o trabalho não pode nos consumir tanto. Precisamos refletir e aproveitar os bônus o que as realizações podem nos oferecer, e ter uma vida plenamente saudável, cuidando da mente, do corpo, da alimentação e do sono – quem vive para trabalhar acaba negligenciando essas áreas, mas, se for assim, de que vale tanto esforço?

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Sigo buscando pelo equilíbrio e acabei de ler um livro a respeito do tema, o “Dá um tempo”, da jornalista Izabella Camargo. Como diz o título, é um convite à busca por limite em um mundo sem limites. Vivemos fazendo tantas coisas por dia que estamos sempre nos sentindo em débito com alguém. O tempo está passando muito rápido!

 

­É importante criar transições do momento de trabalho para o lado pessoal, proporcionando uma sensação de normalidade. Fundamental também é o cuidado com o corpo e a saúde. Outro ponto chave é ter bons relacionamentos, neste momento a tecnologia, quando utilizada com equilíbrio, pode nos favorecer. Menos tempo para a ilusão das redes sociais e mais para a realidade de ligações por vídeo e mensagens individuais.

 

Assim como o trabalho, o lazer tem que ser levado a sério. Momentos de ócio ou de atividades que nos dão prazer são indispensáveis para ativar as ideias, a criatividade, e garantir saúde mental para enfrentar este período de desafios.

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