Poema Fora de Moda
Gilda E. Kluppel
No vestuário comercial
calças de boca de sino se despedem
para em breve estarem novamente em voga
no sapato o bico ora se alarga, ora se afina
lenços que são levados pelo vento
e voltam para dar novo alento.
Entre as miudezas de uma bolsa ocasional
o celular de última geração
desbloqueado, carregado e tão estimado
fala com o mundo, mas para longe leva o outro
em frente, bloqueado e calado.
Na camiseta com estampa e dizeres
um letreiro ambulante
numa escrita massificada.
Várias etiquetas para atestar
a procedência com estirpe, a grife
em tudo que visto ou calço um traço
um logotipo que clama
tudo tem que ser marcado
de top ou fashion em ofertas in off
e o nosso idioma furtado.
No labirinto do consumo
etiquetado e rotulado
entre tantos objetos
sou mais um insumo
da suposta felicidade
encontrada nas coisas
coloca a vida num resumo
minha personalidade abafada
pela moda ditada.