Por Marcia Flesch Grillo
A população mundial deverá atingir 9,7 bilhões de pessoas em 2050 e as cidades estarão cada vez mais urbanizadas. Atualmente, já somos 7,3 bilhões de habitantes e, com a ampliação da população, teremos também maior procura por recursos finitos do planeta, como minerais, água, agricultura, áreas florestais, petróleo e gás. O crescente apetite por combustível, comida e insumos de produtos que dependemos diariamente em nossas vidas, faz com que um preço seja por isso: o impacto no meio ambiente.
Como podemos gerenciar melhor os recursos limitados que temos enquanto asseguramos que estamos sendo respeitosos com o planeta, o bem mais precioso que temos e lar de bilhões de habitantes? Será que o aumento da concorrência levará a confrontos sobre os recursos hídricos ou podemos encontrar uma maneira de gerenciá-los de forma mais eficaz? Que alternativa teremos para a falta de minerais? Teremos que viajar para ao espaço para encontrar minerais que ficarão esgotados na Terra, como o cobre, vital em muitos bens de consumo e que entrará em escassez em menos de 20 anos?
Ao mesmo tempo em que as questões sobre o futuro dos recursos naturais e da humanidade estarão sendo discutidas globalmente, as empresas assumirão uma responsabilidade social ainda maior e terão seus projetos acompanhados de perto pelas comunidades, que buscarão informações e uma melhor gestão ambiental para beneficiar os cidadãos locais ao longo de suas vidas.
As organizações estão se perguntando sobre como podem responder ao aumento das obrigações e, ao mesmo tempo, manter a rentabilidade em um momento no qual os preços das commodities são variáveis e imprevisíveis.
Com a ajuda da tecnologia, hoje, projetos de recursos naturais, assim como seus impactos no meio ambiente e nas comunidades, já podem ser simulados na tela do computador. O mundo virtual de colaboração e visualização traz inovação social por descobrir novas formas de gerenciar os recursos naturais e melhorar a eficiência de como eles são recuperados. Isso resultará em um modelo ganha-ganha para as pessoas e as empresas, uma vez que o consumo de combustível e as emissões de gases serão reduzidas, diminuindo o impacto no meio ambiente e minimizando os custos operacionais.
Em algumas partes do mundo onde a água é escassa, será possível reunir grupos de trabalho remotos com cientistas de diferentes lugares e autoridades locais dos governos para encontrar maneiras de usar os limitados recursos hídricos de forma ainda mais eficiente. Modelos internacionais de sucesso poderão ser aplicados localmente ao redor do planeta. Ideias poderão ser testadas juntamente com alternativas que dependem de menos água, por exemplo, em lavouras.
Boas ideias estão sendo estudadas ao redor do mundo. O engenheiro francês Georges Mougin, por exemplo, vem aperfeiçoando uma sugestão revolucionária: rebocar icebergs e utilizá-los para produzir água doce. Estudos com recursos de 3DExperience comprovam a viabilidade técnica do projeto, considerado por muitos como uma maluquice. Georges Mougin se prepara para descobrir uma nova forma de produção de água e energia e vem utilizando tecnologias de inovação social para formar uma rede internacional de especialistas em engenharia, glaciologia, meteorologia e oceanografia física, experiências virtuais realísticas e as mais recentes tecnologias de simulação científica para integrar informações oceanográficas e meteorológicas complexas.
Ele planeja utilizar icebergs que flutuam naturalmente à deriva e que vão derreter e desaparecer na água salgada do oceano de qualquer maneira. A tecnologia pode ajudar a aproveitar ao máximo as correntes e os ventos para rebocar esses icebergs. Com a ajuda de sistemas para simulações científicas em três dimensões, Georges Mougin demonstrou recentemente a viabilidade de vários cenários em um curto espaço de tempo, abrindo novos horizontes para a população mundial com seu projeto.
A iniciativa promete ser revolucionária, uma vez que quase um bilhão de pessoas no mundo ainda não têm acesso à água potável e mais de 2,5 bilhões não possuem nenhum tipo de sistema de saneamento. Esta realidade acarreta consequências graves como perdas de produções agrícolas, má nutrição e doenças graves. Sem dúvida, o problema de falta de água é global e deve ser considerado como uma questão de máxima importância. A tecnologia já existe e precisamos agora começar a pensar de forma diferente sobre como gerenciamos os recursos naturais, ao invés de esperar 2050.