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Paz e Amor

Por Nair Lucia de Britto

Nair Lúcia de Britto

Era uma tarde agradável, de verão. Eu regava as flores do meu jardim. Enquanto isso, dois meninos brincavam na Praça, em frente a minha casa. Brincavam e riam alegremente… Mas, de repente, começaram a brigar.

Na briga, um deles caiu no chão e o outro começou a dar chutes fortes cabeça do outro. Ambos tinham entre cinco ou o seis anos de idade, portanto sem a menor noção do perigo.

Larguei o regador, o jardim, as flores, o portão da casa aberto; e atravessei a rua correndo para separar a briga dos dois. Repreendi o  garoto que chutava o outro e ele, sem graça, foi correndo para a casa dele.

Depois levantei o menino que estava caído no chão e, pegando-o pela mão, levei-o para a mãe dele, contando-lhe o ocorrido. Recomendei-lhe que levasse o filho ao médico; pois uma pancada na  cabeça poderia trazer consequências sérias. Ela não me deu atenção, respondendo, apenas: “Ora, isso não é nada!…”

Bem… isso aconteceu faz tempo! Mas foi recentemente que eu assisti pela televisão uma cena semelhante entre dois homens adultos. O que estava caído no chão era Kauê, um jovem de apenas 21 anos; que, com mais dois amigos, ia alegremente para Aparecida, para trabalhar. O outro era um guarda que confundira os três rapazes com assaltantes. Kauê foi chutado, amarrado e preso; e seus dois amigos, infelizmente, morreram.

O ato de um chutar uma pessoa que está caída no chão, durante uma disputa, é uma ação covarde. Porque quem é chutado, numa situação dessas, não tem a menor chance de se defender. É uma cena deprimente, mas muito comum nos “filmes de ação”, que todos os dias se vê na televisão; em total  menosprezo à fraternidade. E a deseducação da ficção funciona, porque essa cena também se tornou comum na realidade.

A gente não quer falar de tristezas, mas não dá mais para ver tantas vidas inocentes perdidas, seus familiares sofrendo e continuarmos calados. A injustiça que fizeram com esses trabalhadores é algo inominável! Não sabemos nem o que dizer…

Essa violência constante do mundo atual não tem razão de ser. Kauê e os familiares dos rapazes que morreram precisam, no mínimo, serem indenizados pela injustiça que sofreram!

Os policiais, em geral, também são injustiçados. Muitos morrem em defesa da sociedade. Talvez lhes falte o devido preparo, equipamentos para protegê-los, apoio psicológico para lidar com uma tarefa tão árdua, e um salário recompensador.

A Segurança Pública é vital para os brasileiros, mas não cabe apenas ao poder público. A população também precisa colaborar! Não batam palmas para os filmes violentos na tevê ou para o erotismo barato e vulgar, porque isso não é e nunca foi arte.

Votem na Paz e no Amor! Não votem nas armas!

Porque aqueles que apostam na violência só espalham a infelicidade. Não façam como aquela mãe despreocupada, cujo filho foi agredido naquela longínqua tarde de verão, que me disse:

“Ora, isso não é nada!”

Arte: Nina Rocha.

Nair Lúcia é poeta, jornalista, escritora e colaboradora da Revista Partes

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