Conselho de Classe: Um Diagnóstico da Realidade Escolar
Lucila De Nazaré Rodrigues de Moraes*
Resumo: O artigo teve objetivo de analisar as necessidades e orientações para efetivação do Conselho de Classe na E. E. Prof. Gabriel Almeida Café em Macapá-AP, a metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica, documental e a de campo com o método de abordagem dialética. Os dados foram coletados através de observações e entrevista estruturada, sendo interpretados comparativamente. Concluiu-se que o Conselho de Classe é todo estruturado no papel, mais que na prática não foi efetivado.
Palavras-chave: Conselho de Classe,,Coordenação pedagógica, Conhecimento, Aprendizagem, Colegiado, Ação coletiva.
Abstract: This article aimed to analyze the needs and guidelines for realization of the Class Council in EE Prof. Gabriel Almeida Coffee in Macapa-AP, the methodology used was a bibliographical research and the field with the dialectic method of approach. Data were collected through observations and structured interviews, being interpreted comparatively. It was concluded that the Class Council is all structured on paper rather than in practice was not effected.
Key-words: Class Counsel – Pedagogical Coordination – Knowledge – Apprenticeship . Scholarship – Collective action.
Introdução
Com o rápido desenvolvimento educacional verificado nos últimos anos, o mundo vem experimentando um novo processo de modificação dos paradigmas educacionais. Este é o período que vem sendo denominado de “Era do Conhecimento”, no qual se apresentam como dominantes aqueles que têm uma formação adequada e condizente com as necessidades do mundo moderno; e nesse contexto de rápida evolução, e para atingir a eficiência exigida, torna-se necessário a reestruturação e readaptação de todos os setores sociais, sendo assim o trabalhador também tem que ser flexível e polivalente capaz de se adaptar às mudanças e demandas da educação, de forma que o colegiado, Conselho de Classe seja a mola mestra, que venha a suprir, servir de base, detalhar informações, enfim, servir de diagnóstico para tomadas de decisões de gestores e técnicos das instituições de ensino visando garantir com que os educandos estejam frente às transformações. Isso significa que o sistema educacional também deve ser modificado para acompanhar esse novo paradigma social, considerando, no entanto, não apenas as necessidades de formação profissional, mais a de um cidadão capaz de interferir nesse modelo.
Essas necessidades passam a exigir uma educação mais voltada para o aprendiz deve passar a ser, portanto, o centro do sistema, deve ter um papel mais ativo em sua própria aprendizagem, em que a estrutura educacional deve estimulá-lo, dar-lhes meios e condições para esse aprendizado. Isso significa que é o educando o agente construtor do seu conhecimento em um ambiente cooperativo, em interação com o professor e colegas, respeitando suas individualidades. O professor passa a ser, portanto, o indutor ou facilitador dessa aprendizagem, indicando-lhe os caminhos e os meios que possam ajudá-lo em seu crescimento como indivíduo e como cidadão.
Conforme Dalben[1]. Que, em sua obra[2] diz que o conselho de classe como instância na organização do trabalho escolar, tem uma razão de ser, sugere caminhos: o primeiro relaciona-se ao seu caráter de instância coletiva, procurando-se, assim, um corpo de ideias que apontaria para a valorização de organização dessa natureza; o segundo relaciona-se à sua institucionalização formal no trabalho escolar, levando-o a integrar os órgãos componentes da escola. (P21).
Portanto, a estruturação e implantação do Conselho de Classe podem ser aproveitadas com bastante propriedade no desenvolvimento de um novo paradigma educacional fundamentado na construção cooperativa do conhecimento pelo educando, de forma que possamos crer que a pessoa cresça como indivíduo, cidadão e profissional competente para se inserir e modificar esta sociedade, promovendo a redução das distâncias sociais que assolam nosso país.
Para este artigo foi utilizado como base para nossas ações a E. E. Professor Gabriel de Almeida Café[3]. A Escola campo escolhida enfrenta diversos desafios, e dentre os problemas detectados percebe-se uma grande necessidade de ser efetivado um trabalho voltado à questão da efetiva atuação do Conselho de Classe, visto que este só existe no papel.
O objetivo geral que o direciona é de apresentar as necessidades e orientações para efetivação deste conselho (existente só no papel) na referida escola, fortalecendo assim a integração de alunos, professores e administração escolar, baseado nas atividades desenvolvidas pelo mesmo, de modo a resultar em melhoria da aprendizagem dos educandos e articular o Conselho de classe com os diversos setores escolares despertando o interesse e o comprometimento de todos, na promoção de ações integradoras e facilitadoras das atividades desenvolvidas no âmbito escolar.
Metodologia
O artigo teve como procedimentos metodológicos, a pesquisa bibliográfica, a pesquisa documental e a de campo. A pesquisa bibliográfica consistiu no estudo das teorias de DALBEN, A. I. L. F. Conselhos de Classe e Avaliação: Perspectiva na Gestão pedagógica da escola; DEMO, P. & GANDIN, D. e Cruz C. H. C. & MORIN, E. & PERRENOUD, Philippe _ Conselho de Classe: Espaço de Diagnóstico da Prática Educativa Escolar; GANDIN, D. & Carrilho Cruz, C. H. Planejamento na sala de aula, entre outros, possibilitando, assim, um conhecimento teórico que servirá como alicerce para a fundamentação de conceitos que envolvam Conselho de Classe.
O desenvolvimento da pesquisa consistiu na leitura de autores que desenvolveram pesquisas que perpassam a temática em estudo, a fim de embasar teoricamente este. Já a pesquisa documental serviu para análise, implementação e regularização do Conselho de Classe na escola campo. Essa modalidade de pesquisa permitiu analisar documentos que se constituíram em dados ricos e estáveis, podendo ser obtidos sem um contato direto com o sujeito da pesquisa. Ademais a referida pesquisa foi conduzida através do Método de Abordagem Dialética, que segundo Vianna (2001), permite a interpretação dinâmica da realidade.
Fachin (apud Severino, 2002: p.125) chama atenção para a importância da pesquisa bibliográfica, ao afirmar que “é a base para as demais pesquisas e pode-se dizer que é um constante na vida de quem se propõem a estudar”.
É aceitável afirmar que, o bem-estar físico, mental, social e intelectual passa, sim, pela educação, mas não por qualquer tipo de educação é perfeitamente perceptível que, onde existem relações humanas há uma educação de saberes.
Contudo como diz Barcellos (2001: 24) A escola é o lugar por excelência, onde nasce um jeito próprio e específico do ato educativo no momento em que as gerações hierarquizam valores e experiências, ligações concretas de amor, paz e de cidadania.
Com isso, durante o período de investigação, houve bastante diálogos com toda a comunidade escolar, e após esse estudo a sugestão são ações para efetivação do Conselho de Classe na referida Escola.
Discussão
Quando se faz uma retrospectiva do contexto histórico segundo Segundo Rocha (1986), o conselho de classe tem sua origem na França por volta de 1945, surgindo pela necessidade de um trabalho interdisciplinar com classes experimentais. Por ocasião da reforma de ensino francesa de 1959, foram instituídos três tipos de conselhos: o Conselho de Classe, no Âmbito da turma; o Conselho de Orientação, no âmbito do estabelecimento; e o Conselho Departamental de Orientação, em esfera mais ampla.
Essa reforma almejava declaradamente “organizar um sistema escolar fundado na observação sistemática e contínua dos alunos, com vistas a oferecer, a cada um, o ensino que correspondia a seus gostos e aptidões”. (ROCHA, 1986, p. 19)
Os pareceres desse conselho de classe serviriam para orientar o acesso dos alunos às diversas modalidades de ensino (clássico e técnico) conforme as “aptidões” e o “caráter” aí observados. Essas informações seriam, posteriormente, levadas aos conselhos de orientação, para serem transmitidas às famílias.
Considera-se discutível a atuação pedagógica desses conselhos, centrada na avaliação classificatória, determinando a vida futura do aprendiz, papel bastante dirigido para os objetivos do sistema de ensino francês no período.
De acordo Dalben (2004)[4] “a experiência francesa foi vivida por dez educadores brasileiros estagiários em Serves, em 1958; entre eles, Laís Esteves Loffredi e Myrthes de LuccaWenzel, que trouxeram a ideia do Conselho de Classe para o Brasil, sendo o Rio de Janeiro o estado pioneiro em sua implantação, a qual se deu no Colégio de Avaliação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (CAP)”.
- CONCEITODOCONSELHO DE CLASSE
Para Dalben (2004): “o Conselho de Classe é um órgão colegiado, em que vários professores das diversas disciplinas, juntamente com os coordenadores pedagógicos, reúnem-se para refletir e avaliar o desempenho pedagógico dos alunos das diversas turmas, séries ou ciclos”. (p.31).
Conselho de Classe é uma reunião avaliativa em que diversos especialistas envolvidos no processo ensino-aprendizagem discutem acerca da aprendizagem dos alunos, o desempenho dos docentes, os resultados das estratégias de ensino empregadas, a adequação da organização curricular e outros aspectos referentes a esse processo, a fim de avaliá-lo coletivamente, mediante diversos pontos de vista.
Nesse sentido, tem como objetivo fazer com que os professores reflitam sobre a aprendizagem dos alunos e o processo de ensino. Favorecendo uma avaliação mais completa do discente e do próprio trabalho docente, proporcionando um espaço de reflexão sobre o trabalho que está sendo realizado e possibilitando a tomada de decisão para um novo fazer pedagógico, favorecendo mudanças e estratégias mais adequadas para a aprendizagem de cada turma e/ou aluno.
Conclusão
O artigo procurou contribuir no sentido de que as escolas tenham direcionamentos mais concretos para implantação e efetivação do Conselho de Classe e que este venha trazer resultados significativos para mudanças ou novas tomadas de decisões, além do direcionamento mais efetivo de ações didáticas e pedagógicas, que promovam assim, sua melhoria de vida.
Sugere-se que seja repensada a estrutura do conselho de classe, para dar mais sentido e coerência ao processo de avaliação e assim a escola venha a inovar a sua pratica educativa.
Portanto, conclui-se que a escola campo investigada necessita de uma gestão pedagógica que permitam ciclos de estudos sobre o Conselho escolar, pois constatou-se que o referido colegiado só existe no registro, mas de fato é inexistente na prática.
É importante que a escola efetive o mais breve possível o conselho de classe, pois somente a efetivação poderá contextualizar ações coletivas com relação ao diagnóstico do aluno e enriquecimento no currículo escolar, voltado para práxis pedagógica e com ação políticas de mudanças das relações sociais.
Referências
DALBEN, A. I. L. F. Conselhos de Classe e Avaliação: Perspectiva na Gestão pedagógica da escola _Campinas, SP: Papirus, 2004. – (Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico)
DEMO, P. & GANDIN, D. e Cruz C. H. C. & MORIN, E. & PERRENOUD, Philippe _Conselho de Classe: Espaço de Diagnóstico da Prática Educativa Escolar, 7 Editoração: Arena Criações & Internet -www.aecbrasil.org.br – (Coleção Fazer e Transformar)
GANDIN, D. & Carrilho Cruz, C. H. Planejamento na sala de aula. Porto Alegre:Gráfica La Salle, 5ª ed.,1995. 112p.
[1]Dalben, Ângela Imaculada Loureiro de Freitas
[2]Conselhos de Classe e Avaliação: Perspectivas na Gestão Pedagógica na Escola
[3]Av: Fab nº 0091 – Bairro Central .
[4]Dalben, Ângela Imaculada Loureiro de Freitas _Conselho de Classes e Avaliação:Perspectivas nagestão Pedagógica da escola _ Campinas,SP: Papirus, 2004 _ (Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico)