É. Temos que nos render às novas tecnologias. O celular veio para ficar e, sinceramente, sou uma das pessoas que não sabe mais o que fazer sem ele. Nem lembro como pude viver tanto tempo sem um. Não aguento ligar para alguém e perceber que ele/ela não recarregou o aparelho e, por essa razão, não poderei falar o que pretendia ou precisava com a tal pessoa. As palavras que mais odeio ouvir ao celular são: ”deixe seu recado…” Quando alguém diz que não me encontrou, fico pensando se está mesmo dizendo a verdade: por que não me ligou, se tinha o número do meu celular? Agora, tem uma coisa: quase ninguém tem o meu número, senão vira bagunça. Só a família. E todos têm orientação (principalmente as filhas) para não ficarem me ligando o tempo todo. Detesto ficar atendendo o celular para qualquer coisa. Tenho mais o que fazer!
Tem gente que tem até dois: aí já acho demais. Mas que o “brinquedinho” ajuda, ah, ajuda. Quantos problemas já foram solucionados devido a um celular? Ele é a nossa memória! Sempre que esqueço algo, corro ao celular e peço socorro a alguém.
O celular é hoje tão usado que crianças já têm um (inclusive as minhas) o que torna mais fácil a vida de mães e pais. Desde que elas o deixem ligado, a gente pode falar com elas a qualquer hora.
O celular é tão importante que seu uso já criou novas formas de falar. Pessoas perguntam “ele está no celular?”, ou dizem “vou ligar no seu celular.” Celular agora é lugar. Sim, porque quando usamos o verbo “estar” seguido da preposição “em” estamos nos referirmos a algum lugar: “ele está na cidade”, “ela está na casa da praia”, etc.
Agora todos dizemos “eu estou no celular”, ou “vou estar no celular, pode ligar pra mim”. O celular tornou-se um lugar virtual, onde podemos falar com quem quisermos e a qualquer momento. Ou não, ao identificarmos um falante com o qual não desejamos falar.
Objetos novos criam expressões novas: a língua é dinâmica e se adequa logo às novas tecnologias. Esta é uma das características de toda língua viva: a capacidade de evoluir, porque muda de acordo com as necessidades da comunicação. Por isso não dá para controlar a língua, ou colocá-la numa camisa de força, como querem alguns, os inflexíveis defensores da norma culta, a qualquer preço. Esses ignoram este aspecto da língua: a evolução. É a evolução que leva a língua a representar a realidade em que vivemos. E como a realidade muda a cada novo dia, temos que adequar nossas antigas formas de comunicação a essas novas realidades. Temos que fazer a língua se adequar a essas mudanças. Por isso criamos novas expressões e é por aí que a língua muda. Se não mudasse, não seria uma língua viva, seria uma língua morta. Que bom que o português brasileiro é essa língua viva. Já pensou se as línguas não evoluíssem? Estaríamos falando o latim até hoje! Temos que aceitar que a língua portuguesa é resultado de mudanças e aprender a conviver com essas mudanças. Graças a elas, nossa língua é o que é: aquela que representa o nosso universo, a nossa cultura, o nosso jeito de viver e pensar.
Já pensou na sua vida sem mudanças?
Não dá, não é mesmo? Mudar faz parte da vida, faz parte de nós. A gente é que precisa aprender a tirar algo de bom de cada coisa nova que a vida nos apresenta. E a nossa vida sem celular, como seria? Nem imagino!
*Candice Almeida “Quem quer passar além do Bojador tem que passar além da dor”. Tive que retomar os versos de Fernando Pessoa com meus alunos na última aula que tivemos. Desgastados pela pandemia, pelo medo de morrer, pelo desemprego de parentes, pelo ano em casa, pelo descaso do Estado, eis que surge mais uma grande […]
*Por Fábio Mestriner Tenho acompanhado com muita atenção os desdobramentos da crise que enfrentamos e, confesso, que nunca vi tantos palpites, análises equivocadas e opiniões sem fundamento ganharem espaço e destaque na mídia. Estamos diante de algo novo que ainda tentamos entender, sabemos que as consequências serão graves, mesmo sem termos ainda uma clara noção […]
Fernando Vargas* Estamos vivendo uma experiência única, algo que aconteceu sem planejamento e, em menos de um bimestre, de repente, tudo mudou. Ficou evidente que não tínhamos o controle de nada. Sempre me senti privilegiado por ter nascido e me criado em ambiente escolar, pois é sabido que as escolas lidam diariamente com situações inesperadas. […]