Literatura Infantil: uma ferramenta para a formação de leitores

[1]Manoel Marinho da Silva Ferreira

 [2]Fabiana Holler Baptista

RESUMO

Esse artigo tem como foco discutir a formação de leitores, tendo a Literatura Infantil como ferramenta, pois se acredita que o uso desse gênero literário em sala de aula contribui para a formação de sujeitos ativos, críticos, autores de suas histórias, desde os anos iniciais da escolarização. O texto também aponta a necessária formação docente para tal tarefa e da escola como espaço propicio na formação leitora dos alunos e, para tanto, faz referência a autores que se debruçaram sobre essa temática, fazendo menção à Literatura Infantil como recurso para as práticas pedagógicas na formação de leitores.

Palavras-chave: Formação de Leitores, Literatura Infantil, Práticas pedagógicas, Escola.

ABSTRACT

This article focuses on discussing the training of readers, with infant literature as a tool, because it is believed that the use of this literary genre in the classroom contributes to the formation of active subjects, critics, authors of their stories, since the earliest years of schooling. The text also points out the necessary teacher training for this task and the school as a propitious space in the student’s reading training and, for this, refers to authors who have studied this theme, mentioning infant literature as a resource for pedagogical practices in training of readers.

Keywords: Reader Training. Children’s literature. Pedagogical practices. School.

INTRODUÇÃO

A leitura constitui-se em um dos processos básicos com o qual o homem é capaz de adquirir novos conhecimentos, receber informações e interagir socialmente. O brasileiro, no entanto, vem apresentando um hábito de leitura restrito e limitado. E, sendo a escola, em parceria com a família, a grande propulsora desse hábito, sentiu-se a necessidade de investigar as razões pelas quais os estudantes passam anos na escola e saem dela sem ter adquirido o gosto e hábito pela leitura, pois, de acordo com Fontana e Cruz “apesar da presença maciça e diversificada da leitura e da escrita nas atividades que se realizam na escola, vivemos às voltas com altos índices de analfabetismo funcional, evasão e repetência” (FONTANA & CRUZ, 1997, p. 208).

Por esta razão, o presente artigo tem por finalidade discutir a formação de leitores, tendo a Literatura Infantil como uma das ferramentas nesse processo. É sabido que desde pequena a criança que tem contato com livros ou outros suportes de textos, mais facilmente desenvolve o prazer de ler, ainda que no seu ambiente social essa prática não seja tão frequente. Nesse sentido, a escola pode, e deve contribuir para a formação de bons leitores.

Nessa direção, a pesquisa em foco poderá ser motivada a uma verificação como a Literatura Infantil pode ser trabalhada em sala de aula, mais especificamente, em qual quer umas das turmas do Ensino Fundamental.

A pesquisa organiza-se em três itens articulados, sendo no primeiro momento apresentados argumentos teóricos que ressaltam a importância da leitura para a formação critica de qualquer individuo e, em especial, sua abordagem ser feita com o uso de instrumentos consagrados como a Literatura Infantil em sala de aula de maneira que ela se torne uma ferramenta de apropriação de conhecimentos que capacite o aluno a ser um leitor proficiente no processo comunicativo em seu cotidiano.  Em seguida, ser apresentados conceitos acerca da Literatura Infantil que a situa no contexto escolar e aponta as vantagens de ter esse recurso como ferramenta na formação de leitores. E por fim, apresentar e discutir os resultados do trabalho realizado na turma do Ensino Fundamental, averiguando se há espaço para a leitura como condição necessária para formar leitores, e se a Literatura Infantil é uma ferramenta utilizada para essa função.

1. A leitura na formação do leitor.

Sendo a palavra escrita o instrumento mais eficiente para a expressão e fixação da cultura e dos conhecimentos científicos e técnicos da sociedade, a leitura se constitui na mais importante atividade de aquisição de saberes.

Denomina-se leitura a compreensão de uma mensagem codificada em signos visuais (geralmente letras e cifras). Nessa direção, o ensino e o incentivo da leitura representam, portanto, um objetivo básico de todo sistema educativo, pois é na escola que o processo de formação de leitores ganha formatação.

Um dos requisitos fundamentais da atividade pedagógica consiste em conseguir que a criança adquira capacidade de leitura e tenha, assim, acesso a toda a informação disponível em meios escritos: imprensa, livros, etc. Normalmente, a iniciação à leitura começa por aproximar a criança da imagem gráfica representada em qualquer tipo de suporte, a fim de buscar o caminho progressivo que vai da imagem ao texto. As crianças, em seu primeiro contato com o livro, analisam com mais atenção à imagem quando se apresenta uma temática desconhecida do que quando se trata de algo já conhecido. Nesse contexto, a Literatura Infantil se constitui como ferramenta poderosa porque encanta, informa e envolve o leitor já nos primeiros contatos com o livro.

Este processo vai da interpretação global da imagem a sua descrição verbal e, em um estágio superior, à elaboração das relações existentes entre as diversas figuras representadas. Quando se atinge essa fase, a criança chega até a elaborar “histórias” relativas à sequência de imagens representadas, pode-se passar a uma etapa de maior abstração e à iniciação na leitura de textos. O critério decisivo a esse respeito é, em geral, o da coerência interpretativa, tanto no que diz respeito à organização dos elementos da imagem como à da história ou sequência de imagens.

A maturidade linguística e o contexto cultural são determinantes. A articulação fonética na primeira leitura de palavras deve, portanto, referir-se a objetos e temas conhecidos. Isso prepara a criança para aprender a combinação de palavras que gera significados identificáveis e coerentes com uma imagem ou situação. De acordo com o pedagogo belga Ovide Decroly, “a criança é capaz de aprender a palavra e a frase antes de saber distinguir seus constituintes, desde que tal palavra ou frase corresponda a seu contexto cultural ou vivencial” (OVIDE DECROLY 1973, p.20).

Para aproximar o texto da realidade da criança, as técnicas de Célestin Freinet (1973), introduziram os princípios da atividade na aproximação da criança ao texto, de forma que tal texto seja elaborado pelo próprio estudante, mediante o livre exercício da capacidade de expressão. E esse processo precisa acontecer mais comumente dentro da escola, nas práticas pedagógicas de sala de aula.

Ainda conforme o autor, a leitura é um dos requisitos fundamentais da atividade pedagógica e consiste em conseguir que a criança adquira capacidade de leitura e tenha, assim, acesso a toda a informação disponível em meios escritos. Leitura e escrita são habilidades que se adquire de forma simultânea e integrada para o que se utilizam técnicas especificas no ambiente escolar. Para isso também se conta com a troca de experiências nos demais ambientes sociais por onde o leitor transita e isso que favorece o intercâmbio no qual se revela o papel social do texto escrito, o que ressalta sua utilização dentro e fora do ambiente escolar.

No mesmo princípio de integração texto-realidade se baseia o método do educador brasileiro Paulo Freire, que em sua obra A Importância do Ato de Ler (1985) descreve que, A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não pode prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto (FREIRE, 1985, p. 32).

E acrescenta em outra passagem, que ilustra sua concepção lúdica do aprendizado, “Fui alfabetizado no chão do quintal de minha casa, à sombra das mangueiras, com palavras do meu mundo e não do mundo maior de meus pais. O chão foi meu quadro-negro; gravetos, o meu giz”. (FREIRE, 1985, p.47).

O fomento da leitura, enquanto prazer, ainda não se constitui em foco nas instituições escolares, pois estas obedecem a currículos e metodologias que visam resultados mais precisos e o prazer não pode ser mensurado. A discussão da volúpia de ler, da literatura e seu uso pelo simples ato de ler por ler, estão adentrando recentemente as portas dessa instituição originalmente tradicional. Os gestores e educadores estão passando por uma reforma de pensamento nesse sentido. Estão se vendo diante de um modelo diferente daquele que fora vivido por eles próprios em sua fase escolar. Daí a existência de tanta dificuldade em entender esse paradigma.

Nessa direção, Rubem Alves (2004, p. 11) ressalta a necessidade e a importância de intercalar momentos de reflexão no ato da leitura, pois do contrário poderia ocorrer um “processo de destruição do pensamento”. Segundo o autor, o hábito de ler deve ser caracterizado pelo “prazer” e não pela quantidade de livros lidos.

Os hábitos estão intimamente relacionados com os processos motivacionais, logo trabalhar o desenvolvimento deles exige o conhecimento de situações motivadoras e, no caso da leitura, conforme afirma Richard Bamberger “começa com a satisfação de interesses e necessidades inatas, passa depois à percepção dos benefícios proporcionados pela leitura para chegar, finalmente, a uma ligação regular com os livros” (BAMBERGER,1987, p. 70).

É preciso ressaltar que para formar leitores é necessário ter formação leitora, incluindo os professores que atuam na formação de leitores. Para Angela Kleimam essa formação se baseia no desejo. Segundo a autora, a leitura é esta concepção é uma opção. É tanto resultado da observação como de uma intuição vivida. Ler é identificar-se com o apaixonado ou com o místico. É ser um pouco clandestino, é abolir o mundo interior, deportar-se para uma ficção, abrir parêntese no imaginário. Ler é, muitas vezes, trancar-se (no sentido próprio e figurado). É manter uma ligação através do tato, do olhar, até mesmo do ouvido (as palavras ressoam). As pessoas leem com seus corpos. Ler é também sair transformado de uma experiência de vida, é esperar alguma coisa. É um sinal de vida, um apelo, uma ocasião de amar sem ter a certeza de que se vai amar. Pouco a pouco, o desejo desaparece sob o prazer. (KLEIMAM, 2002, p. 17).

Tal concepção evidencia que a leitura é o mergulho do indivíduo num mundo repleto de simbologia e imaginação aonde as palavras vêm em forma de expressão, enquanto sentimento e conhecimento, por isso é oriunda do desejo de ler.

Marisa Lajolo (1997, p.38-51) defende a ideia de que a leitura leva o leitor a diversas possibilidades de compreensão do texto, conforme as relações estabelecidas entre outros textos já lidos. Sendo assim, torna-se necessário, no momento da leitura, haver um mergulho no universo textual, na construção da textualidade do texto, na intenção de verificar as novas informações acrescidas ao conhecimento do leitor, verificar as marcas linguísticas e ideológicas produtoras de significação que revelam muito do escritor.

Para efetivar o processo de apreensão do significado na construção do texto é preciso uma formação leitora que vá além da superfície e da codificação de signos. Por isso, Richard Bamberger afirma ser a leitura um processo complexo e, portanto […] compreende várias fases de desenvolvimento. Antes de tudo, é um processo perceptivo durante o qual se reconhecem símbolos. Em seguida, ocorre a transferência para conceitos intelectuais. Essa tarefa mental se amplia num processo reflexivo à proporção que as ideias se ligam em unidades de pensamento cada vez maiores. O processo mental, no entanto, não consiste apenas na compreensão de ideias percebidas, mas também na sua interpretação e avaliação. Para todas as finalidades práticas, tais processos não podem separar-se um do outro; fundem-se no ato da leitura. (BAMBERGER, 2008, p. 23).

A prática contínua da leitura na formação do leitor é inquestionável e muito se tem discutido sobre essa ação na escola. Porém, percebem-se inúmeras dificuldades encontradas no espaço escolar para sua efetivação, sendo a mais séria a ausência do hábito de ler pelo próprio professor. Esta realidade se confirma, levando em conta as condições do desenvolvimento histórico e cultural do país. A leitura, enquanto atividade de lazer e atualização se restringiu a uma minoria de indivíduos que teve acesso à educação formal, ao livro. Nesse sentido, a escola, mais especificamente, necessita estabelecer vínculos prazerosos com a leitura, buscando o prazer, o lazer e o conhecimento com o fito de favorecer o contato do sujeito leitor com o universo proposto pela leitura.

Diante desse panorama, urge apontar alternativas, parâmetros novos para uma interação maior entre leitor e texto; encontrar uma maneira de abrir as escolas, as salas de aula ao mundo, à vida, à formação integral de alunos e professor e oferecer a esses atores condições de se comunicarem, efetivamente, dentro e fora do espaço físico escolar, através da leitura. Nesse contexto, a Literatura, com ênfase para a Infantil, pode ser um dos instrumentos eficientes e eficazes na promoção de leitores proficientes. Por isso, o desafio da formação de leitores é grande e se coloca para a escola e para os professores como tarefa urgente.

2. A Literatura Infantil no cerne da formação leitora.

Como já dito anteriormente, a leitura é um dos processos básicos pelo qual o homem é capaz de adquirir novos conhecimentos, receber informações e interagir socialmente. O brasileiro, no entanto, vem apresentando um hábito de leitura restrito e limitado. E, sendo a escola, em parceria com a família, a grande propulsora desse hábito, sente-se a necessidade de investigar em que medida ela contribui, ou não, com a formação desse hábito, pois “apesar dessa presença maciça e diversificada da leitura e da escrita nas atividades que se realizam na escola, vivemos às voltas com altos índices de analfabetismo funcional, evasão e repetência”. (FONTANA & CRUZ,1997. p. 208)

Desde seu surgimento a Literatura Infantil esteve ligada à educação. Com o passar dos séculos e o aparecimento de novas concepções de infância, o objetivo da educação deixou de ser o de moldar as crianças para as regras vigentes nas sociedades e adquiriu o papel de formar cidadãos críticos. Quando entendida como recurso pedagógico, a Literatura Infantil também se mostra útil ao desafio adquirido pela educação: preparar desde os anos iniciais da escolarização sujeitos para atuar na sociedade letrada com competência.

A Literatura Infantil auxilia na aquisição do gosto pela leitura e contribui para o desenvolvimento infantil, pois resgata o lúdico na aprendizagem e, proporciona um prazeroso contato com a linguagem escrita, tornando-se um importante recurso para a alfabetização, o conhecimento de mundo e o autoconhecimento. Mas, para que se compreenda a importância da Literatura Infantil no processo de formação de leitor, é preciso entendê-la, desde sua definição.

De acordo com a escritora e teórica Marisa Lajolo “a literatura iguala-se a qualquer produto produzido e consumido em moldes capitalistas” (LAJOLO 1995, p.17). Ela, a literatura, pretende nos fazer entender que uma obra para ser considerada literatura é preciso que tenha certa tradição cultural, precisa de um aval de setores especializados. A escola é um setor importante, pois há séculos vem sendo avalista dos livros que circulam por aí, isso porque analisam e indicam a leitura deles aos alunos.

A escritora Lajolo (idem, p. 220) aponta que o questionamento sobre literatura é sério, pois há séculos existem pessoas empenhadas em definí-la para poder ter maior domínio sobre textos lidos, mas nos faz entender que para entrar nesta discussão é preciso ter ingresso, e, para ter esse ingresso, precisa que se tenha poder aquisitivo compatível com ele. Estes ingressos são livros que precisam ser adquiridos, estudados e avaliados para se chegar a alguma decisão.

Roberto Acizelo de Souza, em seu livro Teoria da Literatura, diz que “a literatura é objeto de uma problematização, de um questionamento, apto a revelar a superficialidade da atitude para a qual ela corresponde apenas a uma noção difusa e culturalizada” (SOUZA, 1949, p.6). Nota-se, com isso, que a literatura traz discussões ao tentar definí-la, pois ela é difusa por não corresponder a um conceito definido.

Lajolo (1995) nos faz entender que a literatura não é apenas transmissora de informações, ela cria em cada ser aquilo que os sentidos o levam a interpretar. Através da leitura podemos vivenciar aquilo que lemos e criar dentro de nós a imagem proposta pelo texto. Tanto pode ser verídica como pode ser ficção. Os personagens tanto podem ter existido como podem ser criados pelo autor, na literatura tudo é possível, porém, mesmo na ficção existe um fundamento real, onde o autor se apoiou para criar a ficção. Por isso, ela encanta e fascina leitores ao longo dos séculos.

No entanto, segundo a autora, o fomento da leitura, enquanto prazer, ainda não se constitui em foco nas instituições escolares, pois estas obedecem a currículos e metodologias que visam resultados mais precisos e o prazer não pode ser mensurado. A discussão sobre a volúpia de ler, da literatura e seu uso pelo simples ato de ler por ler, estão adentrando recentemente as portas da instituição escola, originalmente tradicional. Os gestores e educadores estão passando por uma reforma de pensamento nesse sentido. Estão se vendo diante de um modelo diferente daquele que fora vivido por eles próprios em sua fase escolar. Daí a existência de tanta dificuldade em entender esse paradigma.

A Literatura Infantil é um produto cultural da sociedade contemporânea que oferece à criança um meio de educá-la para atuar no contexto social vigente. Neste século, houve grande mudança na sociedade e a escola surge como uma instituição que deveria ter o compromisso de preparar bem os indivíduos que nela estão para atuar como sujeitos de suas próprias histórias. Com o crescimento e a “popularização” da escola, a Literatura Infantil adentra o século XIX com grande força. Novos autores surgem, consagrando a literatura infantil.

Para a autora Nelly Novaes Coelho, este século é considerado renovador, pois a criança passa a ser vista como ser que necessitava de cuidados específicos para seu crescimento físico, psicológico e cognitivo, surgindo, então, novos conceitos de vida, educação e cultura, abrindo novos caminhos para a área pedagógica e literária. A autora pondera que “pode-se dizer que é nesse momento que a criança entra como um valor a ser levado em consideração no processo social e no contexto humano” (COELHO, 1985, p. 108). Por isso, pensar na formação leitora da criança à luz de um contexto histórico que trouxe em si grandes mudanças, demanda entender como ela pensa e de se desenvolve. Nesse sentido, a Literatura Infantil é um recurso imprescindível nessa tarefa.

3. A Literatura Infantil como recurso na formação leitora discente.

Grande parte dos esforços para a popularização dos livros de Literatura Infantil para crianças, inclusive no Brasil, deve-se a nomes como os irmãos Grimm, Hans Christian Andersen e muitos outros. No nosso país, o principal escritor que demarcou a Literatura Infantil foi Monteiro Lobato, que veio completar o que faltava nesta área no Brasil.

Considerando que esta pesquisa tem a finalidade de investigar como a Literatura Infantil, na escola, se constitui em ferramenta na formação de leitor, poderá ser escolhida qual quer obra do gênero literário para investigação.

Após o contato com a Escola de Ensino Fundamental fez-se na sequência a observação e aplicação de um plano de aula em umas das turmas de ensino fundamental.

Em primeiro momento apresentar aos alunos, através da roda de conversa, muitos livros com indicação para a faixa etária dos alunos, para os mesmos folheia e analisem as gravuras, manusear apenas, os for de seus interesses. O objetivo desse primeiro contato será também para apresentar algumas obras que possa conduzi-los a tal objetivo.

Após analisar as produções dos alunos depreende-se que a transcrição de suas memórias foi espontânea, singela, porém significativa, o que reafirma o pensamento de Richard Bamberger, “Quando uma pessoa sabe ler bem não existem fronteiras para ela. Ela pode viajar não apenas para outros países, mas também no passado, no futuro, no mundo cósmico. Descobre também o caminho para a porção mais íntima da alma humana, passando a conhecer melhor a si mesmo e aos outros.” (BAMBERGER, 1998, p.29).

De acordo com Marisa Lajolo e os demais autores citados neste artigo, a Literatura Infantil é de fato uma grande e poderosa ferramenta para a formação de leitores e escritores. Diante das expectativas iniciais que é de fato saber se, a Literatura Infantil pode contribuir para a formação de leitores, e se que, se às crianças tem o acesso a bons livros desse gênero, aliado a estratégias e atividades que articulam ensino e aprendizagem, a formação leitora será uma consequência natural.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho é possível mostrar que a formação leitora, através da Literatura Infantil pode ser concretizada na escola, basta que as crianças tenham a oportunidade de manter contado com boas obras literárias e mais: a oportunidade de experimentar atividades que lhes favoreça o exercício da reflexão, da curiosidade, da criatividade, do imaginário, do maravilhoso, do faz-de-conta e de tantas outras possibilidades que a Literatura Infantil proporciona a quem dela se apropria.

A escola é o local onde a criança poderá iniciar um contato significativo com a leitura, especialmente àquela dirigida a sua faixa etária, com todo o cuidado que o universo infantil precisa, a saber: a escolha vocabular, as ilustrações com seus traçados e cores, as temáticas e os elementos mágicos que as ajuda entender o mundo que a cerca, enfim. Trabalhar com a Literatura Infantil com as crianças é tarefa gratificante que traz ao professor inúmeras surpresas agradáveis, quando apresenta situações frequentes no cotidiano infantil, abordando medos, desejos e ansiedades do ponto de vista da criança.

A Literatura Infantil na escola é um grande desafio ao educador nos dias de hoje e, para enfrentá-lo, ele precisa ter um espaço mais amplo e ir além de ensinar a ler, escrever e fazer operações. Precisa-se investir em sua formação, na aquisição de bons livros, uma vez que, em muitos casos, a Biblioteca Escolar representa a única oportunidade que muitas crianças têm de ler. Para formar leitores proficientes é necessário fazer acontecer em sala de aula, na biblioteca e em qualquer espaço de cultura viva, diversificada e criativa. E a Literatura Infantil cabe em todos os espaços e contribui para fazer, de fato, essa diferença. Basta que seja convidada.

No entanto, ao fornecermos o acesso dos materiais de leitura para os alunos, constatamos que partes de suas vontades não dependiam apenas de ter os livros nas Escolas, mas sim condicionar os mesmos a ter uma relação com os livros. Existe um dogmatismo muito grande por parte das escolas de querer “Ditar” a hora de Ler, esta hora e dia marcado para leitura tirava o entusiasmo dos alunos, porque as vontades dos professores não eram as mesmas dos alunos.

Diante dessa percepção entendemos que, não basta marcar dia e hora para se formar leitores e escritores, teríamos apenas que disponibilizar o material proporcionando um relacionamento lúdico dos alunos com a Literatura incentivando-os a se conectar com o mundo imaginário do faz-de-conta.

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Sugestão de referência para Citação do Artigo:

Ferreira, Manoel Marinho da Silva; Baptista, Fabiana Holler. Literatura Infantil: uma ferramenta para a formação de leitores. Revista P@rtes, São Paulo, 2019.

[1] Especialista em Gestão, Orientação e Supervisão pelo Instituto de Consultoria Educacional de Vilhena Rondônia – ICEV, (2016), Graduado em Licenciatura plena em Pedagogia pela Faculdade de Educação e Cultura, Colorado do Oeste, Rondônia – FAEC (2013). E-mail: marinhoferreira_@hotmail.com

[2] Mestranda em Ciências da Educação pela Universidade de Desarrollo Sustentable de Assunção Paraguai, Especialista em Gestão Empresarial e Recursos Humanos pela Faculdade da Amazônia (2009), Graduada em Economia pela Universidade do Mato Grosso – UNEMAT, (2007). E-mail: fabianahollerbaptista@gmaill.com