Nair Lúcia de Britto
“Certos fatos do cotidiano contenham, talvez, mistérios do nosso Criador.”
Sempre tive curiosidade de saber sobre a religião budista, mas nunca me propus a me informar a respeito. E foi justamente um desses fatos do cotidiano que me fez pesquisar sobre o Budismo.
O acaso, no caso, ocorreu na fila de um caixa de um supermercado. Nessa tarde, a fila se alongava e prometia uma espera exaustiva.
— É!… A fila está grande! – comentou um senhor, à minha frente, ao reparar na minha expressão de desânimo.
Pelo sotaque e feições do rosto dele, logo constatei sua origem asiática. Impulsivamente perguntei-lhe:
— Chegou há pouco tempo no Brasil?
Ele sorriu, ao responder que estava no Brasil há trinta anos. Viera do Taiwan; um Estado da Ásia Oriental, oficialmente denominado República da China. Era um senhor simpático, educado, de gestos simples e gentis. Ficamos conversando sobre sua experiência bastante produtiva no Brasil. Trabalhou, criou, educou e formou dois filhos. Sentia-se feliz na nossa terra e sinceramente recompensado.
A conversa agradável que fluiu espontaneamente fez com que o tempo passasse rápido. Logo chegou a vez do taiwanês pagar sua conta.
Feito isto, despediu-se, atencioso.
— Até logo, senhora!
— Até logo, fique com Deus!
Em resposta, lançou-me um olhar interrogativo, como se não entendesse essa expressão para mim tão rotineira.
Seria ateu? Ou, quem sabe, budista. Qual seria o pensamento budista em relação a Deus?
Intrigada, pesquisei sobre o Budismo, e achei interessante e produtivo conhecer essa Filosofia que, no Japão, no ano de 575, tornou-se uma religião.
No Taiwan, 93% da população é adepta de uma combinação da politeísta religião tradicional chinesa: Budismo, Confucionismo e Taoismo. E apenas 4,5% dos taiwaneses são protestantes ou católicos.
Conforme pesquisa, o Confucionismo é uma filosofia baseada numa ética moral secular ditada pelo filósofo chinês, Confúcio, e que é a base da cultura chinesa.
Quanto ao Budismo trata-se de uma Religião e Filosofia fundada cerca de quinhentos anos antes de Cristo. Foi fundada por Sidarta Gautama, que veio a ser posteriormente denominado Buda. Não é considerado um Deus, mas sim um guia espiritual.
Os adeptos do Budismo podem ou não seguir outra religião simultaneamente. Os ensinamentos de Buda pregam a idéia de que o ser humano passa por várias reencarnações, a fim de se redimir dos seus erros. Tudo que a pessoa fez de bom numa vida, é considerado na vida seguinte de forma a diminuir seus sofrimentos. As reencarnações se sucedem até que a pessoa atingir o estado de Nirvana (pureza espiritual) e não precisar mais reencarnar a não ser que volte com alguma missão espiritual voltada para o progresso da humanidade.
Segundo a budista Wlaisa Fior, os sofrimentos e a felicidade existem na vida de cada pessoa e se manifestarão de acordo com a força positiva ou negativa que cada qual carrega consigo. Ou seja, cada pessoa colhe aquilo que plantou.
Wlaisa explica “Mesmo que as convicções religiosas sejam diferentes, todos acalentam o ideal comum de paz e felicidade. Por esse motivo em vez de se guerrearem entre si deveriam se unir para conquistar o Bem”.
“O importante é uns respeitarem as convicções do outro, para que, todos juntos, possamos construir uma era de paz.
Presumo que todas as Filosofias voltadas para o Bem, que surgiram antes do nascimento de Jesus, ocorreram para conscientizar o ser humano sobre a existência de um mundo espiritual, ao qual todos nós pertencemos. E que a Terra é onde ele deverá plantar as sementes boas, as quais lhe proporcionarão o merecimento da colheita suprema, que é a eterna felicidade.
Voltando ao começo do que eu dizia, lá na fila do supermercado, penso que provavelmente nunca mais eu veja aquele gentil taiwanês; que, por sua vez, jamais saberá ter sido a razão deste texto!