Educação Educação Educação de Adultos

A Educação de Jovens e Adultos e a inserção do Computador no cotidiano do aluno no ambiente escolar

A Educação de Jovens e Adultos e a inserção do Computador no cotidiano do aluno no ambiente escolar

 

Josafá Reis Trindade*

Josafá Reis Trindade – Bacharel e Licenciado em História pela Universidade Federal do Amapá. Professor de História na rede pública estadual. E-mail: reijoseph1@gmail.com

Resumo: O artigo procura enfatizar a usabilidade dos novos meios tecnológicos, em especial o computador, a ser utilizado como instrumento pedagógico pelos professores da Educação de Jovens e Adultos – EJA, inovando sua metodologia de trabalho dentro do processo educativo. Percebe-se que a inserção deste instrumento como ferramenta pedagógica, ajuda o aluno a galgar novos conhecimentos, bem como torná-los capazes de interagir com os conteúdos trabalhados em sala de aula de maneira prazerosa.

Palavras Chaves: Educação de Jovens e Adultos, Tecnologias da Informação e Comunicação, Computador, Aluno.

Summary : The article seeks emphasize the usability of new technological means in particular the computer, to be used as a pedagogical tool by teachers of Education of Young People and Adults – EJA, innovating their methodology of work within the educational process. It is perceived that the insertion of this instrument as pedagogic tool, helps the student to climb new knowledge, as well as, make them able to interact with the content worked in the classroom so enjoyable.

Key words: Education of Young People and Adults. Information and Communication Technologies. Computer. Student.

Introdução

 

         No mundo em que vivemos o avanço tecnológico caminha a passos longos e os professores não podem ficar à margem desses avanços, portanto, a introdução desses no cotidiano do aluno pode trazer resultados satisfatórios para a educação. Nesse sentido, o presente trabalho tem como principal objetivo a análise de como o uso do computador pode auxiliar o processo ensino/aprendizagem e contribuir na motivação dos alunos, bem como sua qualificação para o mercado de trabalho. Precisa-se pensar em tecnologia como o “conjunto de conhecimentos e princípios científicos que se aplicam ao planejamento, à construção e à utilização de um equipamento em um determinado tipo de atividade.” (KENSKI, 2007, p.24).

         Vale salientar que a Educação de Jovens e Adultos (EJA) é oferecida para todos os níveis da Educação Básica àqueles que porventura não completaram seus estudos na faixa etária correspondente. “A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudo no ensino fundamental e médio na idade própria” LDB/96, art.37 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação).

         É notório que são muitas as dificuldades encontradas nos cursos da EJA, e uma destas é o grande número de evasão escolar no decorrer do ano letivo motivados por diversos fatores, como o deslocamento de localidade, mudança na escala de trabalho, dificuldade na aprendizagem e professores que nem sempre estão preparados para lidar com esse tipo de público escolar.

         Neste contexto, o uso do computador no espaço escolar somará com outras ferramentas já utilizadas no cotidiano a fim de motivar o ensino-aprendizagem, no qual o professor atuará como mediador dos conhecimentos que o jovem e o adulto já possuem acerca das tecnologias da informação e da comunicação digital. Fazer com que seus conteúdos se tornem significativos e integrados e que o computador não se torne um instrumento apenas para receber informações, e sim seja aproveitado como fonte de pesquisa, de criação e de ampliação, voltado ao cotidiano do jovem e adulto, expandindo o conhecimento coletivo e comunicação em rede.

O computador como ferramenta de ensino

 

         Na atualidade, é inconcebível pensar em educação sem a presença das novas tecnologias, em especial os computadores. Estes estão presentes na maioria dos processos de produção e para a educação não é diferente, pois cada vez mais estudantes e professores fazem uso das ferramentas digitais ofertadas pelos sistemas operacionais e internet.

         A escola como um todo precisa preocupar-se com a questão do uso de novas tecnologias a serviço da educação. Precisamos aproximar os alunos do computador mostrando suas potencialidades e limitações, ensinando-os a utilizá-lo. Não basta apenas que o aluno da EJA tenha lembranças das informações que lhes foram repassadas, é preciso que este adquira habilidade e desejo de utilizar os novos instrumentos tecnológicos em seu processo de aprendizagem, e dessa forma crescer como aluno e cidadão.

Para Castro Machado, “a pedagogia das certezas está sendo substituída por uma pedagogia do problema” (MACHADO, 2004 P.7) onde o saber pré-fixado é deixado de lado dando lugar à busca da informação para a construção contínua do conhecimento. É nesse contexto que o computador deve ser inserido na educação, como uma ferramenta da sociedade tecnológica que pode ser usada para auxiliar a condução do aluno na busca prazerosa da descoberta.

         Todavia, sabe-se que o aluno não chega à escola como uma folha em branco, ele já traz consigo conhecimentos empíricos que podem e devem ser levados em consideração no âmbito de sua vida escolar. Nesse sentido, Paulo Freire enfatiza que, na educação democrática, educador e educando têm saberes e a relação entre eles é geradora de novos saberes, diferentemente da educação “bancária” na qual o aluno não possui nenhum saber (FREIRE, 2005, p.67). Ou seja, é preenchido pelo saber repassado pelo professor.

         A escola ao implantar esta concepção faz com que os alunos, advindos de classes menos favorecidas “dominadas”, não consigam acompanhar tal ponto de vista, pois o estabelecimento escolar se esquiva de suas realidades, suas vivências e experiências, assim sendo, esses alunos acabam sendo induzidos a acreditarem que são incapazes, menos inteligentes e que a escola não é seu lugar, assim, acabam abandonando-a.

         A escola deve assumir o papel de adaptar-se às necessidades deste público estudantil (EJA) e aos poucos inserir junto a eles os novos recursos tecnológicos, analisando sobre a concepção, de aprendizagem, com utilização dessas tecnologias na prática escolar. É papel da escola preparar os alunos para pensar, resolver problemas e responder de maneira rápida às mudanças ocorridas no cotidiano.

         Portanto, a utilização do computador por parte do educando pode abrir oportunidades, constituindo um novo recurso pedagógico, no qual é possível enriquecer as aulas utilizando esse recurso tecnológico. Para isso, basta que tenhamos a coragem de inovar e utilizar tais tecnologias de maneira integrada aos objetivos e conteúdos didáticos no processo de ensino-aprendizagem, pois, a partir da utilização do mesmo, pode-se criar atividades interessantes que podem oportunizar a aprendizagem reflexiva, problematizadora, interativa, capaz de desenvolver no educando uma postura crítica.

         Diante do exposto, percebe-se que o contato do aluno com o novo pode causar sentimento de recusa, insegurança, entre outros. Isso não é próprio somente do aluno, visto que esta mesma observação pode ser constatada também em grande parcela de professores. Percebe-se que uma das maiores dificuldades da não utilização desse recurso tecnológico (computador) por essa parcela de professores é o fato dos mesmos não estarem preparados para utilizá-los. Isso faz com que os mesmos resistam à inserção desse recurso como prática pedagógica no ensino-aprendizagem.

         Portanto, é preciso que haja um engajamento maior por parte de todos que atuam no ambiente escolar a fim de colocar tais instrumentos a serviço do aprendizado estudantil.

O professor e os novos desafios da tecnologia para prática de sala de aula

         Atualmente, vive-se uma revolução tecnológica que remete à transformação do pensamento, da ação e de nossa conduta. Percebe-se o surgimento de um novo cenário mundial. Neste novo contexto que se apresenta, o fator tecnológico assume papel de destaque, haja visto, que o uso desse fator tornou-se comum no dia-a-dia. Os professores se apropriam de tais instrumentos como computadores, Internet, Datashow, entre outros recursos tecnológicos com o intuito de facilitar o aprendizado, bem como estimular o aluno a estudar. Segundo Viviane Curto, “a utilização do computador em sala de aula configura-se como um recurso valioso para o tratamento da diversidade constitutiva da realidade em que vivemos e para o trabalho com vários letramentos de forma crítica e ativa.” (CURTO, 2009, p. 2). Portanto, o estudo passa a ser mais prazeroso. Sabe-se que de início a utilização do computador na EJA pode parecer algo amedrontador, mas nada que não possa ser explorado para se obter bons resultados.

         É preciso também que o professor esteja preparado para lidar com esse segmento da educação, não se pode manter as mesmas estratégias aplicadas no ensino regular, haja visto que esse novo público é diferenciado, tanto pelos momentos em que ficaram afastados da escola, como pelas experiências adquiridas nesse período extraclasse. Segundo Álvaro Pinto, “o compromisso da escola é, sobretudo, o de assegurar a seus estudantes os instrumentos necessários para a participação ativa e cidadã no contexto em que estão inseridos” (PINTO, 2000, p.29). Neste sentido, cabe ao professor da EJA estimular os alunos a vencer o medo frente às novas tecnologias e incentivá-los a fazer uso de tais instrumentos.

Considerações Finais

         Diante do exposto, percebe-se que na atual sociedade é imprescindível a introdução das novas tecnologias no ambiente escolar. E é nesse contexto que a utilização do computador como recurso pedagógico no cotidiano dos alunos da Educação de Jovens a Adultos pode trazer resultados significativos, conduzindo-os na busca do conhecimento e de novas descobertas de maneira prazerosa. Percebe-se que, nos dias em que seria usado o computador, os alunos se sentiram mais motivados a participar das atividades. E o papel do professor é revelar ao aluno as vantagens que esse pode trazer a sua vida dentro da sociedade e as conquistas que este poderá lhe proporcionar com as novas descobertas. Porém, é preciso que se tenha consciência que tais vantagens dependem do uso adequado do instrumento em questão.

Para se tirar proveito desse meio tecnológico que se apresenta em todos os ambientes de nossa vida social, faz-se necessário que se tenha compreensão do material em questão e que seu manuseio seja aplicado de maneira correta e responsável, procurando fazer a diferença entre conceito de aprendizagem e conceito de ensino. Portanto, diante das mudanças que vêm acontecendo nos últimos anos, é preciso que o professor procure inovar suas aulas, sua maneira de agir, enfrentar os desafios procurando incentivar os alunos para recorrerem aos recursos tecnológicos. Uma vez que a presença dos mesmos se tornou marcante em nossa sociedade na qual o educador é parte integrante e a maneira de atuação do professor no cotidiano escolar é fator essencial para uma efetiva aprendizagem.

Referências

 

BOVO, Vanilda Galvão. O uso do computador na educação de jovens e adultos. Rev. PEC, Curitiba, v.2, n.1, p.105-112, jul. 2001-jul. 2002

BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília: Senado Federal, 2000.

CURTO, Viviane. Trabalhando com o computador na EJA: uma análise dos relatos das práticas pedagógicas em meio digital com jovens e adultos. Disponível em: <www.ufpe.br/nehte/…/anais/p…/trabalhando-com-o-computador-na-eja.pdf>. Data de acesso: 17/10/2010

FERREIRA, Simone de Lucena & BIANCHETTI, Lucídio. As tecnologias da informação e da comunicação. Revista da FAEEBA – Educação e Contemporaneidade, Salvador, v. 13, n. 22, p. 241-474, jul./dez., 2004.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.

FUGIMOTO, Sonia Maria Andreto; ALTOÉ, Anair. O Computador na Sala de Aula: O Professor de Educação Básica e sua Prática Pedagógica. Disponível em:< http://www.ppe.uem.br/publicacoes/seminario/pdf/2010/014.pdf>. Acesso em: 29/10/2014 às 16:06

KENSKI, Vani Moreira. Educação e tecnologias: o novo ritmo da informação. Campinas, SP: Papirus, 2007.

MACHADO Elian de Castro; SOARES, Clovis e FILHO, Sá. O computador como agente transformador da educação e o papel do objeto de aprendizagem. Uni>vérsia |BRASIL: Notícias de atualidade. 2004. Disponível em:< http://noticias.universia.com.br/destaque/noticia/2004/12/17/493049/omputador-

PINTO, Álvaro Vieira. Sete lições sobre educação de adultos. 11 ed. São Paulo: Cortez, 2000.

* Bacharel e Licenciado em História pela Universidade Federal do Amapá. Professor de História na rede pública estadual. E-mail: reijoseph1@gmail.com

Deixe um comentário