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LÍNGUA PORTUGUESA E CIÊNCIAS: O TRABALHO COM GÊNEROS TEXTUAIS

Patrícia Souza Campos*

Viviane Cristina Carneiro*

Dandara Lorrayne do Nascimento*

 

RESUMO 

A presente pesquisa, de cunho bibliográfico, apresenta como proposta, compreender a importância do trabalho com os gêneros textuais no ensino de Ciências nos anos finais do Ensino Fundamental. O objetivo do trabalho é analisar a utilização dos gêneros textuais como como fonte de informação para o processo científico, de forma que os alunos aprendam Ciências de uma maneira mais significativa e prazerosa e possam se tornar cidadãos mais autônomos e críticos no ambiente em que vivem.

Palavras-Chave: Língua Portuguesa, Ciências, Gêneros Textuais, Ensino.

 

ABSTRACT 

The actual search, from bibliographic nature, shows as proposal, comprehend the importance of the work with text’s genres in the teaching of Science at the final years of the elementary school. The aim of the work is to analyse the use of the text’s genres as information source to the scientific process, so that the students learn Science in a more significant and pleasant way and can become citizens more independent and critical at the environment they live in.

Key words: Portuguese Language, Science, Text’s genres, Teaching.

 

1          INTRODUÇÃO

 

A Língua Portuguesa tem diferentes formas e também diferentes significados e sua função é desenvolver nos sujeitos a comunicação, a expressão da língua, seu entendimento e a sua evolução na sociedade. Dessa maneira, é através de um sistema simbólico que os sujeitos têm a capacidade de argumentar, de defender, de pensar e expressar suas ideias e sentimentos.

Dessa maneira, os gêneros textuais, que é um dos trabalhos desenvolvidos no Componente Curricular Língua Portuguesa, precisam ser instrumentos utilizados pelos docentes no dia a dia escolar, sobretudo nos anos finais do Ensino Fundamental, uma vez que eles têm como o objetivo um processo de ensino-aprendizagem mais significativos. É importante que os professores compreendam que o trabalho com os gêneros textuais circula socialmente por todas as disciplinas, promovendo o contato dos alunos com situações diversas e concretas do uso da língua.

Para o processo de ensino-aprendizagem de Ciências, é preciso desenvolver temas do cotidiano e também que sejam adequados à faixa etária e ano de escolaridade, organizando atividades interessantes que permitam aos alunos explorar e sistematizar conhecimentos compatíveis com seu nível de desenvolvimento. Dessa forma, o uso dos gêneros textuais contextualizados com o Componente Curricular Ciências é um grande aliado no processo de ensino-aprendizagem.

A proposta desta pesquisa é demonstrar a possibilidade de um trabalho interdisciplinar dos Componentes Curriculares: Língua Portuguesa e Ciências, utilizando os gêneros textuais. Considerando que a leitura não é uma prática somente do professor de Língua Portuguesa e que ela precisa ser realizada nas mais diversas disciplinas onde os saberes específicos precisam ser construídos cientificamente, o professor efetiva-se como mediador do processo de ensino-aprendizagem.

O objetivo geral é analisar a importância de trabalhar os gêneros textuais no Componente Curricular de Ciências como fonte de informação para a aprendizagem científica. Os objetivos específicos são: analisar a importância da Língua Portuguesa no contexto de aprendizagem e compreender o uso dos gêneros textuais como conteúdo da Língua Portuguesa; verificar o processo de ensino-aprendizagem de Ciências e analisar o trabalho interdisciplinar com o uso dos gêneros textuais como aprendizagem científica.

Portanto, o uso de gêneros textuais no ensino de Ciências é um rico recurso porque, através das práticas leitoras bem desenvolvidas, auxilia o aluno no conhecimento científico, na percepção e no entendimento do progresso, principalmente do meio em que está inserido.

2          A LÍNGUA PORTUGUESA

Desde a década de 80, existe uma preocupação do sistema educacional brasileiro em promover uma melhoria na qualidade do ensino da Língua Portuguesa. Ela é um instrumento de comunicação que está sempre em movimento e está ligada à história do sujeito que a utiliza no dia a dia e o meio em que vive é essencial para definir a aprendizagem da língua materna.

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998):

Com o deslocamento do eixo da investigação das questões do ensino para questões da aprendizagem, foi possível compreender que as crianças sabiam muito mais do que se poderia supor até então, que elas não entravam na escola completamente desinformadas, que possuíam um conhecimento prévio. (BRASIL, 1998, p.21)

O meio em que o sujeito está inserido é fundamental porque a linguagem é a expressão de um povo e o indivíduo por meio dela compreende e age dentro do contexto em que vive. Dessa maneira, como afirma Bazerman (2006), a escola apresenta uma importante participação nesse processo porque um dos objetivos é trabalhar de maneira significativa o processo de ensino-aprendizagem da Língua Portuguesa para que o aluno tenha condições de utilizar o sistema simbólico de forma correta.

De acordo com Leite (1997):

Na medida em que a escola concebe o ensino da língua como simples sistema de normas, conjunto de regras gramaticais, visando à produção correta do enunciado comunicativo culta, lança mão de uma concepção de linguagem como máscara do pensamento que é preciso moldar, domar para, policiando-a, dominá-la (…). Por isso, na escola, os alunos não escrevem livremente, fazem redações, segundo determinados moldes. (LEITE, 1997, p. 24)

Segundo Marcuschi (2008), a escola precisa trabalhar de maneira inteligente e dinâmica com seus alunos, de acordo com a sua bagagem e o meio em que a instituição está inserida, de maneira coerente com a disciplina, proporcionando a capacidade de ler, escrever, criar, interagir e explorar o mundo em que vive. Dessa maneira, a leitura se torna uma extensão da escola na vida dos alunos e maioria tem as suas conquistas e o que precisam aprender são feitas são feitas através dela.

Para que a aprendizagem da Língua Portuguesa, sobretudo nos anos finais do ensino fundamental, aconteça verdadeiramente, é preciso solucionar os problemas que estão relacionados com o processo de ensino-aprendizagem como a falta de leitura, a dificuldade na interpretação de textos, a pronúncia e escrita das palavras, entre outras. (SANTOS, 2009)

Portanto, o processo de ensino-aprendizagem de Língua Portuguesa precisa ser valorizado não apenas no contexto escolar, mas em todos os lugares de vivência dos sujeitos porque é através da linguagem que se desenvolve a capacidade de argumentar e interagir, promovendo uma melhoria no mundo em que vive.

3          A IMPORTÂNCIA DOS GÊNEROS TEXTUAIS

 

O trabalho com os gêneros textuais no contexto escolar dos Anos Finais do Ensino Fundamental deve ser pautado em considerar o que já é parte integrante da vida dos alunos e reconstruir interações comunicativas entre os sujeitos especialmente no ensino da Língua Portuguesa.

Para tanto, além das propostas apresentada pelos PCNs (1998), vários autores falam de textos e também de discursos e que é através deles que se aprende verdadeiramente a língua materna, como afirmam Dolz e Scheneuwly (2004):

Os gêneros são formas de funcionamento da língua e linguagem, sendo criados conforme as diferentes esferas da sociedade em que o indivíduo circula. Eles são produtos sociais bastante heterogêneos, o que possibilita infinitas construções. (DOLZ, SCHENUWLY, 2004, p.176)

 

O ensino da Língua Portuguesa parte do pressuposto de que a escola precisa organizar e garantir aos seus alunos o desenvolvimento da sua competência discursiva, usando a língua em todas as suas modalidades e de acordo com as suas necessidades de comunicação, principalmente no contexto social. (FERNANDES, 2007)

De acordo com os Parâmetros Curriculares da Língua Portuguesa (1998), para que os alunos tenham a possibilidade de inserção de maneira efetiva no mundo da escrita, ampliando e a participação social, espera-se que:

No processo de ensino- aprendizagem dos diferentes ciclos do ensino fundamental, espera-se que os alunos ampliem o domínio ativo do discurso nas diversas situações comunicativas, sobretudo nas instâncias públicas de uso da linguagem. (BRASIL, 1998, p. 32)

Para que aconteça esse processo de ensino-aprendizagem, é preciso que a escola organize um conjunto de atividades que possibilite ao aluno uma participação plena e efetiva no mundo letrado. Estas atividades precisam, segundo os PCNs – Língua Portuguesa (1998):

Utilizar a linguagem na escuta e produção de textos orais e na leitura e produção de textos escritos de modo a atender a múltiplas demandas sociais responder a diferentes propósitos comunicativos e expressivos, e considerar as diferentes condições de produção do discurso; utilizar a linguagem para estruturar a experiência e explicar a realidade, operando sobre as representações construídas em várias áreas do conhecimento (…) analisar criticamente os diferentes discursos, inclusive o próprio, desenvolvendo a capacidade de avaliação de textos (…). (BRASIL, 1998, p.33)

Dessa maneira, o professor da Língua Portuguesa é o principal articulador para que aconteça o processo de ensino-aprendizagem, desenvolvendo em seus alunos as competências de leitura e de escrita, que são as habilidades essenciais que possibilitam aos sujeitos a sua participação plena na vida escolar e na vida social.

Nesse contexto, os gêneros textuais são propostos pelos PCNs de Língua Portuguesa (1998) como um objeto de trabalho para o ensino da prática da leitura e também da produção de textos, sugerindo o lugar do texto oral e do texto escrito como a concretização de um gênero.

O estudo dos gêneros textuais, de acordo com a concepção de Bezerra (2003):

(…) o estudo de gêneros pode ter conse­quência positiva nas aulas de Português, pois leva em conta seus usos e funções numa situação comunicativa. Com isso, as aulas podem deixar de ter um caráter dogmático e/ou fossilizado, pois a língua a ser estudada se constitui de formas dife­rentes e específicas em cada situação e o aluno poderá construir seu conhecimento na interação com o objeto de estudo, mediado por parceiros mais experientes. (BEZERRA, 2003, p. 41)

A forma do uso e a esfera de circulação dos gêneros textuais, a partir da proposta dos PCNs (1988) foram considerados importantes para o ensino da Língua Portuguesa, deixando de prevalecer, até então, um estudo da forma e também do conteúdo até então descontextualizados.

Dessa maneira, de acordo com Santos (2009), os gêneros textuais são defendidos como fortes aliados para o processo de ensino-aprendizagem da Língua Portuguesa para a prática da leitura e da escrita, contextualizado com a utilização na prática do meio em que estão inseridos.

O Ministério da Educação e Cultura (MEC), ao propor o trabalho com os gêneros textuais, tem o intuito de atender aos objetivos da educação brasileira, principalmente em relação ao respeito do ensino da Língua Portuguesa no contexto educacional.

Um dos principais objetivos do MEC é inserir o aluno em uma sociedade alfabetizada e letrada.  Dessa maneira, a proposta de dar ênfase à perspectiva do trabalho com os gêneros textuais durante a aquisição e processo do ensino-aprendizagem da Língua Portuguesa tem como ponto de partida o uso na vida social dos gêneros.

A proposta dos gêneros textuais é que eles foram criados e reconstruídos pelos sujeitos principalmente pelas interações comunicativas, utilizando-o no dia a dia. Diante disso, é preciso considerar o que já faz parte da vida do indivíduo (conhecimentos prévios) e utilizar o trabalho com os gêneros no processo de ensino-aprendizagem, sendo um dos princípios que sustentam o trabalho no contexto escolar. (KOCH, 1997)

Dessa maneira, não há como trabalhar com a linguagem na escola sem os gêneros textuais porque ela ocorre por meio deles. Por ser tão importante para o processo de ensino-aprendizagem, é preciso que as instituições escolares compreendam que o trabalho com os gêneros na sala de aula não pode ser feito apenas porque eles constam nos guias curriculares.

Os gêneros no contexto escolar devem ser utilizados com o intuito principalmente, dos alunos utilizá-los no cotidiano. Koch (1997) diz que os gêneros textuais, quando não são utilizados e explorados adequadamente no contexto escolar considerando o conhecimento prévio e o uso fora da escola, as práticas sociais são totalmente ignoradas.

Por isso, o trabalho não tem como ser eficiente se o professor, quando não trabalha com os diversos tipos de gêneros, desconsidera os aspectos que estão fora da escola ao invés de trazer estes fatores para dentro do universo da instituição escolar.

De acordo com Bazerman (2006):

A definição de gênero textual apenas como um conjunto de traços textuais, além de ignorar o papel dos indivíduos no uso e na construção de sentidos, não considera o fato de que é possível se chegar a uma compreensão mais profunda de gêneros como fenômenos de reconhecimento psicossocial, como parte do processo de atividades socialmente organizadas. E, sabendo que são várias as vertentes que nos remetem à importância de sua utilização na nossa prática pedagógica no cotidiano escolar, cabe, portanto, às escolas, mais especificamente aos professores, utilizar-se dos gêneros como elemento facilitador no processo de ensino e aprendizagem da língua materna, ou, em outras palavras, em uma ação sócio discursiva na escola. (BAZERMAN, 2006, p. 31)

Assim como os outros teóricos que falam de texto e de discurso, Dolz e Scheneuwly (2004) também relatam que é por meio de textos que acontece o ensino da Língua Portuguesa e, por isso, o trabalho realizado com diferentes gêneros textuais sejam eles orais ou escritos são fundamentais para o processo de ensino-aprendizagem.

Porém, diante dos estudos, se percebe que tenha mais significado, é preciso que se estabeleça um trabalho baseado em sequência didática e agrupamentos de gêneros textuais a partir de características comuns, observando e considerando os conhecimentos prévios dos alunos e promovendo uma aprendizagem significativa.

Dessa maneira, para que os alunos nos anos finais do Ensino Fundamental possam dominar os diferentes gêneros textuais, cabe ao professor construir estratégias adequadas de ensino, com o objetivo de desenvolver nos alunos capacidades necessárias para aprender e também fazer o uso adequado na prática dos gêneros no cotidiano.

4          O COMPONENTE CURRICULAR CIÊNCIAS NOS ANOS FINAIS

O Componente Curricular Ciências tem como objetivo dar ao aluno autonomia para o conhecimento científico, de modo que possa compreender a sua relação com o mundo em que vive. Segundo os PCNs – Ciências (1998), o conhecimento científico é primordial, mas não supre todas necessidades dos alunos e acrescenta que é fundamental “considerar o desenvolvimento cognitivo dos estudantes, relacionado a suas experiências, sua idade, sua identidade cultural e social, e os diferentes significados e valores que as Ciências Naturais podem ter para eles”. (BRASIL, 1998, p. 27).

Dessa maneira, ensinar Ciências faz com que o professor tenha como prioridade permitir, através da leitura, que o aluno seja um ser autônomo e crítico, compreendendo que os fenômenos científicos sempre evoluem rapidamente e que entendam, principalmente, qual é a relação do ser humano com a ciência. (DELIZOICOV, ANGOTTI, PERNAMBUCO, 2002)

Para tanto, se torna necessário que o ensino de Ciências com qualidade precisa proporcionar aos seus alunos um conhecimento científico e tecnológico, de forma que eles possam refletir, questionar, participar e decidir de acordo com os temas que são relacionados com o avanço das ciências e da tecnologia científica.

De acordo com Bizzo (2007), ensinar Ciências deve dar a ao aluno a oportunidade do conhecimento científico e contribuir para tomadas de decisões na sociedade:

O ensino de ciências deve proporcionar a todos os estudantes a oportunidade de desenvolver capacidades que neles despertem a inquietação diante do desconhecido, buscando explicações lógicas e razoáveis, amparadas em elementos tangíveis. Assim, os estudantes poderão desenvolver posturas críticas, realizar julgamentos e tomar decisões fundadas em critérios tanto quanto possível, objetivos, defensáveis, baseados em conhecimentos compartilhados por uma comunidade escolarizada definida de forma ampla. Portanto, os conteúdos selecionados pela escola têm grande importância e devem ser ressignificados e percebidos em seu contexto educacional específico. (BIZZO, 2007, p. 14).

A sala de aula, para que se torne um ambiente em que os alunos façam leituras, atividades diversificadas e troquem conhecimentos, precisa ser conduzida pelo professor de forma produtiva e interessante, onde os alunos desenvolvem o conhecimento científico e têm garantindo o seu processo de ensino-aprendizagem.

Para Carvalho (2008), o professor de Ciências precisa constantemente atualizar e enriquecer seus conhecimentos para que possa verificar se os alunos conseguiram conhecer os métodos científicos que foram utilizados para a produção de conhecimentos e assim enriquecer a sua metodologia de ensino.

Portanto, o uso dos gêneros textuais para a discussão sobre a sociedade, sobre a ciência e a tecnologia podem propiciar aos alunos reflexões que os façam compreender a cultura científica. Assim, através desses textos, o professor está auxiliando os alunos a uma percepção da realidade e contribuindo para uma vivência e compreensão do mundo em que eles estão inseridos.

5          OS GÊNEROS TEXTUAIS NO ENSINO DE CIÊNCIAS

As contribuições dadas pelos Parâmetros Curriculares Nacionais da Língua Portuguesa (1998) acerca dos gêneros textuais oferecem aos profissionais da educação subsídios teóricos para o trabalho na sala de aula, porém não mostram como fazê-lo na prática e também como trabalhar efetivamente com os mesmos no processo de ensino-aprendizagem.

Para que a aprendizagem seja significativa, é preciso que os alunos leiam diferentes tipos de textos que circulam socialmente. Esta seleção do material de leitura deve apresentar critérios como a variedade de gêneros, a possibilidade de ser um conteúdo interessante, atender aos outros projetos de estudo e de pesquisa das demais áreas e também atender aos subsídios dos projetos da área da Língua Portuguesa. (BRASIL, 1998)

As constantes práticas de leitura de diversos gêneros textuais são propostas em diversos documentos oficiais e currículos, propondo que os professores utilizem uma metodologia que promova o interesse do aluno pela leitura através de atividades interdisciplinares e também mantenham o contato com gêneros textuais diversos e que sejam interessantes.

Os professores, especificamente os de Ciências, na organização do seu planejamento, devem incluir a leitura de diversos gêneros, de modo que seus alunos tenham contato com os mais variados tipos de textos que circulam na sociedade. Essa leitura, de acordo com Oliveira (2008), é um processo interativo e fundamental para a formação de alunos que se tornarão leitores mais ativos e críticos, que é essencial para o contato com a produção científica.

Dessa maneira, para o ensino de Ciências, a prática de leitura dos mais diversos gêneros textuais, aliadas com estratégias de leitura, permite com que o aluno faça associações e reflexões sobre o tema abordado com as questões que são científicas, tecnológicas e sociais, aproximando-os do conhecimento científico e que poderá ser utilizado para agir de maneira consciente, responsável e também crítica no meio em que vive. (BRASIL, 1998)

Para Coracini (2007), é preciso organizar uma maneira adequada para o trabalho com os gêneros textuais em Ciências e uma delas pode ser através de sequências didáticas, a partir das suas características e que tenham sentido para ser trabalhado de maneira sistemática e com objetivos que se complementam entre si.

Para tanto, se torna necessário valorizar o conhecimento prévio dos alunos depois de apresentado o gênero. Posteriormente, faz um trabalho através de módulos (momentos diversos) e agrupamento dos gêneros, propondo atividades diversificadas e posteriormente verificando a consolidação da aprendizagem através de várias atividades individuais e em grupo.

A leitura precisa ser realizada com diferentes gêneros textuais e passo a passo, preparando o aluno para reconhecer os elementos que compõem aquele gênero e a sua associação com Ciências, compreendendo, questionando e refletindo o conteúdo que foi apresentado.

Portanto, a leitura de diferentes gêneros textuais nas aulas de Ciências promove aos alunos a sua inserção no universo científico significativo porque vivenciam atividades que fazem sentido para eles, ajudando-os a fazer análise, refletir e criticar, sempre em conexão com outros gêneros lidos e, assim, promovendo o seu amadurecimento intelectual. 

 

6          CONCLUSÃO  

A proposta desta pesquisa era analisar se o trabalho com os gêneros textuais de forma interdisciplinar no ensino de Ciências dos Anos Finais do Ensino Fundamental tinha resultados positivos, visto que são textos que são mais conhecidos pelos alunos, e por isso, tornam-se mais significativos.

Conclui-se, portanto, que, como a Língua Portuguesa tem diferentes formas e significados e tem como intenção fazer com que os alunos desenvolvam a sua comunicação, a expressão da língua materna e o seu entendimento e compreender como ela evolui na sociedade, o trabalho com os gêneros textuais precisa ser realizado de maneira interdisciplinar no contexto escolar.

Os gêneros textuais contribuem para que os alunos tenham acesso ao funcionamento real da língua materna e tenham maiores condições para compreender e produzir textos, além de utilizá-los na sua vida escolar e na sua vida social, visto que são textos que estão no dia a dia do sujeito.

O ensino de Ciências precisa considerar como seus alunos compreendem a ciência e a produção científica de acordo com as suas experiências, verificando os diferentes significados e valores que possuem, a identidade cultural e social de cada sujeito e assim contribuir para seu desenvolvimento cognitivo.

Entende-se, então, que o uso dos gêneros textuais no ensino de Ciências faz sentido quando o professor compreende que as mais diversas estratégias de leitura com significado para o aluno e que estas estão inseridas no seu cotidiano faz com que os sujeitos aprendam de maneira significativa e prazerosa.

Portanto, o uso dos gêneros textuais, não apenas como exclusividade na Língua Portuguesa, mas como recurso interdisciplinar, especialmente no ensino de Ciências, faz com que o professor ressignifique o processo de ensino-aprendizagem e alcance os objetivos propostos.

 

REFERÊNCIAS 

BAZERMAN, C. Gêneros, tipificação e interação: Ângela Paiva Dionísio, Judith. Chambliss Hoffnagel, (org); trad. e adp. de Judith Chambliss Hoffnagel. São Paulo: Cortez, 2006.

 

BEZERRA, M. A. Ensino de língua portuguesa e contextos teórico-metodológicos. In: DIONÍSIO. A.P., MACHADO, A.R., BEZERRA, M.A. (org.) Gêneros Textuais & Ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2003.

BIZZO, N. Ciências: fácil ou difícil? São Paulo: Ática, 2007.

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_______, Ministério da Educação e do Desporto. Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN – Terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental – Ciências. Brasília: 1998.

________, Secretaria de Educação Média e Tecnológica. PCN + Ensino Médio: Orientações Educacionais complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais. Ciências da natureza, matemática e suas tecnologias. Brasília: MEC; SEMTEC, 2002.

CARVALHO, A. M. P.; LIMA, M. C. B. O falar, o escrever e o desenhar na construção de conceitos científicos. In: ALMEIDA, M. J. P. M.; SILVA, H. C. S. (Org.). Linguagens, leituras e ensino da ciência. Campinas: Mercado de Letras: Associação de Leitura do Brasil – ALB, 1998.

CORACINI, M.J. Um fazer persuasivo: o discurso subjetivo da ciência. Campinas: Pontes Editores, 2007.

DELIZOICOV, D. (org.); ANGOTTI, J. A.; PERNAMBUCO, M. M. Ensino de Ciências: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2002.

DOLZ, J.; SCHNEUWLY, B. Gêneros orais e escritos na escola. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2004.

FERNANDES, C. R. D. Leitura, literatura infantojuvenil e educação. Londrina: EDUEL, 2007.

KOCH, I. G. V. A coesão textual. São Paulo: Contexto, 1997.

LEITE, L. C. M. Gramática e literatura: desencontros e esperanças. In: GERALDI, J. W. O texto na sala de aula. São Paulo: Ática, 1997.

MARCUSCHI, L. A. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.

OLIVEIRA, J. M. Ciência e divulgação científica: reflexões sobre o processo de produção e socialização do saber. In: Periodística: revista acadêmica, v. 11, 2008.

SANTOS, V. L. dos. Ensino de Língua Portuguesa. Curitiba: IESDE. Brasil S.A., 2009.

 

 

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*Patrícia Souza Campos. Graduada em Física pela UNIFOR – Universidade de Formiga. Especialista em Ciências. Aluna do curso de especialização em Docência do IFMG – Arcos.

*Viviane Cristina Carneiro. Graduada em Letras – Português e Inglês pela UNIFOR – Universidade de Formiga. Graduada em Pedagogia pela Faculdade FINOM. Pós-graduada em Informática da Educação. Aluna do curso de especialização em Docência do IFMG – Arcos.

*Dandara Lorrayne do Nascimento. Graduada em Matemática- IFMG. Especialista em Matemática e Biologia – FAVENI. Mestranda em Matemática e Computacional – CEFET MG.

 

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