GESTÃO DE MÍDIAS E A PRÁTICA DOCENTE NA ESCOLA
Eliane de Lisboa Pires[*]
Resumo: Este artigo teve por objetivo analisar a gestão de mídias e a prática docente na escola. A metodologia utilizada envolveu uma pesquisa bibliográfica estruturada a partir de livros, artigos, monografias, dentre outras fontes. Diante disso, os resultados da pesquisa mostraram que a gestão de mídias no ambiente escolar exige do professorado uma formação específica, a qual se reflete na sua formação inicial e continuada dos professores. A gestão de mídias na educação traz muitos benefícios para a escola como um todo, tanto no processo administrativo, quanto pedagógico.
Palavras-chave: Educação. Gestão de Mídias. Tecnologia. Prática docente.
Abstract: This article aims to analyze media management and teaching practice in school. The methodology used involved a bibliographical research structured from books, articles, monographs, among other sources. Therefore, the results of the research showed that the management of media in the school environment requires a specific training of teachers, which is reflected in their initial and continuing teacher training. Media management in education has brought many benefits to the school as a whole, both in the administrative and pedagogical processes.
Keywords: Education. Media Management. Technology. Teaching practice.
Introdução
A gestão de mídias na escola é um assunto que vem sendo muito questionado quanto a sua eficácia a partir da forma facilitadora para aprendizagem dos alunos no ambiente escolar. O currículo de educação permite o uso de forma transversal das mídias e tecnologias.
Na atualidade, muitas escolas possuem laboratórios de informática educativa (LIED), além de recursos, a exemplo: TV, vídeo, projetor multimídia, lousas digitais, entre outras tecnologias que fazem parte do cotidiano escolar. Acredita-se que não existe escola que não disponha de algum recurso tecnológico, dos mais convencionais até computadores e Internet De acordo com Ponce (2011, p. 125), “a gestão das mídias na escola envolve uma perspectiva integradora das dimensões pedagógica, administrativa e tecnológica”, provocando mudanças significativas em seu cotidiano em todos os seus aspectos, a qual envolve várias possibilidades de tornar o processo educacional mais dinâmico e eficaz.
É importante mencionar que as influências dessas tecnologias se fazem presente no cotidiano das escolas, mesmo que não estejam incorporadas ao ensino e à aprendizagem. Acarretando na mudança de paradigma no modelo da educação como um todo, tanto no contexto administrativo, como no pedagógico, exigindo o desenvolvimento da formação continuada dos profissionais que atuam no contexto escolar para adequar esses recursos de forma integrada.
Diante de inovações tecnológicas que proporcionam melhorias ao ensino aprendizagem é necessário rever os papeis do público envolvido: gestores escolares, professores, corpo técnico pedagógico e alunos, para torná-la mais prática e eficiente, fazendo reflexões de como utilizar essas mídias pedagogicamente em sala de aula, já que, “aprender é planejar; desenvolver ações; receber, selecionar e enviar informações; estabelecer conexões; refletir sobre o processo em desenvolvimento com os pares;” (ALMEIDA, 2003, p. 335).
Por tanto é notório reiterar a importância do planejamento prévio da arquitetura pedagógica do currículo, no qual deve-se evidenciar a concepção pedagógica que será colocada em prática e os processos de gestão voltados para a qualidade do ensino, o que certamente poderá facilitar e qualificar a prática pedagógica desenvolvida.
Para isso se faz relevante a gestão das mídias, no sentido dos recursos tecnológicos, como afirma Almeida (2009, p.85) ao mencionar a gestão de tecnologias como “à busca do equilíbrio entre o possível, o desejável e o necessário para o uso pedagógico em relação ao tempo, espaço e recursos disponíveis, criando estratégias para que a instituição possa avançar no sentido de viabilizar o uso democrático e compartilhado”. Dessa forma, o gestor da instituição de ensino deverá viabilizar a aquisição das mídias e a manutenção, bem como um ambiente apropriado permanente para enriquecer o processo de apropriação de conhecimentos por meio de tais recursos.
Diante do exposto, o presente visa analisar a gestão de mídias e a prática docente na escola.
Gestão de Mídias na escola
A gestão de mídias na escola, de acordo com Ponce (2011) deve contribuir no processo ensino/aprendizagem dos alunos, colaborando de forma efetiva, com o rompimento do antigo formato de gerenciamento da escola, passando a promover uma gestão contemporânea e de qualidade. Diante disso, para gerenciar de forma integradora, participativa e democrática o uso das mídias de maneira que estas colaborem efetivamente para uma educação de qualidade, o gestor escolar deve ter a habilidade de fazer essa conexão pautando-se em pelo menos 3 dimensões: pedagógica, administrativa e tecnológica.
Segundo Moran (2010), a dimensão pedagógica, na gestão de Mídia leva em consideração os 4 passos, sendo estes: garantir o acesso à tecnologia; o domínio técnico; o domínio pedagógico; busca de soluções inovadoras, sendo que os dois últimos passos fazem alusão aos aspectos pedagógicos.
Ponce (2011) em suas pesquisas destacou que o domínio pedagógico significa saber identificar as possibilidades do uso das mídias, proporcionando ao aluno ser o sujeito de seu aprendizado, com ajuda das mídias. O professor deve ter conhecimento sobre a existência de mídia disponível, dentro e fora da escola e quais as melhores formas de uso para alcançar os objetivos educacionais delineados por ele e por sua instituição de ensino a partir do Plano Político Pedagógico.
Ainda segundo Ponce (2011), o aluno passa a ser considerado como o centro do processo de ensino e aprendizagem e o professor como o mediador desse processo. É nesta busca pelo conhecimento que ocorre o uso das tecnologias e mídias, a partir de práticas de ensino diversificadas.
Diante da gestão de mídias, Moran (2010), diz que esse processo pode ser explorado pelo professor e sua equipe de apoio pedagógico, dando soluções para as dificuldades e entraves do processo educativo, que podem ser encontradas no uso das Tecnologias da Informação e Comunicação.
De acordo com Neves (2005), o uso das tecnologias na administração/gestão escolar tem sido considerado de grande importância para o desenvolvimento de novas formas de dinamizar o processo educacional, pois a gestão na atualidade tornou-se um espaço ainda mais dinâmico devido a expansão da tecnologia e sua dispersão em todas as áreas, especificamente o ambiente educacional.
Almeida e Alonso (2007) narram que apesar da importância e relevância da gestão de mídias na escola, ainda que muitas escolas públicas tenham acesso às tecnologias, pouco usam para os benefícios de uma gestão educacional de qualidade, fazendo com que esse processo seja explorado por poucas instituições de ensino.
Para Moran (2003), as informações querem sejam de cunho administrativo, quer sejam pedagógicos, precisam considerar cada segmento da comunidade escolar (pais, comunidade, professores, funcionários, coordenadores, etc.) e carecem circular com facilidade pela instituição de modo a ajudar na tomada de decisões.
Nesse cenário, a gestão de mídias a partir da dimensão administrativa, coloca a internet como uma poderosa ferramenta para consolidar essa premissa. As probabilidades de seu uso e de outras mídias, na educação, de acordo com Ponce (2011), são várias, a exemplo o uso de fóruns e chats sobre diferentes assuntos de interesse da comunidade escolar, ou ainda na implementação de projetos de formação continuada de professores a distância, na elaboração de planejamento, identificação de necessidades, organização de dados para tomada de decisões coletivas, comunicação da escola com pais e comunidade, etc.
Para Porto (2006) o gestor precisa guiar sua equipe no uso dos recursos tecnológicos de forma que todos da escola permaneçam integrados no processo de maneira organizada e eficaz. Nesse cenário, o gestor, muitas vezes, não se sente capacitado para usar largamente tais tecnologias e acaba por priorizar seu uso em aspectos burocráticos, tais como: controle de frequência, controle de notas, listas de materiais, etc.
Ponce (2011), em suas pesquisas evidenciou que os aspectos administrativos são importantes, porém precisam manter um diálogo com o pedagógico, pois os dados alcançados a partir dos registros de notas e frequência, por exemplo, precisam remeter o corpo docente a ações educacionais que permitirão melhores adequações no processo ensino e aprendizagem.
A dimensão tecnológica a partir da Gestão de Mídias, de acordo com Moran (2010), dar a ênfase a escola que não pode realizar seu trabalho com um design de “ilhas” onde cada sujeito atua de forma isolada, porém, ela precisa caminhar em rede, de forma interativa, cooperativa.
Moran (2010) acrescenta ainda que às questões administrativas e tecnológicas, podem ser desenvolvidas na escola, a partir de recursos destinados a educação, tenha infraestrutura mínima imprescindível de acesso a internet e que tenha os equipamentos disponíveis para o uso das mídias.
Nesse contexto, Ponce (2011), deixa evidente que o papel do gestor escolar é fundamental no sentido de saber ouvir as necessidades do grupo de profissionais de sua escola, estar bem informado sobre as novas tecnologias existentes e ter a habilidade para a exigência junto aos órgãos governamentais responsáveis pelos investimentos e para a busca de recursos e parcerias com comunidade e iniciativa privada.
No que se refere ao domínio técnico, a escola deve saber operacionalizar os equipamentos que tem, porém, como ressalta Ponce (2011), que não é difícil encontrar em escolas públicas professores que não sabem manusear o computador, ou seja, não sabem ligar, desligar, conectar, sintonizar, não tendo conhecimento das funções e possibilidades das mídias disponíveis.
Portanto, o conhecimento do gestor em relação à tecnologia também é importante, pois faz-se necessário valorizar os recursos existentes e incentivar os professores a utilizá-los de forma integrada ao planejamento de suas aulas, para que este possa explorar os recursos midiáticos disponíveis na escola.
Prática Docente e a Gestão de Mídias
Para compreender a prática docente diante da Gestão de Mídia é relevante levar em consideração apresentar os pressupostos de Freire (2000), que afirma que a prática docente implica em oportunizar espaço para que o aluno construa o conhecimento, sem se preocupar em somente colocar informações como em um “banco de respostas na mente”.
A prática docente a partir das mídias, destacam a educação emancipadora, citada por Freire (2000) que faz alusão a uma prática diferenciada da prática desenvolvida pelo professor tradicional. Na educação emancipadora o professor e sua atitude é determinante para o aprendizado dos alunos, uma vez que a prática docente desenvolvida visa a formação de alunos críticos, autônomos e participativos, a partir da gestão de mídias.
Assim, o professor, em sua atuação pedagógica, influencia os saberes sobre uma perspectiva contextualizada da realidade que o cerca, pois sabe-se que a gestão de mídia é uma realidade que faz parte do ambiente escolar, trazendo benefícios para a aprendizagem dos alunos, pelo fato de estarem embasados por uma teoria que tornem seus alunos críticos e atuantes. Segundo Tardiff (2011, p. 36) “a relação dos docentes com os saberes não se reduz a uma função de transmissão dos conhecimentos já constituídos”.
A prática docente a partir da gestão de mídias reúne diferentes saberes, com os quais o corpo docente mantém distintas relações. Segundo Tardiff (2011, p. 36): “Pode-se definir o saber docente como um saber plural, formado pelo amálgama, mais ou menos coerente, de saberes oriundos da formação profissional e de saberes disciplinares, curriculares e experienciais.” A formação de professores tem como um dos vieses provocar nos sujeitos reflexões acerca do seu fazer, pois a gestão de mídias no contexto escolar pode ser trabalhada de várias formas.
No contexto escolar, ao tratar do conhecimento docente pode-se desenvolver a partir de um planejamento direcionado ao uso pedagógico das mídias. Segundo Moran (2008), o entendimento de mídias vem contribuir com o processo de ensino-aprendizagem, porém, é possível afirmar que os professores sabem a respeito do uso de mídias em sala de aula, mas muitos não usam pelo fato de não saber manusear.
Para Dantas (2005), a formação dos professores se apresenta insuficiente, diante das demandas, pois as escolas estão abandonadas, os professores sem condições de trabalho, salário e formação; estão, portanto, em condições frágeis para responderem criticamente à forte pressão, por um lado, das indústrias de equipamentos e cultura e, por outro, dos próprios alunos, no sentido de incorporarem a gestão de mídias como ferramenta pedagógica.
Diante disso, ao observar as afirmações de uso da internet e computador em sala de aula, é fato destacar os pressupostos de Libâneo (2012, p. 67-68) que aborda (confuso)“a ameaça que alguns professores encontram nos equipamentos tecnológicos”, pois por um lado, é verdade que, em nosso país, a associação entre educação e desenvolvimento tecnológico foi propiciada por uma visão tecnicista, no quadro da ditadura militar, gerando uma resistência de natureza política à tecnologia.
Considerações Finais
A gestão de mídias na educação trouxe muitos benefícios para a escola como um todo, tanto no processo administrativo, quanto pedagógico. Logo, esse processo requer mudanças de todos os profissionais que atuam na educação a partir de uma formação continuada para que possam utilizar os recursos midiáticos com autonomia. Nesse sentido, destaca-se a gestão de mídias para o bom desenvolvimento da escola em todos os seus aspectos.
Diante do exposto, conclui-se que nada está pronto, as mídias na educação estão em constante superação que impulsionam a formação continuada de professores que precisam acompanhar esse processo evolutivo, para poder desenvolver um ensino que corresponda as expectativas do seu alunado. Sendo assim, vale ressaltar, que tal processo é longo e contínuo devendo este, ser o objetivo de cada professor, pois, formar cidadãos competentes e críticos requer muito empenho, em todos os níveis de ensino.
Portanto, a gestão de mídias na educação passou a ser considerado um divisor de águas, percebendo a educação antes dos recursos midiáticos e depois a sua inclusão no contexto educacional. Assim, é importante que os professores fiquem atentos as transformações e buscar sempre o aprimoramento na área de atuação, onde o crescimento profissional deve ser continuo tendo sempre a nitidez que professor é o facilitador do processo de ensino e aprendizagem na atualidade.
Contudo, espera-se que os resultados desta pesquisa sirva de fonte de informações para todos que fazem parte do cenário educacional, bem como para os gestores públicos que diante das políticas voltadas para a educação possam realizar investimentos na gestão de mídias, visto que, integrada ao processo educacional, transforma a educação em uma ação prazerosa, eficaz e eficiente, contribuindo para a formação de alunos críticos, autônomos e participativos preparados para atuar numa sociedade democrática de direito.
Referências
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[*]Especialista em Educação a Distância (SENAC) e Graduada em Sistema de Informação (FAT). E-mail: pireselianeap@gmail.com
