Adilson Luiz Gonçalves Colunistas

O preço da impunidade

 

Por Adilson Luiz Gonçalves

Adilson Luiz Gonçalves é engenheiro e professor universitário.Santos – SP
algbr@ig.com.br

Infelizmente, tudo o que vem acontecendo no Brasil decorre basicamente da sensação de impunidade existente.

Isso vale para os criminosos e, agora, para alguns setores da sociedade, que reagem contando com a mesma impunidade.

De quem é a culpa?

Bem, ora é da intencionalidade, arrogância ou inconsequência de quem faz as leis, ora de quem as aplica.

O mal está em nível superior e irradia-se de forma indiscriminada, contaminando a sociedade. E quando se perde a sensação de que as instituições agem pelo bem comum, está aberto o caminho para o caos!

Existem vários ditados que também “lutam” entre si e, de certa forma, explicam o momento atual: “Quem cala, consente”, “Quando um não quer, dois não brigam”, “Os intolerantes ocupam os espaços deixados pelos tolerantes”… Mas tudo se resume a um único ponto: impunidade!

E os eleitores não têm como controlar quem elegem, pois não existe “recall” eleitoral no Brasil. E os projetos de lei de iniciativa popular são desconsiderados ou deformados no Parlamento.

Além de tudo, esses políticos ainda são blindados pelo foro privilegiado, criação do Governo Militar, talvez a única unanimidade entre todos os partidos políticos.

Se não há como confiar e controlar quem é eleito diretamente, o que dizer de quem eles indicam e referendam? Isso assegura a “independência entre poderes”?

Vivemos uma crise institucional sem precedentes em nossa história!

A Constituição “Cidadã” está expondo algumas de suas falhas, sendo as principais a manutenção do “foro privilegiado” e, principalmente, a prisão apenas após trânsito em julgado.

Com a desculpa de proteger a liberdade de expressão de políticos sem considerar a lentidão da Justiça no país, ela criou os alicerces da impunidade para todos os crimes que assistimos diariamente no Brasil, de todos os tipos e níveis.

O último estágio desse processo de desconstrução da democracia é a tentativa de desacreditar as Forças Armadas e a revisão de sentenças de Segunda Instância.

É preciso ter cuidado e prudência para evitar desfechos dramáticos, conflagrações. Senão, os ditados “Violência gera violência” e “Quem com ferro fere, com ferro será ferido” continuarão a promover uma escalada assimétrica de consequências desastrosas para o Brasil!

A disseminação do ódio e a ressuscitação da “luta de classes” tiveram início no segundo turno das últimas eleições. Apenas isso já configura um crime! E sequelas dessa semeadura oportunista e inconsequente estão sendo colhidas agora.

O Brasil precisa de uma revolução, sim! Mas ela não será feita com ódio ou armas! Não precisamos de uma guerra civil!

Precisamos, sim, de uma mudança de mentalidade de quem postula ou exerce cargos públicos! Isso também vale para a formação de nossos jovens: em vez de doutrinação ideológica e alienação, eles devem ser preparados para o respeito às diferenças e para o desenvolvimento do país.

O resto é retórica “de fachada”, discurso anacrônico, culto à personalidade, hipocrisia, doutrinação, imbecilidade, estupidez…

Adilson Luiz Gonçalves

Escritor, Engenheiro e Professor Universitário

Membro da Academia Santista de Letras – ASL

Santos – SP<

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