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Por NAIR LUCIA DE BRITTO
Um artigo que eu li na revista Veja, escrito por João Batista Oliveira, dizia o seguinte:
“Desperdiçar talentos é um crime de lesa-pátria. Há evidências fortes demonstrando como um núcleo forte de talentos é capaz de produzir mudanças profundas na economia e na eficiência de um país. Infelizmente nosso maior talento tem sido justamente o desperdício de talentos.” Na área cultural não é diferente.
Conheci o cantor e compositor Tiago Araripe em fins da década de setenta, quando me foi apresentado, quando iniciava sua carreira musical. Dias depois, encontrei-o, num Supermercado da Vila Madalena, em São Paulo. Conversamos apenas alguns minutos, e nunca mais eu o vi, desde então.
Em tempos de pandemia, navegando pelas redes sociais eu o achei casualmente, e dei-me conta do seu talento.
Sua voz tranquila nas músicas que acompanha com seu violão lembra um pouco da voz do Chico Buarque de Holanda ou de João Gilberto; não sei. Mas o que mais me impressionou foram suas composições; a riqueza e a originalidade dos versos cantados com muito sentimento.
Segundo pesquisa, Tiago Araripe iniciou seu trabalho no grupo Nuvem 33, no início da década de 70, em Recife. Interessado pelo trabalho artístico de Tom Zé veio ter com ele em São Paulo. Gravaram juntos “Conto de Fraldas”, de autoria de Tom Zé e “Teu Coração Bate, o meu Apanha”, de Tiago Araripe e Décio Pignatari. Também participou do grupo e da vanguarda paulista. “Cabelos de Sansão” foi um disco que o destacou. Produzido em 1982, pelo Lira Paulistana.
Vinte e seis anos depois desta gravação, Zeca Baleiro interessou-se pelas composições de Tiago Araripe e o convidou para relançar “Cabelos de Sansão”, em CD.
Tiago, que se afastara da carreira artística por não obter o reconhecimento esperado, com o convite de Zeca Baleiro, se reanimou.
Atualmente, Tiago Araripe mora em Bombarra, Leiria, Portugal. Sobre sua mudança para a Europa Tiago tem uma explicação:
“Trocamos, eu e minha mulher, o trânsito, a fumaça, as sirenes e a pressa das capitais por uma cidadezinha de cinco mil habitantes no interior de Portugal. Substituímos o consumismo por uma forma minimalista de viver. Acordamos ouvindo o cantar dos passarinhos.”
Mas Tiago não esquece suas raízes, sua cidade natal: Crato, em Fortaleza/CE. Tampouco São Paulo. Tanto é que marcou um show para o dia 25 de abril, no Sesc Belenzinho. Mas, infelizmente, talvez seja adiado por conta da Pandemia que todos nós estamos sofrendo.
Quando tudo passar, “Torço para que a humanidade aprenda as lições necessárias para reconstruir uma vida em novas bases”, ele diz.
Entre suas composições estão:
Baião de Nós – 2013
Nós – 2013
Canção do Silêncio – 2013
Perder Alguém – 2018
Na Mala, só Viagem – 2018
Tudo no Lugar – 2019
Seis Cordas – 2020
“Nada marca tanto os países e lugares quantos seus homens notáveis. Os escritores, poetas, os artistas e os místicos. Os que motivam com seu legado, inspiram com sua arte e transformam com seus exemplos.”
Tiago Araripe.
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