Lenon Galdino dos Santos *
Alides Baptista Chimin Junior *
Resumo:
O presente trabalho buscou compreender como foi produzida a discussão da Geografia do Voto no Brasil por meio das publicações de dissertações e teses disponibilizadas online no banco de dados do IBICT. Percebemos que, o sub-campo Geografia do Voto é recente nos debates geográficos e carece de maior produção científica, uma vez que é um campo que abre possibilidades de pesquisa, tanto na Geografia quanto em outros campos do conhecimento.
Palavras-chave: Epistemologia, Eleições, Pós-graduação, Geografia.
Abstract:
This study sought to understand how it was produced discussion of Vote of Geography in Brazil through the publications of dissertations and theses available online at IBICT database. We have noticed that the Geography of Voto sub-field is recent in geographical debates and lacks greater scientific production, since it is a field that opens up possibilities for research, both in Geography and in other fields of knowledge.
Keywords: Epistemology, Elections, Postgraduate, Geography.
Introdução
A presente pesquisa teve como enfoque compreender como se dá a produção científica da Geografia do Voto no Brasil nos programas de Pós-Graduação entre 1985 e 2015. A discussão da Geografia do Voto enquanto campo de pesquisa no Brasil, vem segmentado como subcampo da Geografia Política. Ao realizar um levantamento nas revistas classificadas no sistema Quális Capes do campo da Geografia compreendendo o período de 1937 e 2015, disponibilizado no Banco de Dados do Grupo de Estudos Territoriais, foram identificados 14 artigos relacionados a geografia do voto.
Com a disponibilidade dos dados de teses e dissertações, publicadas posterior ao ano de 1985, no sistema IBICT (http://www.ibict.br/), evidenciamos como vem sendo produzido os trabalhos de pós-graduação no Brasil com a temática da Geografia do Voto, campo este que, conforme observado nas revistas brasileiras de Geografia, ainda carecem de produção.
Materiais e métodos
A pesquisa tem cunho quantitativo e qualitativo, e busca assim compreender como se fez a produção científica da Geografia do Voto no Brasil. A fim de operacionalizar o trabalho, a pesquisa foi dividida em dois momentos.
Em um primeiro momento foi levantado toda a produção científica da Geografia do Voto nos cursos de pós-graduação no Brasil por meio do sistema do IBICT. Salientamos que a base de dados disponibiliza apenas teses e dissertações defendidas depois de 1985. Em um segundo momento foi criado um banco de dados catalogando esta produção e sistematizando com metadados a fim de evidenciar o perfil da produção científica da temática. Durante a operacionalização foram utilizados dois softwares: LibreOffice Base para estruturação do banco de dados; QGIS para mapear onde se concentra a produção da temática.
Resultados e Discussão
Os resultados e discussões aqui apresentados são parte componente de um trabalho maior e, devido ás limitações de página foram selecionados apenas os resultados centrais do trabalho. O trabalho completo será publicado em revista científica.
No período de agosto a outubro de 2015, foram identificados 29 trabalhos no campo da Geografia do Voto na BDTD (Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações) do IBICT. Do total de trabalhos, 15 são de autoria feminina e 14 de autoria masculina, sendo 5 teses de doutorado e 24 dissertações de mestrado. A fim de espacializar a produção dos trabalhos encontrados, a figura 1 apresenta sua distribuição espacial conforme as instituições onde foram defendidas.
Percebe-se a concentração da produção da Geografia do Voto nos estados do Rio Grande do Sul e Distrito Federal, ambos com 5 trabalhos. No eixo Rio de Janeiro e São Paulo foram identificados 8 trabalhos. A partir da leitura prévia das dissertações e teses, estas foram categorizadas em 6 grupos temáticos, sendo eles: Análise espacial do voto (com 7 trabalhos), Democracia (com 4 trabalhos), Mídia e debates políticos (com 5 trabalhos), Direito ao voto (com 7 trabalhos), Representação das mulheres na política (com 4 trabalhos) e Eleições presidenciais (com 5 trabalhos). Ressaltamos que, alguns trabalhos possuem transversalidade entre os grupos temáticos como no caso de: “Votar ou não votar? Um estudo sobre o reconhecimento do direito de voto para refugiados” Cunha (2013), “O voto da Costela: O sufrágio feminino nas páginas do Correio do Povo (1930-1934)”, Karawejczyk (2008), onde se enquadram nos grupos de “Direito ao voto” e “Representação feminina na política”.
Figura 1 – Produção científica da Geografia do Voto no Brasil, Fonte: IBICT, 2015.Organização: GALDINO, 2015.
Os recortes espaciais adotados nas teses e dissertações foram predominantemente na escala “Brasil” com 14 trabalhos. O recorte intra-município e Unidade Federativa foram adotadas em 7 e 6 trabalhos respectivamente. Apenas um trabalho adota o recorte espacial de região, sendo esta a região Nordeste.
Identificamos também um trabalho que aborda a escala de América Latina, sendo este, uma tese que defende a transformação do discurso de esquerda sul-americana, definindo-a como uma “esquerda reformista social-democrática” com autoria de Silva (2009). Neste caso o recorte espacial favorece o desenvolvimento e teorização da problemática por meio de uma metodologia que permite fazer correlações e comparações.
Conclusões
O presente trabalho evidenciou que, a Geografia do Voto é um subcampo aberto a nos debates na Geográfica Brasileira, por meio da categorização feita a partir dos trabalhos, que compreende 6 grupos temáticos: Análise espacial do voto Democracia Mídia e debates políticos Direito ao voto Representação das mulheres na política e Eleições presidenciais. Apesar de a presente pesquisa abordar a Geografia do Voto no Brasil de forma geral, destacamos que ainda existe um leque para discutir temas ainda não abordados como a questão do gênero, raça, etnia, etc.
O trabalho demonstrou a existência da produção da Geografia do Voto no Brasil, bem como sua distribuição espacial e áreas de concentração temática. Mostramos também que existem campos que podem ser mais debatidos, como a questão de gênero. Esperamos com este trabalho contribuir com a ciência assim como aguçar o debate para novas pesquisas no campo da Geografia, debate este, que, consideramos tão relevantes na atual conjuntura política em que o país se encontra.
Referências
CUNHA, Ana Paula. Votar ou não votar? Um estudo sobre o reconhecimento do direito de voto para refugados. 2013, 147 f. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em Direito) – Universidade de Brasília, Brasília, 2013.
KARAWEJCZYK, Mônica. O voto da costela: O sufrágio feminino nas páginas do Correio do Povo (1930-1934). 2008, 292 f. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em História) – Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2008.
SILVA, Lenina Vernucci da. Gênero e Poder: Diva Nolf Nazário da luta pelo voto feminino. 2014, 108 f. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais) – Faculdade de Ciências e Letras, Universidade Estadual Paulista, Araraquara, 2014.
SILVA, Rodrigo Freire de Carvalho e. O partido dos trabalhadores (PT) no Brasil e o partido socialista (PSCH) no Chile: A transformação da esquerda Latino- Americana. 2009, 362 f. Tese (Pós Graduação sobre as Américas) – Universidade de Brasília, Brasília, 2009.
* Graduando em Geografia pela UNICENTRO – Universidade Estadual do Centro Oeste.
* Professor do Departamento de Geografia – DEGEO da Universidade Estadual do Centro Oeste. Mestre em Gestão do Território pela UEPG – Universidade Estadual de Ponta Grossa e doutor em Geografia na mesma instituição.
SANTOS, Lenon Galdino; CHIMIN, Alides Baptista. A Produção Científica da Geografia do Voto no Brasil nos Programas de Pós-Graduação entre 1985 e 2015. P@rtes. Janeiro de 2017.