Junior Henrique da Silva Moreira [[i]]
Kétury Silva dos Passos [[ii]]
Valdecira Aparecida da Silva Moreira [[iii]]
Resumo: O presente artigo fundamenta-se em pesquisa bibliográfica a luz de autores descritos nas referências finais, tem por finalidade a análise e alerta sobre os perigos das plantas tóxicas para os bovinos. Estudos revelam que as plantas tóxicas provocam elevados prejuízos financeiros à pecuária brasileira, promovendo por diversas vezes morte súbita nos bovinos. Dada à pertinência dos fatos evidencia-se a necessidade da presente pesquisa e divulgação dos resultados.
Palavras Chave: Plantas tóxicas. Bovinos. Morte súbita
Abstract: The present article is based on a bibliographical research in the light of authors described in the final references, whose purpose is the analysis and alert on the hazards of plants toxic to cattle. Studies show that toxic plants cause high financial losses to Brazilian cattle raising, causing several times sudden death in cattle. Given the pertinence of the facts, it is evident the need of the present research e divulgação dos resultados. Keywords: Toxic plants. Bovine. Sudden death. Introdução
No decurso deste estudo foi realizado um levantamento bibliográfico introdutório, tendo a coleta de dados realizada no mês de abril 2019, utilizando a base de dados artigos científicos, dissertação de mestrado, publicações em livros e revistas cientificas, com o tema “intoxicação por plantas em bovinos”. Sendo esses correlacionados com a temática proposta, os estudos escolhidos foram publicados entre os anos de 1981 a 2018 sendo concernentes ao objeto de estudo.
Este artigo visa compartilhar estudo bibliográfico, descritivo sobre as principais plantas tóxicas para bovinos, no Estado de Rondônia, ele emergiu das inquietações provocadas em decorrência a participação em Seminários e estudos acadêmicos no curso de Medicina Veterinária nos anos de 2015 a 2019, que despertou para a necessidade de maior estudo e disseminação de informações, visando amenizar os prejuízos financeiros decorrentes da mortalidade no rebanho bovino. Neste contexto Schons (2011) aponta dois principais fatores para mortalidade em animais:
“Produtores rurais e médicos veterinários que atuam em Rondônia consideram como principal causa de mortalidade em animais de produção, a escassez de alimentos durante a época de estiagem e a ingestão de plantas tóxicas” (SCHONS, 2011, p.8).
Schons (2011) realizou levantamento em 12 municípios da região central de Rondônia, com foco nas ocorrências de surtos de intoxicação, com o objetivo de identificar as principais plantas tóxicas da região. Concluiu que o número de plantas tóxicas na região pesquisada até o ano de 2011 passou de um para nove.
Pesquisa bibliográfica aponta para a preocupação do fato de que por diversas vezes os agricultores por “n” motivos acabam não fazendo a necropsia no bovino e como consequência não identificam as reais causas da morte do animal, se ocorreu por ingestão de plantas tóxica ou por outro fator.
Entende-se por planta tóxica, aquela capaz de causar uma determinada enfermidade no animal ou até mesmo sua morte, quando consumida em condições naturais (RIET-CORREA; MÉNDEZ; SCHILD, 1993).
Para os autores acima citado as plantas tóxicas para animais são geralmente estudadas por divisão regional, porque a ocorrência das intoxicações depende de fatores epidemiológicos de importância variável para cada região.
Pavarini (2012, p.7) alerta para o fato de que a maioria dos bovinos intoxicados são encontrados mortos, sem qualquer registro de alterações clínicas prévias.
Neste contexto faz se necessário estudo das principais plantas tóxicas no Estado de Rondônia a fim de prevenir uma possível epidemia por intoxicação.
Intoxicações por: Palicourea Marcgravii, P. Grandiflora, P. Juruana Krause
Entre as plantas identificadas como tóxica em Rondônia, destaca-se o Palicourea Marcgravii, conhecida popularmente como: Cafezinho, Café Bravo, Erva de Café, Erva de Rato e Vick (TOKARNIA et al. 2000).
Segundo Schons, (2011, p.11) Os animais intoxicados pela Palicourea Marcgravii, apresentam um quadro de morte súbita após poucas horas da ingestão da planta e os sinais clínicos observados são quedas repentinas, desequilíbrio, tremores musculares, respiração ofegante e morte.
O autor relata que o quadro clínico da intoxicados pode ser precipitada pela movimentação do animal
Oliveira et al. (2018, p.6) alerta sobre a necessidade do monitoramento, para identificar a presença de Cafezinho. Quando forem observados casos de intoxicação por esta planta, segundo o autor deve-se transferir os animais destas áreas para outras, onde a planta não ocorra.
Ao se detectar a presença do Cafezinho, profissionais da área, recomenda que a pastagem deverá ser vistoriada e as plantas eliminadas.
As orientações dos médicos veterinários, são para que a movimentação dos animais deverá ser com extremo cuidado, pois pode antecipar a morte dos mesmos.
Oliveira et al. (2018) recomenda arrancar, com enxadão, as plantas de cafezinho encontradas no pasto, de preferência antes do florescimento. O material deve ser recolhido, transportado para um local onde os animais não tenham acesso e queimado em seguida.
Tokarnia et al. 1981, Apud Schons, 2011, p. 12 destaca a intoxicação pela planta P. Grandiflora, conhecida por surto de morte súbita, como uma das responsáveis pela intoxicação em rebanho bovino que adentram as áreas de matas nativas, em Rondônia, Acre e Mato Grosso veja:
“P. Grandiflora é um arbusto pertencente à família Rubiaceae, sem nome popular conhecido, responsável por surto de morte súbita em bovinos que adentram áreas de matas nativas nos estados de Rondônia, Acre e Mato Grosso. Os sinais clínicos observados nos bovinos intoxicados são dificuldade de locomoção, tremores musculares, decúbito esternal, opistótono, dificuldade respiratória, movimentos de pedalagem e morte após 24 horas da ingestão. A manifestação clínica pode ser precipitada pela movimentação dos animais. Na necropsia as lesões são inespecíficas e histologicamente observa-se nos rins degeneração hidrópico-vacuolar associada à picnose nuclear das células epiteliais dos túbulos contornados distais .”
Devido à evolução da doença ser super aguda, não há tratamento aceitável suficiente para a intoxicação de ruminantes pela P. Grandiflora. Sendo assim, a única alternativa até o momento disponível para se evitar mortes dos animais por esta planta é retirar o gado de pastagens afetadas com a planta. (POTT et al. 2006 apud COSTA, 2009).
Palicourea Juruana Krause Arbusto da família Rubiaceae, conhecida pelos nomes populares de “Roxa” ou “Roxinha”, responsabilizada por mortandades em bovinos nos estados do Pará e Rondônia, com habitat em terra firme, onde bovinos consomem espontaneamente a planta mesmo sem fome, em qualquer época do ano, confirmando-se a suspeita de ter boa palatabilidade (TOKARNIA et al. 2000).
Em bovinos, os sintomas da intoxicação por P. Juruana ocorrem aproximadamente 12 horas após a ingestão. A evolução da “fase dramática da intoxicação” da P. Juruana é super aguda, tanto para bovinos quanto búfalos; com queda brusca do animal ao solo, em decúbito lateral com movimentos de pedalagem, dispnéia e morte (TOKARNIA et al. 1994).
Para Tokarnia et al. O princípio ativo também continua desconhecido. O aspecto mais importante para o diagnóstico é o quadro de “morte súbita” associada à ocorrência da planta. O diagnóstico diferencial também é realizado em relação a outras plantas que causam “morte súbita”, em especial com P. Marcgravii, que tem habitat semelhante e o carbúnculo hemático e acidente ofídico.
Estudo bibliográfico em publicações científica, revela que no Brasil, existem mais de 130 espécies de plantas tóxicas sendo elas distribuídas em 79 gêneros, dentre as quais se destacam aquelas que afetam o funcionamento cardíaco.
Bandinelli, (2014) afirma que as plantas tóxicas, causadoras de morte súbita quando associadas à prática de exercício, provocam lesões agudas e super agudas com insuficiência cardíaca em bovinos, levando-os a morte.
Considerações finais
Observou-se durante a realização da pesquisa que o tema em investigação requer maior estudo, uma vez que o conhecimento, a identificação das plantas tóxicas, causas e efeitos para o rebanho bovino, faz se necessários para promoção de tratamento e ações que visem minimizar as perdas ocasionadas à pecuária.
As maiorias das plantas tóxicas brasileiras não estão descritas na literatura, apesar de ter importância econômica para a produção animal e seus criadores. Embora haja pesquisas sobre essas plantas, há grande carência de dados no estado de Rondônia, pois não são informadas pelos proprietários de bovinos ao IDARON, as possíveis mortes causadas por plantas tóxicas da região.
Recomenda-se campanha de conscientização da necessidade de informar aos órgãos competentes, em relação à mortalidade de bovinos por intoxicação causada por planta nas pastagens. A falta de informação prejudica as pesquisas e busca de tratamento, ocasionando prejuízos financeiros e possíveis risco de surtos de intoxicação.
Xavier (2013, P. 29) esclarece que um dos fatores que dificulta a divulgação real dos números de mortalidade de rebanho bovino causado por intoxicação por plantas nas pastagens é que o produtor de bovinos dificilmente sabe quando houve morte por intoxicação, julgando as vezes, ser por picadas de cobras venenosas, carbúnculo e outros
Schons (2011, p. 66) destaca que na região central de Rondônia estão presentes 16 plantas tóxicas reconhecidas por produtores rurais ou profissionais das ciências agrárias; destacando: Palicoura Marcgravii, P. Juruana e P. Grandiflora, como as principais causadoras de morte em bovinos por intoxicação na região central de Rondônia.
Referencias Bibliográficos
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COSTA, A. M. D. Plantas tóxicas de interesse pecuário nas microrregiões de Araguaína e Bico do Papagaio, Norte do Tocantins. 2009. 107 f. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal Tropical)-Universidade Federal do Tocantins, Palmas, 2009.
OLIVEIRA Pérsio Sandir D’. BRIGHENTI, Alexandre Magno, OLIVEIRA,Vânia Maria de, MIRANDA João Eustáquio Cabral de, Plantas Tóxicas em Pastagens: Cafezinho (Palicourea marcgravii St. Hill) Juiz de Fora, MG Agosto, 2018
OLIVEIRA, C.M.C.; BARBOSA, J.D.; MACEDO, R.S.C.; BR ITO, M.F.; PEIXOTO, P.V.; TOKARNIA, C.H. Estudo comparativo da toxidez de Palicourea Juruana (Rubiaceae) para búfalos e bovinos. Pesquisa Veterinária Brasileira, v. 24, n. 1, p. 27-30. Jan./Mar. 2004
PAVARINI, Saulo Petinatti, Intoxicação por amorimia (mascagnia) exotropica em Bovinos no rio grande do sul, Tese apresentada em Ciências Veterinárias na área de concentração em Cirurgia, Morfologia e Patologia Animal, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2012.
POTT, A.; POTT, V.J.; SOUZA, T.W. Plantas daninhas de pastagem na região dos cerrados. EMBRAPA Gado de Corte. Campo Grande, MS. 2006. 336 p. il.
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SCHONS, Sandro de Vargas, Plantas Tóxicas Para Ruminantes e Equídeos Na Região Central De Rondônia, Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária da Universidade Federal de Pelotas, 2011.
TOKARNIA C.H., DÖBEREINER J.E. & SILVA M.F. Intoxicação por Palicourea grandiflora (Rubiaceae) em bovinos e coelhos. Pesquisa Veterinária Brasileira 1(3): 85-94, 1981.
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TOKARNIA, C.H.; DÖBEREINER, J.; PEIXOTO, P.V. Plantas Tóxicas do Brasil. Rio de Janeiro: Helianthus, 2000. 320 p.
XAVIER, Dirce Honória da Silva, Plantas Tóxicas de Interesse Pecuário Ocorrentes No Estado De Rondônia: Aspectos Biológicos, Químicos e Patogênicos Monografia apresentada ao curso de Graduação em Farmácia Ariquemes -RO, 2013.
[[i]]. Técnico em Agropecuária pelo Instituto Federal de Educação Ciências e Tecnologia de Rondônia – IFRO Campus Colorado do Oeste (2014). Cursista do 9º período de Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Rondônia, Campus Rolim de Moura RO. Email jr_hsm@hotmail.com
[[ii]]Cursista do 9º período de Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Rondônia, Campus Rolim de Moura RO. Voluntária do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica – PIBIC, nos ciclos de 2016-2017, 2017-2018 e bolsista do programa CAPES/FAPERO pela modalidade de Iniciação Científica (2018-2019. Email keturypassos@hotmail.com
[[iii]]Mestra em Ciências da Educação/UDS; Professora Nível III SEDUC/RO. valdeciracolorado@hotmail.com