O futuro do professor de Educação Física: expandindo horizontes
Alexandre Sandim Camargo*
Resumo: O artigo frisa a necessidade de ter um professor de Educação física na Educação infantil, tendo como objetivo promover debates sobre as potencialidades e principais desafios para efetivar o bacharel neste segmento escolar. O método usado foi a pesquisa bibliográfica de natureza descritiva e abordagem qualitativa. Muitas escolas de Educação Infantil ainda não possuem o Educador Físico, tê-lo seria melhorar a interdisciplinaridade, a didática, a cultura corporal, e desenvolver nova consciência sobre o papel da escola.
Palavras chave: Desenvolvimento psicomotor, Ensino, Crianças.
Abstract: The article stresses the need to have a teacher of physical education in early childhood education, aiming to promote discussions on the potential and major challenges to effect the bachelor this school segment. The method used was the bibliographical research of descriptive and qualitative approach. Many early childhood education schools still lack the Physical Educator, having it would enhance inter didactics, body culture, and develop new awareness of the role of the school.
Keywords: psychomotor development. Education. Children.
Introdução
A presença do professor foi importante em todo o seu processo de institucionalização. Apesar de atualmente a área estar em processo de especialização, passando a se preocupar com os problemas sociais que acometem grande parcela da população.
A temática é relevante por apresentar estudos que no âmbito acadêmico, através de análise de referenciais contribuirá para a expansão dos horizontes pedagógicos dos professores de educação física. No âmbito pedagógico, contribui para a escola desmistificar o seu papel, de treinador de esportes para construtor de conhecimentos.
O artigo pretende promover debates sobre a necessidade do professor de Educação Física na Educação Infantil, demonstrando suas potencialidades e principais desafios.
Para atingir os objetivos propôs-se usar o método de pesquisa bibliográfica, que implicou buscar dados de variadas fontes. Além disso, propôs-se também realizar estudos de natureza descritiva e analisar os dados obtidos através da abordagem qualitativa.
A Educação Física escolar na Educação Infantil
A inserção da Educação Física na Escola através do currículo aconteceu no ano de 1920, quando foi criada uma disciplina específica para torná-la atividade regulamentada e isolada, com ensino de técnica e física para defesa e ações militares, eugenia, preparação de atletas, com currículo organizado para noções de hábitos de higiene, saúde, desenvolvimento físico e aspectos moralizadores (moral), com um propósito corretivo (Ghiraldelli Jr., 1988). A partir dos anos 1950, o currículo muda, valoriza-se mais o rendimento físico, propondo treinamentos militares até a década de 1980 (Soares, 2002).
Hoje, o quadro do currículo escolar de Educação física é outro. Não se pode mais desassociá-la dos valores de promoção da saúde mental e social do indivíduo, se propondo a capacitar a criança para que consiga desenvolver reflexões acerca das suas condições físicas corporais e da sua autonomia, construindo assim fundamentos que terão de alguma forma, sentido cultural e social, integrando a criança aos aspectos essenciais da cultural corporal de movimento e em seus principais conteúdos, tendo como principais ferramentas de aprendizado os jogos, ginásticas, danças e lutas, desenvolvendo assim a comunicação, expressão, lazer e cultura (BRAID, 2003).
Portanto, no contexto da Educação Infantil é amparada por leis que a garantem como Direito a todas as crianças brasileiras de 0 a 6 anos de idade. Sendo assim, os conteúdos da disciplina para a Educação Infantil, bem como materiais a serem usados e espaços onde serão ministradas as aulas devem valorizar um importante aspecto, a adequação às especificidades da criança, pois dessa forma, as crianças terão totalidade de instrumentos essenciais para conseguirem se desenvolver educacional e integralmente nas aulas.
Os conteúdos de Educação Física na Educação Infantil devem estar enxertados numa concepção pedagógica que consiga proporcionar momentos de experiências significativas, lúdicas e criativas, levando em conta a linguagem corporal das crianças, o corpo e o movimento, visando a sua alfabetização nesse tipo de linguagem. E mais, proporcionar o contato com diferentes manifestações da cultura corporal.
A necessidade do professor de Educação Física na Educação Infantil
Deve-se levar em consideração que Educação Física é desenvolver integralmente a criança em seus aspectos psíquicos, cognitivos, sociais, culturais e físicos. Para Freire (2009), é importante a presença do professor de Educação Física na Educação Infantil por sua atuação não estar na mera ministração dos conteúdos em aulas teóricas, mas no desenvolvimento dos principais aspectos de funcionamento do sistema motor, inserindo jogos, brincadeiras, danças, ginásticas e outras atividades em sua prática pedagógica.
Sanches (2010) afirma que muitas escolas de Educação Infantil ainda não possuem o Educador Físico, daí a responsabilidade do desenvolvimento das atividades lúdicas ficarem com um profissional não especializado, ou seja, professor regente da sala de aula.
Embora reconhecendo a importância da aula expositiva como um momento crucial no processo, advoga-se aqui a possibilidade de se incorporar profissionais de Educação física na Educação Infantil das escolas que ainda não os possuem. Sendo assim, contribui-se eficazmente para o processo ensino aprendizagem, pois nos momentos em que estarão sendo convidados a participar de atividades lúdicas será possível perceber o diferencial que um professor que possui visão adequada sobre o aperfeiçoamento da coordenação motora e outras qualidades físicas desempenhará nessas ocasiões (ARRIBAS, 2008).
O trabalho pedagógico deverá estar envolto numa esfera em que os conteúdos (jogos, músicas, danças, ginástico e lúdico) deverão estar condizentes com a proposta pedagógico da escola e com a conquista das metas educacionais. Sendo assim, os conteúdos serão melhor ministrados e terão melhores resultados se houver participação direta de um professor de educação física (KISHIMOTO, 1994).
No caso de um professor que não possui essas características profissionais, a aula apenas será um momento lúdico e de diversão, sem a exposição de fundamentos e adequadas maneiras de realizar movimentos durante as atividades (OLIVEIRA, 2005).
Diante disso, é necessário um professor de Educação Física na Educação Infantil que se comprometa em respeitar limitações físicas, vontades e Direitos para as crianças, de maneira que consiga fazê-los desempenhar as atividades físicas com critérios mais ativos e participantes. Por exemplo, desenvolvendo uma brincadeira que conseguiria transpor o ideal de movimento, e tornar a brincadeira atrativa a tal ponto da criança associar os fundamentos do movimento nas outras disciplinas em sala de aula (SANTANA, 2008).
É necessário por ser um profissional capacitado na dinâmica do trabalho pedagógico da cultura corporal e do movimento, e em segundo plano, trabalhar a diversão das crianças. Sendo responsável no auxilio escolar de formar alunos cidadãos. Sendo assim, o profissional será reconhecido e terá motivações para tornar possível a tão sonhada educação integral de forma prática, lúdica, eficaz e prazerosa. É por isso que este profissional está mais preparado para exercer esta função na educação infantil do que o professor regente da sala de aula (VALENTINI, 2002).
3 Considerações finais
Percebeu-se através desta pesquisa, que a necessidade de ter um profissional de Educação Física na Educação Infantil suscita constantes debates e discussões. Prova dessa necessidade é a ausência e escassez de livros e estudos que abordem essa questão e, demonstrem com clareza a sua legitimação e inserção nessa modalidade de ensino.
A atuação do professor de Educação Física diverge da atuação do professor regente da sala de aula. A atuação do professor regente possui apenas um aspecto recreativo. O papel do professor de Educação Física será o desenvolver nas crianças uma consciência corporal e de movimentos.
Assim, conseguiu-se constatar que o professor de Educação Física elaborará metodologias que respeitam o nível de desenvolvimento da criança, enfatizando atividades que irão aguçar seus aspectos cognitivos, sociais, afetivos e motores, integrando-os no estabelecimento de relações sociais, compreendendo o seu mundo vivido.
Os professores, de uma forma geral, mesmo possuindo especialização, devem ter práticas pedagógicas multifuncionais, ou seja, não podem ser somente repassadores do conhecimento sistemático, mas devem ser filósofos, sociólogos, psicólogos, psicopedagogos, recreacionistas e muito mais.
A temática apresentada por este artigo é de fundamental importância para a mudança de concepção sistemática, pedagógica e estrutural da Educação Infantil. Entretanto, novamente enfatiza-se que os principais desafios do professor a ser incluído na Educação infantil são evidentes na ausência de publicações sobre a questão, e também, na mudança de concepção destas escolas em desenvolver aulas de Educação Física sem o caráter recreativo, mas com a ministração de conteúdos que evidenciem e valorizem a cultura promotora do movimento corporal, que absorve as características específicas das crianças e adequando-se aos fundamentos da ginástica, dos jogos, das danças e das lutas.
Percebeu-se enfim, a importância da continuidade deste estudo, bem como as publicações abordarem essa necessidade do desenvolvimento pedagógico de um professor de Educação Física na Educação infantil, demonstrando aspectos de uma metodologia disciplinar específica para a clientela que compõe esse nível de ensino, e também, aspectos didáticos e éticos para o professor atuar com profissionalismo e respeito à dignidade da pessoa com quem irá atuar: as crianças.
Referências
ARRIBAS, Teresa Leixa. A educação física de 3 a 8 anos. 7 ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.
BRAID, Liana Maria Carvalho. Educação física na escola: uma proposta de renovação. São Paulo; Atlas, 2003.
FREIRE, João Batista. Educação de Corpo Inteiro: teoria e prática da Educação Física. São Paulo: Scipione, 2009.
GHIRALDELLI JR., P. Educação Física progressista: A pedagogia crítico-social dos conteúdos e a educação física brasileira. São Paulo: Loyola, 1988.
KISHIMOTO, T. M. O jogo e a educação infantil. São Paulo: Pioneira, 1994.
OLIVEIRA, Nara Rejane Cruz. Concepção de infância na educação física brasileira: primeiras aproximações. Revista brasileira de ciências do esporte. Campinas. Maio, 2005.
SANCHES, A. B. Educação física a distancia: módulo 2. Brasília: Universidade de Brasília, Faculdade de Educação Física, 2010.
SANTANA, Jaqueline de Oliveira. A Educação Física inserida na Educação Infantil: uma análise da realidade da disciplina nas escolas públicas infantis da cidade de Viçosa-MG. Efedportes.com, Año 13 – N° 120 – Mayo de 2008.
SOARES, Leôncio. Diretrizes Curriculares Nacionais: Educação Infantil. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.
* Licenciado em Pedagogia pela Universidade Vale do Acaraú. Graduado em Ciências da Computação com Licenciatura Plena em Matemática pela Universidade Santa Cecília (UNISANTA). E-mail: alexandresandim@hotmail.com