Nair Lúcia de Britto
Estou cansada de ouvir pessoas fazendo declarações públicas a favor do que julgam ser uma família. Mas o que é família, para você, Sr. Cidadão?
Para mim, uma família constitui-se através de um casal que se ama. E, a partir desse amor, vem os filhos; aos quais esse casal lhes têm um amor incondicional e a responsabilidade de proteger e educar, para que sejam cidadãos de bem e úteis à sociedade em que vivem.
Mas a definição simplista e lacônica que eu sempre ouço falar é que uma família é aquela composta por um homem e uma mulher e ponto.
Primeiramente, parto do princípio que todos têm direito a ter uma família. Desde que ela se forme a partir do amor. Se não existir amor mútuo e verdadeiro não existe uma família.
A realidade mostra um grande número de maridos que matam ou espancam suas mulheres. Maridos que mudam de mulher como quem muda de roupa.
Casam-se atraídos por uma mulher bonita. Assim que ela começa a amadurecer e vai perdendo a graça da juventude, esses falsos maridos (mesmo casados no civil e no religioso) abandonam mulher e filhos por causa de outra mulher bonita e mais jovem, que ele poderá exibir como se fosse um “troféu”.Só que a mulher não é um troféu para ser exibido e não fará nenhum homem mais homem.
Que tipo de mulher um homem valoriza?
Uma mulher de seios fartos, de corpo bem delineado e jovem? Ou uma mulher inteligente, honesta, culta e competente? Não preciso dizer a resposta.
Mas há outros homens que não abandonam a mulher. Permanecem no lar, mas a ignoram e a tratam como se ela fosse um objeto do qual imaginam ser o dono. Estão ao seu lado apenas para manter as falsas aparências de uma família feliz. E “por debaixo do pano”, vai endeusar as as suas preferidas.
Recentemente ouvi a notícia de mulheres agredidas por populares, porque cometeram um aborto. Com que direito?
Sou contra o aborto porque acho que uma criança não tem que pagar pelo erro dos pais. Mas acho que a Lei está errada em penalizar uma mulher que comete aborto.
A penalidade deveria ser direcionada ao pai e não à mãe. Porque, na maioria dos casos, a mulher que comete aborto é sempre por causa de um homem que fingiu-lhe amor, a engravidou e depois saiu correndo. Abandona o filho que fez, na maior tranquilidade, e não lhe acontece nada!
Muitas vezes, sem poder contar com o pai da criança, sem o apoio da família e nem mesmo da Lei, essa mulher não vê outra saída.
Se todos os homens fossem responsáveis pelos filhos que fazem creio que não existiria o aborto. Existiria uma família. Infelizmente não é o que acontece.
Muitas mulheres fazem o papel de pai e de mãe ao cuidar dos seus filhos porque os respectivos pais os abandonam. E sabe qual é o prêmio? Dupla jornada de trabalho, um salário mais baixo e mais dois anos de trabalho. para contar na aposentadoria.
Presente de grego! É, ou não é?
Portanto, Sr. Cidadão, mude o seu conceito de família. Porque família é um conjunto de pessoas que amam, que se respeitam, que se ajudam. Que trabalham para o bem-estar social e pela paz. Que preservam, através dos filhos, o verdadeiro conceito do que seja uma família de verdade.
Arte: Tarcila do Amaral