Jamile Fernandes Pedrão*
Rita Cassia Mezzon Cardoso*
Resumo: Esse trabalho é resultado de uma pesquisa bibliográfica, procurou-se investigar obras de autores que abordam sobre o uso de Mapas Conceituais no ensino. Em 1963 é publicada a monografia de David Ausubel na qual é apresentada a teoria da aprendizagem significativa, posteriormente, na década de 1970, Joseph D. Novak, desenvolve os Mapas Conceituais como projeção prática da teoria da aprendizagem significativa de Ausubel. O objetivo desse texto é analisar o uso dos Mapas Conceituais como recurso facilitador da aprendizagem significativa.
Palavras – chave: Aprendizagem Significativa, Mapas Conceituais, Ensino.
Abstrat: This work is the result of a bibliographical research, it was sought to investigate works of authors that approach on the use of Conceptual Maps in the teaching. In 1963, the monograph of David Ausubel, which presents the theory of meaningful learning, was published in the 1970; Joseph D. Novak developed Conceptual Maps as a practical projection of Ausubel’s meaningful learning theory. The purpose of this text is to analyze the use of Conceptual Maps as a facilitator of meaningful learning.
Keywords: Significant Learning, Conceptual Maps, Teaching.
Introdução
A teoria da aprendizagem significativa de David Ausubel (1963), se propõe a compreender como o homem constrói significados e a partir deste ponto elaborar estratégias de ensino que facilitem a aprendizagem significativa.
Diante da grande quantidade de informações que circulam todos os dias e do avanço da ciência e da tecnologia, a instituição escolar deve definir seus conteúdos de maneira que sejam contemplados os conhecimentos e habilidades necessários para a formação plena do indivíduo, sua preparação para o mercado de trabalho, sua vivencia e participação crítica na sociedade.
Muitos autores têm se dedicado a pesquisar o uso de Mapas Conceituais como ferramenta de aprendizagem, em todos os trabalhos analisados percebe-se a unanimidade entre os autores em discorrer sobre as vantagens da utilização dos Mapas Conceituais.
Mapas Conceituais
Os Mapas Conceituais foram desenvolvidos originalmente por Joseph D. Novak e pelos membros de seu grupo de pesquisa da Cornell University, na década de 1970, surgem então com o objetivo de representar as relações significativas entre conceitos na forma de proposições. Uma proposição consiste em dois ou mais termos conceituais ligados por palavras de modo a formar uma unidade semântica expressando os conceitos dos significados que a compõem. (NOVAK; GOWIN, 1996, p. 31).
Apesar da importância dessa ferramenta como estratégia para facilitar a aprendizagem significativa, observa-se que infelizmente não é comum o uso desse recurso em sala de aula.
Novak, (2000) considera o Mapa Conceitual como uma ferramenta de representação do conhecimento, ou seja, um suporte para o trabalho em diferentes campos conceituais, que tem como principal objetivo facilitar a aprendizagem, criação e utilização desse conhecimento. Basicamente, porque são diagramas que explicitam conceitos de uma fonte de conhecimentos hierarquicamente organizados e as relações entre esses conceitos, cuja estrutura deve estar de acordo com a própria estrutura da fonte. (NOVAK, 2000 apud ALEGRO, 2008, p. 49-50).
A utilização de novos recursos pedagógicos enfrenta, muitas vezes, a resistência tanto de professores como também de toda a equipe pedagógica da escola que não vêm, muitas vezes, com bons olhos a utilização de ferramentas diferentes das que são corriqueiramente utilizadas no meio educacional.
Não cabe aqui fazer uma reflexão sobre os diferentes motivos que levam escolas e professores a terem uma postura de resistência aos diferentes recursos pedagógicos, contudo o que não se pode é privar os alunos de conhecer e tirar proveitos de tais recursos pedagógicos.
Verifica-se que os Mapas Conceituais podem ser aplicados em diferentes disciplinas, assim como também em diferentes áreas do conhecimento e também nos vários níveis de ensino, desde crianças com pouca idade até o ensino superior, a esse respeito Prado, (2009, p.77) salienta que: “Os mapas conceituais são usados em diferentes níveis de aprendizagem e ocupações, como crianças no ensino infantil, adolescentes do ensino médio, universitários e até por profissionais das mais diversas áreas. ”
Os Mapas Conceituais colaboraram com o desenvolvimento da aprendizagem significativa, pois sua elaboração incentiva o pensamento reflexivo baseado na atribuição de relações entre os conceitos, com o propósito de clarificar e relacionar os conceitos tratados nas disciplinas. (FIGUEIREDO, 2016, p.60).
Ao abordar sobre a importância da utilização dos Mapas Conceituais no ensino, Tavares (2008, p.29), diz que dentre os muitos outros motivos de se trabalhar com os Mapas Conceituais, sua importância também está no fato de:
[…] apresentar a um só momento uma informação visual estática e uma informação verbal. Os conceitos são apresentados através de uma rede hierárquica onde fica explícita a visualização da posição relativa de cada conceito dentro do elenco de conceitos que estabelece o tema que está sendo analisado e mapeado.
A utilização desse recurso permite que o currículo seja organizado em uma sequência lógica de conceitos, facilita desta maneira o aprimoramento dos conceitos na estrutura cognitiva do sujeito, além de permitir que os conhecimentos sejam externalizados através da construção dos Mapas Conceituais. (TAVARES, 2007).
Em seus trabalhos Moreira, (2012) defende que Mapas Conceituais podem seguir um modelo hierárquico no qual conceitos mais inclusivos estão no topo da hierarquia (parte superior do mapa) e conceitos específicos, pouco abrangentes, estão na base (parte inferior).
No entanto, o autor deixa claro que este é apenas um modelo, visto que, no que diz respeito a sua elaboração os Mapas Conceituais não precisam necessariamente ter este tipo de hierarquia, o que deve sempre ficar claro em um Mapa Conceitual são os conceitos contextualmente mais importantes e quais os secundários ou específicos. Setas podem ser utilizadas para dar um sentido de direção a determinadas relações conceituais, mas não obrigatoriamente.
Maffra (2010, p. 10) sustenta que:
O mapa conceitual é carregado de significados pessoais por que reflete o entendimento de quem o constrói, as relações de significância são extremamente pessoais o que faz com que não exista um mapa conceitual certo ou errado visto que todos são uma visão do conteúdo trabalhado uma vez que a composição cognitiva está em constante reestruturação e reorganização.
Esser (2012), salienta que não existe Mapa Conceitual “correto”. Um professor não deve apresentar aos alunos o Mapa Conceitual de certo conteúdo, como se fosse o correto, e sim um Mapa Conceitual para esse conteúdo segundo os significados que ele atribui aos conceitos e às relações significativas entre eles.
Já para Tavares (2008), o importante na construção de um Mapa Conceitual é que o aprendiz elucida quais os conceitos mais relevantes e quais as suas conexões em um corpo de conhecimento.
Citando ainda Tavares (2007), ao explicitar sobre a utilização dos Mapas Conceituais, o autor aborda sobre a importância de sua elaboração para a construção da aprendizagem e o aprimoramento do conhecimento.
Em sua pesquisa Figueiredo (2016), observou que a elaboração de um Mapa Conceitual,
[…] resulta de um problema a ser resolvido, ou melhor, uma questão a ser compreendida. Neste caso, o nível de familiaridade entre o elaborador e o domínio do conhecimento, poderá ser um fator determinante na qualidade do mapa, na evidencia das relações entre os conceitos na estrutura e na consistência dessas relações. (FIGUEIREDO, 2016, p.55).
Para Novak (2000), Novak & Gowin (1996), o Mapa Conceitual é adequado para a avaliação do conhecimento prévio e para diagnóstico de concepções alternativas ao conhecimento, é um organizador para ilustração da hierarquia conceitual e proposicional da natureza do conhecimento, e promoção da aprendizagem significativa, ao evocar o conhecimento prévio e a sua diferenciação progressiva.
Desta forma a elaboração de Mapas Conceituais, como ferramenta para aprendizagem como método de trabalho deve ser apresentada ao aluno desde os primeiros anos de escolaridade para que os alunos desde pequenos adquiram habilidades para elaboração dos mesmos, esse recurso não deve ser adiado ou até mesmo negado aos alunos.
De acordo com Torres, Marriot (2015, p.13)
Os alunos, individualmente ou colaborativamente, podem fazer mapas para planejar pesquisas e projetos, preparar apresentações e organizar a informação em categorias significativas, revisando e estudando a matéria, condensando um texto ou várias páginas de um livro num resumo sucinto das ideias principais do autor. Essas atividades incentivam o pensamento crítico e criativo, reforçam a compreensão, ajudam a identificar conceitos mal compreendidos e estimulam o desenvolvimento linguístico e o das habilidades de memória de longo prazo.
Há, na construção de Mapas Conceituais um constante ir e vir entre pesquisa e reelaboração na medida em que o sujeito reflete sobre seu conhecimento e o coloca no papel, como uma espécie de fotografia de seu conhecimento, tal atividade lhe permite perceber, de forma clara, os conhecimentos que já possui e o que ainda lhe falta conhecer. Pode-se dizer que os mapas conceituais constituem uma forma de representar visualmente o conhecimento.
Considerações Finais
O uso de Mapas Conceituais promove mudanças na maneira de estudar, rompe com a maneira de organizar a sala de aula bem como também com a maneia tradicional de aula pautada somente na fala do professor.
Constitui uma tentativa em fazer com que uma quantidade maior de alunos aprenda de forma significativa, provavelmente, técnica alguma irá alcançar que todos os alunos de uma turma aprendam da mesma forma, com o mesmo grau de significância, visto que existem as especificidades de cada aluno, porém, apresentam-se como uma tentativa de dinamizar a rotina das aulas apresentando uma ferramenta que constitui em uma forma diferente de aprender.
Faz-se necessário que os métodos de ensino e as ferramentas utilizadas no processo de aprendizagem sejam capazes de fazer com que o aluno aprenda de forma significativa, que o conhecimento seja a base para novas aprendizagens e que este conhecimento seja cada vez mais refinado, melhorado, fornecendo as bases para as novas aprendizagens.
Desde a sua criação em 1970 até os dias atuais, nota-se, através das pesquisas realizadas, que a utilização dos Mapas Conceituais vem sendo objeto de estudos e pesquisas, no decorrer destes anos nota-se que sua utilização está ganhando espaço em diferentes áreas do conhecimento e em diferentes faixas etárias e públicos diversificados e também com diferentes finalidades.
Como gostaria que esse artigo fosse citado: CADDOSO, Rita Cassia Mezzon; FERNANDES, Jamile Pedrão. Mapas conceituais como recurso facilitador da Aprendizagem Significativa. Revista Virtual P@rtes. ISSN 1678-8419. São Paulo, 2018.
Referências
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Ausubel, D. The psychology of meaningful verbal learning. New York: Grune & Stratton, 1963.
ESSER, S. L. B. Mapas conceituais como um recurso pedagógico: a verificação do conhecimento prévio dos alunos frente ao estudo de células. O professor PDE e os desafios da escola pública paranaense. Governo do Paraná. 2012.
FIGUEIREDO, L. A. A.; SALES, R. Mapas conceituais na perspectiva instrumental da organização do conhecimento. Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação, v. 17, 2016.
MAFFRA, S. M. O uso dos mapas conceituais como recurso didático pedagógico facilitador do processo de ensino aprendizagem. Dissertação (mestrado em ciências). Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca Nilópolis. Rio de Janeiro. 2010.
MARRIOT, R. de C. V.; TORRES, P. L. Mapas conceituais uma ferramenta para a construção de uma cartografia do conhecimento. Coleção agrinho. 2015.
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NOVAK, J. D. e GOWIN, D. B. Aprender a aprender. Lisboa: Plátano. Edições Técnicas, 1996.
NOVAK, J. D. Apreender, criar e Utilizar o Conhecimento. Mapas Conceptuais como Ferramentas de Facilitação nas Escolas e Empresas. Lisboa: Editora Plátano, 2000.
TAVARES, R. Aprendizagem significativa e o ensino de ciências. Ciências & Cognição, V. 13. Páginas 94-100. ISSN 1806-5821. 2008. Disponível em: <http://www.cienciasecognicao.org>. Acesso em: 12 de setembro de 2017.
TAVARES, R., Rodrigues, G. L. Mapas Conceituais: uma ferramenta pedagógica na
Consecução do currículo. Revista Principia. N.15. P.110 –116. ISSN: 1517-0306, 2007.Disponível em: <http://www.fisica.ufpb.br/.romero/objetosaprendizagem/Rived/Artigos/.pdf>.
PRADO, C. R. Potencial de uso de Mapas Conceituais na identificação de relações entre a produção. Dissertação (mestrado em ciência da informação) – Universiade de São Paulo. 2009.
* Professora da Rede Estadual de Ensino, com habilitação em Psicopedagogia Clínica Institucional, Tradução e interpretação de libras, Educação Especial e Políticas Públicas de Inclusão. jamilefernandes01@hotmail.com.
* Supervisora Escolar na Rede Estadual de Ensino, Licenciatura em Pedagogia com Habilitação em Administração Escolar, Supervisão Escolar e Orientação Educacional, Pós-Graduada em Supervisão, Orientação e Gestão Escolar, com ênfase em Psicologia Educacional, Especialização em Metodologia e Didática do Ensino Fundamental e Médio. Mestranda em Ciências da Educação (UDS). ritamezzoncardoso@gmail.com.