GESTÃO EM PROCESSOS ESCOLARES
Glaucia Rosa Trindade[1]
Mara Lucia T Brum[2]
RESUMO
Este artigo tem o objetivo de apresentar os conhecimentos adquiridos a respeito da gestão em processos escolares realizada na Escola Educação Infantil Rita Cavalhada Bezerra (Pelotas – RS) durante o estágio o período de estágio realizado nesta escola. Neste artigo serão apresentados os relatos dos sujeitos e a fundamentação teórica da gestão escolar aliado às impressões obtidas na pesquisa baseadas nas observações e diálogos com os sujeitos pertencentes à comunidade escolar. A metodologia utilizada foi pesquisa in loco, com perguntas abertas, permitindo os entrevistados expressarem-se livremente como percebem a Gestão democrática na escola parceira. Portanto o artigo traz uma amostra das informações colhidas na pesquisa.
Palavras chave: Diálogo, Observação, Organização, Sujeitos.
1-INTRODUÇÃO
Ao começarmos o curso de pedagogia da EAD/UFPEL, fomos orientados a procurar uma escola para firmarmos parceria, para que pudéssemos interagir e conhecer os diversos seguimentos da escola. Procuramos primeiramente conhecer o entorno da escola, os pais, professores, diretores coordenadores e funcionário desde o começo do curso. Neste artigo apresentamos um pouco da nossa experiência metodológica que nos levou a concluir o primeiro estágio proposto pelo curso que é o de gestão escolar. O estágio foi realizado na Casa da Criança Sagrado Coração de Maria que é uma Associação Particular sem fins econômicos que é a mantenedora da Escola de Educação Infantil Rita Cavalhada Bernadete. Quando a escola perdeu a verba da filantropia, a diretoria resolveu instituir o pagamento de mensalidades para manter a matrícula dos alunos na escola, esses valores são simbólicos utilizados para melhorias de todos os gêneros na instituição, incluindo alimentação, estrutura física e pedagógica.
A escola atende cerca de cento e oitenta alunos oriundos de famílias de classe baixa e média renda, provenientes de vários bairros da cidade, funcionando em turno integral, das 7h30min às 17h30min. A instituição possui amplo espaço com dez salas de aula, oito banheiros, duas cozinhas com refeitórios, lavanderia, depósito, secretaria, recepção, direção, sala de espaço pedagógico, sala de soninho e/ou salão de festas, distribuídos em dois prédios interligados por uma passarela coberta, além de amplo pátio com duas pracinhas para recreação.
Os recursos humanos são cedidos pela Prefeitura Municipal, possuindo Diretora, Vice-Diretora, Supervisor Escolar, professores, monitores, educador cuidador, auxiliares de educador cuidador, funcionários e voluntários, somando um total de 45 profissionais. A escola atende turmas de Berçário, Maternal e Pré-escola, atendendo crianças de quatro meses a cinco anos e onze meses. No decorrer do estágio procuramos nos familiarizar com as atividades propostas pela escola, conhecendo seus professores, alunos, funcionários e até mesmo alguns familiares que costumam a frequentar a escola. Para que pudéssemos ir aos poucos descobrindo o universo escolar, sem causar estranhamentos nem constrangimentos aos sujeitos da escola parceira. Agindo dessa forma, nos colocamos como aliados e não mero pesquisador, nosso olhar foi de parceria e nunca de fiscalizador, por isso conseguimos colher bons frutos dessa pesquisa que passaremos a apresentar.
2- DESENVOLVIMENTO
2.1-ESCOLA E SUA ORGANIZAÇÃO
Ao começar a dialogar com os sujeitos sobre a gestão muitos elogiaram a melhora na qualidade do ensino, pois relatam que a equipe diretiva está sabendo aproveitar os espaços físicos disponíveis na escola, equipando salas com móveis e materiais pedagógicos de ótima qualidade. Foram citados por vários sujeitos entrevistados os seguintes projetos realizados atualmente na escola: o projeto soninho (sala onde os alunos dormem foi revitalizada com cortinas novas, foram instalados dois Split, foram comprados colchonetes novos e a sala foi pintada). Outro projeto que se destacou foi a Cinemateca realizada na sala do “soninho”, que durante o horário das aulas é utilizada para assistir a filmes projetados via data show, representando a tela de um cinema, sendo que os colchonetes que eles dormem são disponibilizados formando uma poltrona para assistirem aos filmes confortavelmente. Além desses dois tivemos conhecimento através dos sujeitos entrevistados que houve à revitalização das pracinhas que estavam com muitos brinquedos estragados, e essa gestão consertou os brinquedos antigos, e ainda ofereceu brinquedos novos. Também soubemos que a cercas ao redor da escola foram consertadas assim, como foram colocados portões e grades, que culminou com a instalação de câmeras no pátio, corredores da escola e salas de convivência em grupo como cozinhas, refeitórios e recepção. Também foi instalado um portão eletrônico na entrada da escola que passou a ser mantido fechado. A pessoa precisa se identificar através do interfone para que a entrada na escola seja liberada com a abertura do portão, vários sujeitos entrevistados elogiaram a administração da escola porque ela trouxe mais conforto, praticidade e segurança a todos os sujeitos envolvidos na escola, além de evitar os roubos que aconteciam constantemente durante os finais de semana na mesma. Porém se nota uma escola totalmente vigiada que por um lado da segurança aos alunos e por outro se torna extremamente controladora dos seus sujeitos.
Na visão dos pais a administração da escola é muito boa “A gestão é muito boa porque visa à melhoria da instituição e o bem estar das crianças.” (MÃE,2).
O relato da mãe mostra sua visão de proteção e segurança a seu filho, mas a pergunta que caberia é como fica a liberdade dos professores neste sistema de vigilância de tempo integral? Ao mesmo tempo em que a escola esta inovando, esta se isolando da comunidade e tirando a privacidade dos seus sujeitos. Vamos ver a seguir como esta sendo visto esta gestão pelos seus docentes, discentes e comunidade escolar de forma geral.
2.2-GESTÃO DEMOCRÁTICA
Pelo que se pode perceber nas entrevistas, observações e conversas com os sujeitos foi à capacidade organizativa e administrativa dos gestores que se destacou, sendo que a maioria dos entrevistados relata ou fez referência sobre a administração da escola, relatando que as decisões estão muito centralizadas na equipe diretiva e alguns sujeitos gostariam de participar dessas decisões. No entanto, a lei sobre gestão democrática na escola publicava em seu artigo terceiro vai nos dizer que a administração do ensino público deverá ter como princípio administrativo uma gestão democrática que privilegie o diálogo e participação de todos os seguimentos escolares, mas não é bem isso que se percebeu na escola parceira.
Notamos que os colaboradores (corpo docentes) são consultados para algumas escolhas quanto à organização do trabalho pedagógico rotineiro na escola, porém não participaram da elaboração da Proposta Pedagógica da Escola, e muitos sujeitos relataram que desconhecem a mesma, apesar de a maioria deles já estar atuando na escola há alguns anos. Segundo o relato de uma das professoras entrevistadas, “A gestão escolar ideal é a democrática, mas no geral ela não acontece.” (PROFESSORA 2). O relato dessa professora mostra que a escola, não esta agindo de forma democrática nesta administração, apesar das inúmeras feitorias físicas na escola.
No geral a maioria dos sujeitos que foram entrevistados se mostraram contentes em trabalhar na escola e não pretendem sair, pois gostam muito da forma como a escola vem sendo gerida priorizando o aluno e o seu bem estar, fazendo tudo que está ao alcance dos mesmos para proporcionar uma escola cada vez melhor. Porém a grande reclamação esta no fato da administração da escola concentrar todas as decisões na equipe diretiva, causando descontentamento no restante da comunidade. Além do que esta atitude não caracteriza uma gestão democrática. Percebi que há o interesse da maioria dos sujeitos em colaborar com as decisões da gestão, porém não são consultados. Conforme aponta Araújo,
Transparência afirma a dimensão política da escola. Sua existência pressupõe a construção de um espaço público vigoroso e aberto às diversidades de opiniões e concepções de mundo, contemplando a participação de todos que estão envolvidos com a escola. (ARAÚJO, 2000, p.155)
O autor reforça em seu discurso a importância da escola ouvir e consultar todos os seguimentos escolares para assim poder ter mais legitimidade em suas ações.
Ao ler o Regimento Escolar da instituição se pode constatar que o documento está desatualizado, pois foi elaborado e aprovado no ano de 2005, para entrar em vigor no ano letivo seguinte (no caso, no ano 2006) e ao ser aprovado pela Secretaria Municipal de Educação foram sugeridas e registradas no documento algumas modificações que até hoje não foram realizadas. O documento já está desatualizado e faz uso de termos arcaicos, o mesmo é tão desatualizado que um dos critérios para a criança estudar na escola é ter renda familiar baixa, fato que contraria a atual realidade da escola que se mantém através do pagamento de mensalidade. O Supervisor Escolar me informou que o Regimento Escolar precisa ser refeito, mas ainda não deu tempo de refazê-lo. O Regimento cita alguns tópicos indicando que a gestão da escola seria democrática, apesar dessa terminologia não ter sido usada no documento para definir a administração da escola.
Ao Diretor compete coordenar, dinamizar, promover, acompanhar e executar as atividades administrativas e pedagógicas desenvolvidas, prestar conta da parte financeira da Escola e atuar em conjunto com a comunidade escolar. (REGIMENTO ESCOLAR, 2005, p.9).
Neste recorte do regimento ele fala da questão da gestão atuar em conjunto com a comunidade, não percebemos essa colocação na prática da escola.
Ao se ter contato com a Proposta Pedagógica da escola se observou que a mesma também não cita a democracia como uma prática necessária aos atos pedagógicos da escola, descreve apenas a participação de toda a comunidade escolar.
Sentimos a necessidade de nortear nossos trabalhos através de uma Proposta Pedagógica com a participação de toda a comunidade escolar. Por isso, precisamos caminhar juntos com essa comunidade e estar em processo de formação continuada permanente para que a nossa prática docente não envelheça precocemente. (PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO, 2012, p. 16).
A Proposta Pedagógica foi elaborada no ano de 2012 e entrou em vigor no ano letivo de 2013, é um documento relativamente novo, mas também não contempla a gestão como sendo democrática, apesar de ter uma lei que regulamenta a gestão democrática do ensino público na educação básica. Como a educação infantil se enquadra na educação básica esta lei também rege sua gestão. Conforme o artigo 14º os profissionais da educação assim como a comunidade escolar devem participar da elaboração do projeto pedagógico da escola (LDBEN, 1996).
Embora tenha percebido que a gestão da escola parceira esta longe de ser considerada democrática, acredita-se que pelo fato dela seguir as normas da mantenedora, esta esteja impedindo da direção ser mais autônoma nas suas tomadas de decisões. Já que todas as decisões mais importantes precisarem ser autorizadas pela diretoria da mantenedora. Nos diálogos com a equipe diretiva, notei que são flexíveis e abertos ao diálogo, assim como a negociação para solução de problemas internos (entre colaboradores) e externos (escola e comunidade). Segundo Cardoso,
“Os pais devem desempenhar uma posição de supervisores da proposta pedagógica, e colaborar com ações que promovam a parceria família-escola. Para a escola é importante o apoio da família, pois os pais cooperativos ajudarão a estimular na criança o desejo pela aprendizagem” (CARDOSO, 2009).
Concordamos com Cardoso, quanto ao fato da escola procurar trabalhar conjuntamente com a família, pois ninguém melhor que os pais para se ter como aliados na conquista de novas ações e propostas pedagógicas para escola.
Ao conversar com a equipe diretiva também constatei boa vontade e o desejo de atender as necessidades de todos os envolvidos na comunidade escolar. A escola vem progredindo bastante e poderá vir a ser democrático em alguns momentos, porém tendo ela uma Mantenedora isso se torna difícil de acontecer atualmente baseando-se no fato que as decisões tomadas precisam ser autorizadas pela diretoria da mesma, e como tal essa pensa como empresa e não como escola.
A gestão da escola parceira ainda não pode ser considerada como gestão democrática devido ao fato de ser uma escola mantida por uma Mantenedora e todas as decisões mais importantes precisarem ser autorizadas pela diretoria da mesma, deixando de certo modo a direção, funcionários e professores a mercê das suas determinações e interesses que são de empresa e não de escola.
2.3-RELAÇÃO ESCOLA E PAIS
A escola possui uma media de cento e oitenta alunos, porém os mesmos não moram no entorno dela, moram em diversos bairros da cidade. O Fato da escola se localizar num bairro central e próximo a uma das principais avenidas da cidade, facilita o acesso dos pais na hora de deixar o filho na escola e buscar no final do dia. Mas o que se pode verificar é que os pais passam na escola somente para soltar e pegar os filhos, poucos entram e se interam do que esta acontecendo do outro lado dos muros da escola. Pelo que se pode notar a participação dos pais na vida escolar das crianças ainda é muito limitada. Embora haja relatos de que essa relação já melhorou muito. Talvez tenha melhorado porque os pais precisam ir até a escola para efetuarem o pagamento da mensalidade todos os meses. Também são solicitados para reuniões para entrega de pareceres na escola. A escola passou a ter como rotina realizar festas abertas a comunidade escolar em datas comemorativas como: festa junina, dia da criança e natal, o que aproxima os pais e familiares das crianças da escola, visto que a cada festa a participação da comunidade escolar é mais efetiva. Aos poucos as coisas estão começando a melhorar. Para Anastácio (2009), na educação deve haver conhecimento, disponibilidade, e empenho por parte da família em saber o que está acontecendo dentro da escola, reconhecendo e estimulando a aprendizagem da criança. Com isso, estará colaborando para o desenvolvimento da mesma.
A escola precisa superar muitos limites para oferecer uma gestão democrática e mais autônoma. Porém um dos principais limites que tem sido constantemente superado é o desinteresse dos pais em relação aos filhos, não por falta de condições financeiras, por falta de tempo (devido às inúmeras tarefas que precisam ser feitas todos os dias como: trabalho, casa, estudos e filhos) ou por falta de vontade mesmo, os alunos embora sejam muito pequenos passam por muitos problemas emocionais ocasionados de famílias desestruturadas e isso afeta muito sua aprendizagem e seu desenvolvimento afetivo, cognitivo e motor. O relato de uma das monitoras nos leva a essa afirmação segundo ela, “A participação dos pais funciona bem na escola, mas alguns pais são muito descomprometidos com os filhos.” (MONITORA 6). A questão é que funciona bem para os que vão até a escola; e para os que não vão, talvez não o façam porque a escola pareça ser mais um sistema carcerário, pois como já dissemos anteriormente até se conseguir entrar na escola se perder muito tempo dando explicações e para quem tem uma vida corrida com muitos a fazeres, às vezes se torna complicado visitar uma escola com tantos procedimentos de segurança. Pois assim, como tem pais que aprovam tem quem não gostam de se submeter a essas circunstâncias, e bom para seus filhos e não para eles, e por pensarem assim não podem ser considerados descomprometidos. Acreditamos que a escola tem que consultar a comunidade a respeito dos seus procedimentos de segurança. A que interesses estes procedimentos servem de fato. Alunos, funcionários e professores ou a mantenedora que deseja ter o controle absoluto sobre seus empregados. Todos esses procedimentos ajudam ou atrapalham as relações entre os sujeitos da escola?
2.4- RELAÇÕES ENTRE OS SUJEITOS DA ESCOLA
Os primeiros diálogos foram realizados com os sujeitos com quem já havia desenvolvido certa intimidade, usei essa estratégia para que os primeiros sujeitos relatassem aos demais nos horários de intervalos que as conversas eram bem simples, para que os mesmos se sentissem a vontade para dialogar. Acredita-se que a tática tenha funcionado porque os próximos diálogos foram mais fáceis, embora alguns sujeitos tenham me informado que não gostam de pesquisas, alegando ser um monte de perguntas chatas, porém dialogaram tranquilamente nesta pesquisa.
Nas entrevistas no horário de intervalo de quinze minutos dos profissionais se pode perceber que é naquele momento que as informações são trocadas e os fatos são espalhados, também foi observado que a escola é dividida em pequenos grupos unidos por afinidade, até mesmo o local do intervalo é realizado em locais diferentes, uns ficam na rua, outros no refeitório, outros em uma área e alguns em suas salas de aula. Os intervalos geralmente são realizados na cozinha porque lá fica disponibilizado o café e o chá e têm as mesas do refeitório, o setor já se tornou um local de encontros e até mesmo de comércio porque vários profissionais vão até a escola vender produtos como: roupas, joias, perfumarias em geral e artesanatos. Através das observações feitas nestes momentos se consegue entender muitos fatos que ocorrem na escola, tais como: conversas isoladas de uma sala que se espalham pela escola de forma distorcida; uma simples reunião de uma colega com a diretora pode virar fofoca e se espalhar gerando discussões entre os demais; um comentário feito no intervalo gera muitas especulações na escola e isso é extremamente negativo, pois cada um que reconta o fato adiciona ao mesmo sua interpretação e às vezes distorce a realidade. Nos espaços de intervalos nota-se que os sujeitos não têm liberdade para tecerem suas próprias opiniões, mostrando assim que a autonomia na escola parceira esta longe de acontecer, pois nada passar despercebido aos olhos da administração e da mantenedora. Conforme nos alerta Vitor Paro,
Se quisermos uma escola transformadora, precisamos transformar a escola que temos. E o que temos é uma escola autoritária, que atende aos interesses dos grupos dominantes e que atua de maneira precária, sem recursos e profissionais com má formação, entre outros problemas conflitantes. (PARO, 2001, p.10)
Foi relatado pelos sujeitos que a troca dos gestores há três anos trouxe uma “nova cara” para a escola e culminou com a troca de supervisão escolar no ano passado, o que trouxe melhorias para o processo de ensino-aprendizagem da mesma. Porém as relações internas parecem que em nada foram alteradas. As relações afetivas dentro da escola parecem não acontecer de forma harmônica, o que mais se vê é que cada um faz a sua parte e não interagem uns com o outros, a escola é formada por grupos fechados que defendem interesses próprios. Sendo a grande queixa o controle da Gestão que não e participativa e acaba por favorecer a opinião de uns sobre os outros, não tratando todos de forma igual. Esse tipo de atitude gera a desunião entre a equipe de trabalho como nos relata uma das monitoras da escola,
“Nosso maior problema é a falta de pessoal causada pelos laudos (proporcionados pela estabilidade que o funcionário público) e a falta de comprometimento dos pais e funcionários, mas principalmente falta de união entre os envolvidos na escola.” (MONITORA 7).
A falta de dedicação e comprometimento dos colaboradores da escola é um limite muito citado pelos sujeitos abordados na pesquisa durante o estágio, pois priorizam interesses pessoais e particulares ao invés dos interesses profissionais, e isso gera muitos conflitos entre os colaboradores em geral.
O fato de o funcionário público possuir estabilidade no emprego gera uma acomodação por parte dos mesmos, que faltam muitas vezes ao trabalho por motivos banais o que sobrecarrega os colegas que se dedicam bastante ao realizar suas funções na escola, e isso torna o grupo muito desunido gerando vários conflitos entre os funcionários. Os sujeitos alegam que a escola até tenta unir a equipe realizando festas, reuniões e atividades coletivas para integrar a equipe que permanece cada vez mais dividida em pequenos grupos.
3- CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao realizar o estágio foi possível perceber a complexidade de se gerenciar uma escola, além de se ter uma imensidão de processos burocráticos a se resolver também é preciso administrar o financeiro e o pessoal. Fato este que acaba sobrecarregando o gestor que responde por todos os atos realizados na escola e precisa organizar tudo da melhor forma possível para que seja realizado conforme as necessidades dos alunos.
Percebemos que o gestor possui muitas tarefas, mas a gestão de pessoal acaba tornando-se a mais complexa de todas, devido ao fato de serem muitos sujeitos ocupando os mais variados cargos na escola, onde todos tem a função de cuidar e educar crianças muito pequenas com alegria e prazer, pois são seres em desenvolvimento, pois só dessa forma é que os alunos de educação infantil assimilam as linguagens, de maneira lúdica e prazerosa.
Para que isso ocorra o gestor deve estar sempre aberto ao diálogo e tentar atender aos pedidos de todos os sujeitos da escola, claro que dentro das possibilidades da instituição. Baseado na pesquisa realizada percebeu-se que alguns sujeitos sentem a necessidade de serem ouvidos, estão carentes de atenção do gestor e acabam por demonstrar esse fato através de atitudes algumas vezes distorcidas, instigando conflitos e gerando a desunião do grupo e atrapalhando a realização de tarefas cotidianas. Nesse caso específico seria o momento do gestor chamar os sujeitos envolvidos no conflito e ouvi-los individualmente demonstrando interesse no sujeito e ajudando o a resolver seu problema, dessa forma o mesmo se sentiria valorizado e atendido em suas necessidades deixando de causar problemas para chamar a atenção para si própria.
Ficou claro ao conversar com alguns pais o desejo em participar mais ativamente da vida escolar dos seus filhos e não me pareceram nem um pouco desinteressados como afirmaram alguns depoimentos colhidos, inclusive comentaram que gostariam que houvesse mais atividades que os mesmos pudessem participar dentro da escola; Pois alegam que só são chamados para entrega de boletins ou quando acontece algum problema com o filho. A escola mantém três festas anuais com a participação dos alunos, familiares e a comunidade escolar, mas só essas alternativas não têm sido suficientes.
O trabalho de integração da família com a escola poderia iniciar com uma entrevista com os pais antes dos seus filhos ingressarem na escola, primeiro os pais conversariam com a equipe diretiva e após com as professoras para que entendam melhor como se dá o processo de ensino aprendizagem na turma em que a criança estará inserida. Também poderiam ser feitas mais apresentações dos filhos para as famílias e a comunidade em geral, assim como organização de gincanas, com atividades para pais e filhos interagirem juntos, assim como almoços e jantares realizados pela escola para unir a comunidade escolar. A Gestão Escolar Democrática requer um engajamento total da comunidade escolar, esta deve estar ciente de sua importância e o Gestor deve saber usufruir da colaboração de todos.
Sem duvida o estágio foi de grande valia para podemos unir teoria e prática, além de favorecer o contato direto com a escola, propiciando assim o conhecimento mais próximo da realidade da nossa futura profissão. Sendo que o curso CLPD, tem muito acrescentado na minha vida tanto pessoal como profissional.
4- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANASTÁCIO, A. H. A. K. A participação da família no contexto escolar da educação infantil em uma escola privada de Sinop. 2009. Disponível em:<http://www.unematnet.br/prof/foto_p_downloads/fot_1565micuosoft_woud_-_anne_kelly(1)_pdf.pdf Acesso em: 24 dez. 2014.
ARAÚJO, Adilson César de. Gestão Democrática da educação: a posição dos docentes. PPGE/UnB. Brasília. Dissertação de Mestrado, mimeog, 2000.
BRASIL. Lei Federal nº9394 de 20 de dezembro de 1996. Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
BEZERRA, Rita Cavalhada. Regimento Escolar. Material Impresso. Escola de Educação Infantil Carambola do Sul. RS. 2005
BEZERRA, Rita Cavalhada. Projeto Político Pedagógico. Material Impresso. Escola de Educação Infantil Carambola do Sul. RS. 2012
BORDIGNON, Genuíno; GRACINDO, Regina Vinhaes. Gestão da Educação: o município e a escola. In: FERREIRA, Naura; AGUIAR, Márcia (orgs.). Gestão da Educação: impasses, perspectivas e compromissos. São Paulo: Cortez, 2000.
CARDOSO, A. R. Escola e pais separados: uma parceria possível. Curitiba: Juruá, 2009. p- 66- 94.
PARO, Vitor Henrique. Administração escolar: introdução crítica. 16. ed. São Paulo: Cortez, 2010a [1986].
PARO, Vitor Henrique. Gestão democrática da escola pública. São Paulo: Ática, 2001.
[1] Graduanda do curso de pedagogia EAD/ UFPEL.
[2] Mestre em educação – UFPEL (2014); Especialista em Psicopedagogia Institucional pela UCB (2005) Especialista em Educação Infantil pela UCB (2004). Graduada em Pedagogia – FURG (1998), professora curso de Pedagogia EAD/UFPel e-mail: marabrum@gmail.com