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O uso de jornais impressos na prática educativa para fomentar o ato de ler e escrever na EJA

O USO DE JORNAIS IMPRESSOS NA PRÁTICA EDUCATIVA PARA FOMENTAR O ATO DE LER E ESCREVER NA EJA

Lucila de Nazaré Rodrigues de Moraes *

Lucila Moraes*_ Professora da rede pública de ensino do Estado do Amapá. Licenciada plena em Pedagogia pela Universidade Federal do Amapá – UNIFAP. Especialista em Gestão Escolar. Cursando Pós Graduação Lato Sensu em Mídias na Educação pela Universidade Federal do Amapá – UNIFAP. Cursando pós graduação Scritu Sensu em Ciência da Educação pela Faculdade Integrada de Goiás-FIG.e-mail: luciramoraes@bol.com.br

Resumo: Este artigo tem o objetivo de investigar o uso de jornais impressos na prática educativa para fomentar o ato de ler e escrever na EJA em quatro escolas públicas. O procedimento metodológico utilizado fundamentou-se no estudo de caso, com pesquisa do tipo qualitativa e quantitativa com abordagem dialética. Concluiu-se o ponto central do processo de aquisição da leitura e escrita dos educando das classes EJA: ser a utilização do jornal impresso.

Palavras chave: EJA, Prática docente, Recursos didáticos, Jornais impressos.

Abstract:Abstract: This paperaims toinvestigate the use ofnewspapersin educational practiceto promotethe act of readingand writingin adult educationin fourpublic schools.The methodological procedureusedwas based on thecase studyto researchthequalitative and quantitativetypewithdialectical approach. The conclusion wasthe central point ofreadingand writingacquisition processofeducatingtheadult educationclasses:bethe useof the printed newspaper.
Keywords:adult education, teachingpractice,learningresources, printed newspapers.

 

Introdução

O artigo tem como enfoque principal a Educação de Jovens e Adultos (EJA), ou seja, o conjunto de processos de aprendizagens, formais ou não formais. Para o desenvolvimento do trabalho utilizou-se a pesquisa bibliográfica e a de campo, foram aplicados questionários a professores, alunos, técnicos e diretores da EJA pertencente as redes públicas do Estado do Amapá especificamente Macapá e Mazagão. O objetivo geral foi conhecer e analisar os métodos e práticas educativas aplicadas na EJA. A base teórica perpassa os estudos de Freire (1979), Fuck (1994) e Ferreiro (2001), as Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

 

Metodologia

Esse estudo tem como referenciais metodológicos, a pesquisa bibliográfica, a pesquisa documental e a de campo. A pesquisa bibliográfica consiste no estudo das teorias de Freire em Educação e Mudança (1979) e A experiência do MOVA (1996), Fuck em Alfabetização de Adultos (1994), Ferreiro em Reflexões sobre alfabetização (2001), entre outros, possibilitando, assim, um conhecimento teórico que servirá como alicerce para a fundamentação de conceitos que envolvam a prática educativa de jovens e adultos.

Discussão

Gráfico – 01:na visão do diretor/observa

Fonte: questionário de pesquisa aos diretores.

Observa-se que a grande maioria dos entrevistados raramente percebe a utilização de jornais em sala de aula como instrumento de estreitamento da realidade do aluno com o aprendizado da leitura, os outros vinte e cinco por cento nunca perceberam esse tipo de atividade.

É preciso que haja uma percepção maior por parte da gestão escolar em relação ao alunado, de forma que eles percebam este acompanhamento do seu desenvolvimento cognitivo.

A percepção dos técnicos quanto ao trabalho com a utilização de jornais em sala de aula/Você tomou conhecimento de algum material produzido na escola com a utilização de jornais escritos, revistas e livros na sala de aula?

Todos afirmaram que frequentemente os professores em sala de aula utilizam as notícias jornalísticas tanto impressas como televisiva para argumentar algum assunto e que intencionalmente instigam o aprendizado da leitura, escrita e a percepção crítica do aluno em relação a sua realidade e, que o material produzido é devolvido para o aluno após ser avaliado.

Para que a leitura passe a ter alguma função na vida do aluno, é preciso desaprender o estranhamento e o espanto frente a situações como as relatadas nos jornais e passar a incentivar iniciativas que proponham situações de aprendizado ao aluno.

O que diz o professor

Gráfico – 02: Os professores trabalham interdisciplinarmente?

Fonte: Questionário aplicado aos professores.

Observa-se no demonstrativo acima (gráfico – 02), que a maioria dos professores entrevistados, trabalha a interdisciplinaridade através da utilização de jornais escritos e/ou televisivos, com isso tornam a prática da leitura e escrita mais acessível, contribuindo para uma melhor leitura de mundo, onde são manifestos comentários e opiniões a respeito do que se ver, escreve e ler.

Através dos noticiários jornalísticos o professor poderá fazer uma ponte, elencando diversos assuntos, realidades, pontos de vista, sobre o que se vive no próprio contexto em relação a outras realidades, em outros estados, países, etc.

Gráfico – 03: O jornal é frequentemente usado na sala de aula?

Fonte: Questionário de pesquisa destinado aos professores.

Percebe-se que a utilização do jornal como aliado na construção do conhecimento ainda não foi efetivado, pois, 75% dos professores ainda não utilizam esse instrumento, porém, 25% dos professores já perceberam as vantagens na utilização desse instrumento que proporciona uma melhor metodologia no aprendizado da leitura, escrita e desenvolvimento crítico do aluno dentro e fora da escola.

Dessa forma, é necessário que em sala de aula o professor trabalhe leituras que facilitem o entendimento da leitura e escrita assim como, o desenvolvimento de suas capacidades cognitivas e autocrítica, para que a socialização de informações seja gerada no próprio contexto da sala através de revistas e jornais informativos.

O que o aluno fala sobre a utilização do jornal em sala de aula.

Levantamos em consideração o total de alunos existentes nas turmas selecionados pela equipe, e extraímos os respectivos resultados: Foram observados os seguintes critérios: faixa etária, sexo, etapas e nível. Foram envolvidas em quatro escolas, Escolas Estaduais de Educação Popular Paulo Freire, em Macapá; Escola Municipal Pará, também em Macapá; Escola Estadual Manoel Queiroz Benjamim em Mazagão e Escola Estadual Murilo Braga em Mazagão. O objetivo era abranger todas as etapas, no sentido de emprestar à pesquisa a validade e a confiabilidade necessária à construção dos objetivos propostos.

Assim, entrevistamos 47 (quarenta e sete) alunos das quatro escolas envolvidas no projeto, observando as categorias já expostas.

          Gráfico – 04: O jornal é frequentemente usado na sala de aula?

Fonte: Questionário de pesquisa destinado aos alunos.

De acordo com o demonstrativo acima (gráfico – 04), a utilização de jornais e revistas escritos e/ou televisionados como forma de incentivar o aprendizado da escrita e leitura, assim como o desenvolvimento crítico do pensamento do aluno, ainda não está sendo efetivada pelos professores da maneira como poderia ser. A utilização desses argumentos poderá facilitar uma maior aquisição e mais consistente do ensino da leitura, escrita e desenvolvimento das relações sociais

Gráfico 5: Você gosta de ler revistas, jornais e livros?

Fonte: Questionário de pesquisa aos alunos.

Conforme os dados, 53,19% dos alunos pesquisados afirmaram sim, gostam de ler jornais, revistas e outras literaturas, e que a aula fica mais descontraída quando o professor aborda temas atuais que ocorrem no cotidiano do aluno, política, economia e principalmente policial, além de revistas em quadrinhos e folhetos de piadas. Através dessas leituras o aluno durante o intervalo suscita comentários do que ocorreu em sala de aula, gerando socialização de conhecimentos.

Percebe-se um índice significativo de alunos que têm dificuldades em concentrar-se diante de um texto seja em jornais, revistas ou qualquer outro o que se atribui ao não incentivo dos professores quando em sala de aula, abrem mão de argumentações jornalísticas atualizadas que convergem com a realidade vivenciada pelo aluno-leitor.

Dessa forma, a alfabetização da EJA, pode ser mais bem compreendida dentro da “experiência do MOVA” de FREIRE (1996) que, ao explicar o processo de alfabetização, enfatiza que o processo de aquisição da língua escrita se dá em um contexto discursivo de interlocução e interação, através da elucidação crítica da realidade, levando o educando a tornar-se um cidadão cônscio de seu papel na sociedade global.

CONCLUSÃO

Após fazer a análise e refletirem sobre os dados obtidos na pesquisa, podemos concluir que as práticas educativas desenvolvidas na EJA no município de Macapá e Mazagão não são adequadas ao contexto e às necessidades educativas da clientela, pois, entre os materiais didáticos utilizados nessa modalidade, o jornal é o ponto cêntrico para o processo da aquisição da leitura e escrita.

REFERÊNCIAS
BRASIL. MEC. Lei de Diretrizes e Bases da Educação9394/96. Brasília, 2002.

______. Plano Nacional de Educação. Brasília, 2002.

______.Lei de Diretrizes e Base da Educação nº. 5692 de 11.08.71, capítulo IV. Ensino Supletivo. Legislação do Ensino Supletivo, MEC, DFU, Departamento de Docu-mentação e Divulgação, Brasília, 1974.
FREIRE, Paulo. Educação e mudança. tradução de Moacir Gadotti e Lillian Lopes Martin. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.
______. A experiência do MOVA. Ministério da Educação e Desporto. Instituto Paulo Freire; São Paulo, 1996.
FUCK, Irene Terezinha. Alfabetização de Adultos. Relato de uma experiência construtivista. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1994.
FERREIRO, Emília. Reflexões sobre alfabetização. Tradução Horácio Gonzales et al., 24. ed. Atualizada. São Paulo: Cortez, 2001.

 

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