Avenida Paulista
Gilda E. Kluppel
Soberana reina no alto da cidade
com entardecer inigualável
composto de reflexos e cores
de tom cinza azulado.
Uma estação de brigadeiro
vestida de verde
aguarda os visitantes
muitos trabalhadores apressados
alguns robotizados
e turistas deslumbrados.
Poesia existe
em seus contornos e entornos
ou no espaço reservado
a casa chamada das Rosas
que insiste em se impor diante
de edifícios espelhados
cúpulas arredondadas
e diferentes traçados.
Em plataformas azuis
pousam pássaros engravatados
condutores de muitos destinos.
Num grande vão livre
obras de arte
ornamentam seu caminho
desapercebido por aqueles
que caminham sem arte.
Numa tímida entrada
o jardim persiste
entre jequitibás e sapucaias
ainda cantam rolinhas e sabiás.
Na nobre esquina
circulam célebres e anônimos
uma augusta rua a reverencia.
Uma igreja
nove vitrais à direita e mais
nove vitrais à esquerda
a abençoa.
Palco de todas as tribos e credos
que transitam num ritmo alucinado
misturadas com pessoas incrédulas
sem rumo e sem esperança
que andam em passos lentos
à espera do seu acolhimento.
A noite vestida de gala
com traje de néon
coroada por torres
a insônia é constante
tem tesouros para guardar
onde os casarões tombaram
para verticalizar.
Com consolação finaliza
na pequena praça um monumento
ponto de encontro de partidas e chegadas
no túnel, repleto de grafites
revela, aos poucos
a expressão do seu pensamento.