Nair Lúcia de Britto
Lembro-me, como se fosse hoje, o dia em que conheci minha sogra querida. Eu, tímida e medrosa de não ser a mulher ideal para unir-se ao seu tão amado filho.
Mas quando a porta de sua casa se abriu para que ela me conhecesse, seus braços também se abriram para me abraçar, com a mesma doçura de uma mãe quando abraça um filho muito querido.
E foi sempre assim durante todo tempo da nossa convivência. Sempre alegre, sempre gentil… a melhor pessoa que conheci nesta vida.
Sempre que eu falo da minha sogra, a sogra que me acolheu com tanto carinho, eu choro. Não de tristeza, mas de uma emoção profunda por ter conhecido uma pessoa tão maravilhosa, que Deus me deu a graça de ter como sogra.
Quantas coisas boas eu aprendi com ela! Esposa exemplar, mãe incomparável, extremamente amorosa.
E quantos predicados tinha! Nunca comi uma comida mais saborosa do que aquela feita por suas mãos tão hábeis e carinhosas. Nunca vi um riso mais límpido e nem alguém com um coração tão puro!
Sua maior vaidade era ver os frutos que nasciam das árvores do seu quintal! Forrava cuidadosamente os pêssegos antes que eles amadurecessem, para que os passarinhos não lhes bicassem, e o fruto de perdesse.
Sua maior alegria era ver uma casinha de João-de-barro no topo de uma árvore e ver como esse passarinho sabiamente a construía!
Eu queria retribuir o afeto e o carinho com o qual sempre me tratava. Foi por isso que dei à minha filha o nome da minha sogra: Gabriela. Em sua homenagem!
Assim que soube da minha decisão, ela sorriu feliz e agradecida. Então começou a tricotar uma manta amarela para o bebê que estava na minha barriga. Manta que não chegou a terminar porque, como todo anjo, ela foi para o céu. Mas, de lá, dia desses ela me recomendou:
“Cuida bem da minha neta, como se ela fosse um pêssego!”